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REINO UNIDO | Parlamento britânico aprova bombardeio à Síria

O parlamento britânico votou na noite passada a favor da proposta apresentada pelo governo de David Cameron de lançar ataques aéreos contra alvos do Estado Islâmico em território sírio. Durante mais de 10 horas de tenso debate, com trabalhistas a favor do “sim” e conservadores a favor do “não”, discutiu-se hoje a possibilidade de lançar ataques aéreos contra alvos do EI em território sírio.

Alejandra RíosLondres | @ale_jericho

quinta-feira 3 de dezembro de 2015 | 22:59

Logo após o fracasso de 2013, no qual o governo perdeu uma proposta similar, Cameron se assegurou de contar com o apoio necessário antes de convocar À votação dos deputados. Desde antes do plenário já se conhecia que a balança inclinava-se majoritariamente pela proposta de David Cameron, no entanto isso não diminuiu as disputas no plenário. A votação aconteceu às 22h30, hora local, após 157 deputados (87 trabalhistas e 70 tories) intervirem no plenário.

O Primeiro Ministro pressionou o parlamento para votar a favor da medida que qualificou como “legal e necessária para manter seguro o nosso país” após colocar que a questão era “se o Reino Unido devia ir à procura dos terroristas no seu terreno de operações, desde onde estão planejando assassinar cidadãos britânicos ou deviam esperar sentados os ataques”

O plenário abriu com um “impasse político” de Cameron, que na tentativa de convencer os indecisos, acusou o líder da oposição, Jeremy Corbyn, e os opositores da incursão aérea de serem “um bando de simpatizantes dos terroristas”

Ao longo da jornada, em doze oportunidades, deputados da oposição exigiram do Cameron um pedido de desculpas por ter utilizado esta expressão para se referir aos contrários à intervenção. Porém, o mandatário britânico recusou-se e disse que tratava-se de um comentário privado. Entre outros, o deputado do Partido Nacional Escocês e ex Primeiro ministro desse país, Alex Salmond, definiu as declarações como “insultantes”.

A bancada trabalhista estava dividida sobre a moção de ampliar ataques aéreos à Síria, com destacados deputados dispostos a votar “com modificações” a proposta de Cameron de enviar Tornados britânicos sobre a Síria. Entre eles encontra-se Hilary Benn que qualificou ao Estado Islâmico de ser um regime fascista, igual aos de Adolf Hitler e Francisco Franco, aos quais era preciso vencer.
O líder do trabalhismo respondeu: “A questão de fundo é se a ampliação dos bombardeios do Reino Unido de Iraque a Síria vai reduzir ou aumentar a ameaça no Reino Unido, e se irá combater ou estenderá a campanha do terror que o EI está levando a frente no Oriente Médio”.

Um dia de protestos

Desde cedo nas redes sociais viralizou o “#Don’tBombSirya” (Não bombardeiem Síria) acompanhado com fotos dos protestos de anteontem. Segundo os dados publicados por YouGov menos da metade dos votantes britânicos apoia os ataques aéreos contra o Estado Islâmico na Síria.

Uma enquete feita pelo The Times concluiu que 5 milhões de pessoas mudaram de opinião na última semana e agora são contrários à ação militar.

Às 18 horas, hora local, ativistas contra a guerra, jovens, terceira idade e todas as etnias começaram a se concentrar em frente ao parlamento em repúdio à ofensiva militar. Escutavam-se os gritos “Votem não!, Não queremos outra guerra!”, “Cameron, deveria ter vergonha!”

Com cartazes improvisados, os manifestantes cantavam: “Votem não! 1,2,3,4, não queremos outra guerra” 5,6,7,8, parem de matar!” “Não mais ódio!” “Cameron você é um merda!” “Dizemos: bem-estar, bem-estar, bem-estar!”. Com esses cantos uma centena de manifestantes contra a guerra protagonizaram uma “die-in” como é conhecida a ação de sentar-se no chão simulando estar mortos em representação de todas as vítimas inocentes.

Por volta das 22h25min, hora local, após ter sido anunciada que a moção de emendar a proposta do governo que bloquearia a incursão da força aérea perdeu por 211 contra 390, todos os manifestantes se jogaram no chão em frente ao parlamento.

Com a pontualidade britânica, às 22h30 foi anunciado o resultado: 397 a favor da proposta do governo de Cameron de ampliar a zona dos bombardeios e 223 contrários. Como resultado do plenário, em questão de horas já começou a ofensiva aérea dos aviões britânicos em território sírio. Mais uma vez o parlamento britânico leva o povo trabalhador e a maioria da população a uma guerra não desejada nem apoiada por estes.




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