O Pastor da Assembleia de Deus foi indiciado em operação da polícia federal acusado de ter recebido valores ilícitos vindos dos royalties do petróleo e de ter participado de esquema de lavagem de dinheiro. Ele foi levado em dezembro para prestar depoimento por condução coercitiva feita pela PF.
sexta-feira 24 de fevereiro de 2017 | Edição do dia
Muito conhecido não apenas pela sua atividade "religiosa", mas também por vociferar nas redes sociais contra a esquerda, as mulheres e os LGBTs, Malafaia agora está na mira da justiça.
De acordo com as investigações da Polícia Federal, um cheque no valor de R$ 100 mil do escritório de advocacia de Jader Pazinato foi depositado na conta de Malafaia. O advogado é investigado por receber recursos ilícitos de prefeituras e repassar propina.
Na época de sua condução coercitiva, Malafaia afirmou em entrevista que um colega de outra igreja lhe apresentou a um empresário que queria lhe fazer uma "oferta pessoal" a ser depositada em sua conta. O pastor, segundo sua versão, não se interessou em saber de onde vinha essa modesta doação de cem mil reais. Talvez "as graças de deus" sejam tão fartas nos bolsos de Malafaia que doações de cem mil reais, feitas pela boa vontade de empresários comovidos com a pregação do pastor homofóbico sejam muito comuns.
A Operação Timóteo, que indiciou Malafaia, apura um esquema de corrupção que desviava recursos em cobranças judiciais de royalties da exploração mineral (65% da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais - CFEM - que deveria ser paga aos municípios). A hipótese dos policiais é que Malafaia tenha fornecido contas de sua igreja para esconder a origem ilícita do dinheiro.
O abençoado pastor forneceria assim, a graça divina de sua conta para o esquema de lavagem de dinheiro. E reserva suas bravatas coléricas contra a corrupção para petistas e afins, enquanto seus fartos bolsos ilustram a graça de ser pastor da Assembleia de Deus.
Tendo sido um dos mais entusiastas celebradores da condução coercitiva de Lula, ele mostrou que quando o arbítrio da justiça chega à sua porta as coisas são diferentes. Veja um vídeo que circulou nas redes em que se compara a declaração que fez na época da condução de Lula, com as postagens do pastor no dia em que ele próprio foi levado coercitivamente para depor:
Comentando a organização de Pazinato, que envolvia também Alberto Jatene, filho do governador do Pará, Simão Jatene, e Marco Antônio Valadares, ex-diretor do DNPM e outras 47 pessoas, o delegado Leo Garrido disse: "Considerando toda a engrenagem criminosa, com estrutura ordenada que passa por quatro etapas distintas – da captação dos contratos até o branqueamento dos valores – tendo os personagens de cada uma delas funções específicas, concluímos que são fartos os indícios da existência de verdadeira ORCRIM (organização criminosa), responsável pelo desvio de pelo menos R$ 66 milhões”.
E a igreja de Malafaia não é a única abençoada nesse esquema de corrupção: a Igreja Embaixada do Reino de Deus também foi agraciada com R$ 1,7 milhão. A "toda poderosa" Polícia Federal, que também se beneficia de inúmeros privilégios para "brincar de deus" decidindo quais corruptos serão investigados e se e como serão punidos, fez referência a trechos bíblicos para dizer que Malafaia "caiu em tentação".
