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DEPOIS DO 19J | Parar o país para derrubar Bolsonaro e Mourão

Todos sabemos que com atos mensais contra Bolsonaro não vamos derrotar o governo. Os atos têm que ser parte de um plano de conjunto, para que pese na balança a força que está nas mãos da classe trabalhadora: parar o país, até varrer da política Bolsonaro, Mourão e os militares.

Thiago FlaméSão Paulo

sexta-feira 25 de junho de 2021 | Edição do dia

Bolsonaro se sustenta no poder graças ao apoio que ainda conserva nas finanças, no agronegócio e na indústria. Eles vão fazer de tudo para manter o governo enquanto esse for capaz de aprovar as reformas, privatizar e atacar os direitos sociais. E comemoram que Bolsonaro conta com pelo menos 20% de apoio popular para qualquer coisa grotesca que fale ou faça, inclusive acabar com a aposentadoria, privatizar a Eletrobrás etc. Caso se torne inviável politicamente, os donos do país já tem o plano B para levar adiante sua obra de destruição até 2022: impeachment ou alguma outra forma de deposição e Mourão presidente.

Para os organizadores da campanha #ForaBolsonaro, o PT, PCdoB, PSOL, CUT, UNE, CTB, Boulos e a Frente Povo Sem Medo, as manifestações pelo Fora Bolsonaro obedecem a uma tática de acumulo de forças e desgaste eleitoral, preparando as melhores condições para derrotar Bolsonaro nas urnas em 2022. Sua estratégia, como bem mostrou a ida de Marcelo Freixo para o PSB, partido que apoiou o golpe em 2016 e tem parlamentares que votam a favor das privatizações do governo federal é chegar num acordo com o mercado financeiro e dividir o centrão, minando a base parlamentar do governo. Em uma palavra, pretendem demonstrar que são melhores e mais seguros para o lucro dos bancos no longo prazo do que o governo Bolsonaro.

Uma analise fria da situação, no entanto, leva a conclusão de que em 2022 talvez Bolsonaro esteja mais forte do que agora. A economia vive uma leve recuperação, partindo de um ponto muito baixo e a campanha de vacinação, ainda que lentamente, avança. Bolsonaro sabe disso e tenta manter suas posições nesse momento difícil para ele, esperando dias melhores ano que vem. A esquerda institucional prefere correr esse risco e desaproveitar o melhor momento para avançar numa luta sem trégua contra o governo, para não assustar o amo “mercado”, para não irritar Biden nem afugentar “investidores”. Mas mesmo uma incerta vitória eleitoral contra Bolsonaro em 2022, se for ao preço de satisfazer todas as vontades da Faria Lima e dos investidores estrangeiros vai se parecer muito mais com uma derrota, que será sentida depois nos bolsos e na pele.

Não podemos esperar 2022, não podemos nos restringir ao que permitem os supostos aliados de uma “frente ampla”. É agora que as pessoas estão morrendo, passando fome e sendo demitidas. É agora que os povos indígenas estão sofrendo uma ofensiva assassina. O caminho a seguir já foi indicado pelo povo chileno, colombiano e pela heroica resistência ao golpe militar Mianmar. No Chile as mobilizações foram tão fortes que todo o sistema político, com o apoio da burocracia sindical e do PC, foi obrigado a convocar uma Assembleia Constituinte controlada para canalizar a insatisfação. Se queremos uma vitória contundente contra a extrema-direita, se acreditamos que é urgente tirar Bolsonaro e também Mourão e os militares do poder, não existe outro caminho a seguir que não o da luta.

A questão é: mas o que fazer, sabendo que as direções das grandes organizações de massas que teriam força para chamar a classe trabalhadora e a juventude a parar o país contra os ataques e contra o governo, estão mais uma vez engajadas numa estratégia de conciliação, que já mostrou sua impotência em 2016? O que fazer se evitam a luta em nome do acumulo de forças para as eleições de 2022? Não existe resposta fácil: é preciso tomar a luta em nossas mãos.

Em cada local de trabalho e estudo temos que nos organizar por baixo, pela base, para exigir assembleias onde seja discutido um plano de lutas concreto, com o objetivo de barrar as reformas e as privatizações, derrotar o governo e parar a ofensiva miliciana contra os povos indígenas. O primeiro passo seria bem concreto: assembleias em todo o país para votar que dia 24 de julho seja um dia de paralisação nacional contra o governo.




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