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Crise ambiental | Para salvar a Amazônia da destruição ambiental é preciso destruir o capitalismo

Segundo estudos, a Amazônia está emitindo mais dióxido de carbono do que absorvendo. Consequência do desmatamento, das queimadas e da sede de lucro capitalista.

sábado 17 de julho de 2021 | Edição do dia

Um estudo divulgado nesta semana e publicado na revista científica Nature afirma que o papel vital da Floresta Amazônica está em grande perigo. Essa função é conhecida como "sumidouro de carbono" e se trata de absorver grande quantidade de dióxido de carbono da atmosfera que retém o calor, ajudando a resfriar a Terra. Esse fenômeno vem entrando em declínio segundo os estudos. Os pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil realizaram durante nove anos uma pesquisa nos principais locais da Amazônia coletando dados sobre a quantidade de dióxido de carbono e monóxido de carbono da atmosfera.

Saiba mais: Nas mãos de Bolsonaro e Salles, desmatamento na Amazônia cresceu 51% nos últimos 11 meses

A pesquisa mostra que esses quatro locais emitem mais de 410 milhões de toneladas métricas de dióxido de carbono por ano. A principal causa disso está relacionada aos grandes incêndios criminosos feitos pelos grandes latifundiários e empresários do agronegócio. Essas emissões são parcialmente compensadas pelas mesmas regiões que absorvem cerca de 120 milhões de toneladas métricas de carbono por ano; mas ainda são 290 milhões de toneladas métricas em emissões líquidas. Os resultados dessa pesquisa mostram o grande perigo que a maior floresta tropical do mundo está inserida, e sua destruição pode trazer consequências gravíssimas para para o seu ecossistema e do mundo todo.

A ganância predatória capitalista, principalmente do agronegócio, vem sendo o grande responsável pela destruição da floresta. No ano de 2019 e de 2020 vivenciamos os maiores índices de queimadas e aumento da exploração de madeira tanto na região amazônica, quanto no pantanal. Episódios tão catastróficos como o anoitecer na cidade de São Paulo em plena 3 horas da tarde devido às fumaças das queimadas, mostram o quão brutal está sendo a devastação do meio ambiente pela a exploração capitalista. O agronegócio, uma das bases de apoio do governo de Bolsonaro e Mourão, vem aumentando os seus lucros ao mesmo tempo que o desmatamento aumenta desenfreadamente. No ano de 2020, foi responsável por 48% das exportações nacionais, enquanto o desmatamento cresceu nesse período 30%. Em abril de 2021 a política do governo levou ao recorde de 403 km² de desmatamento em menos de um mês. Não são mera coincidência esses dados, já que muitos focos dos incêndios que vieram ocorrendo nos últimos dois anos foram dentro de propriedades de latifundiários, e que nos tempos de seca se espalham com grande facilidade. Foram esses mesmos latifundiários que organizaram em 2019 o “dia do fogo”, um evento para atear um grande incêndio na selva amazônica no estado do Pará. Um episódio bárbaro causado por esses parasitas.

O governo Bolsonaro também é responsável e faz o seu papel de proteger e atender os interesses do agronegócio, praticamente acabando com a fiscalização ao desmatamento, o que aumenta a exploração de madeira ilegal, e ainda afrouxando as leis de controle. Seu discurso sempre foi atender a esses interesses. Já na campanha eleitoral em 2018 colocava que a economia poderia ser estabelecida com a maior exploração da Amazônia de seus recursos. Com isso o presidente também destila todo o seu racismo e ódio contra os povos originários e a demarcação de terras dentro dessa região. Com o ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, o governo Bolsonaro levou a frente a colaboração com a destruição da Amazônia em prol dos interesses dos grandes latifundiários. Não à toa que Salles, que foi exonerado recentemente, disse na famosa reunião ministerial de 2020 que deveriam aproveitar o momento da pandemia para passar a boiada e destruir o meio ambiente.

Bolsonaro e o agronegócio sangram e destroem a Amazônia. Mas o problema não se trata apenas dos interesses e a ganância exploratória desses seres abomináveis. Mas também se trata de toda a lógica exploratória do sistema capitalista. A globalização, o avanço tecnológico, e a necessidade explorar mais e mais vem causando há décadas grandes impactos no meio ambiente. A própria pesquisa divulgada na revista Nature aponta que nos últimos 40 e 50 anos a Amazônia perdeu 17% de sua floresta devido a ação humana. Recentemente vimos outros impactos como o calor acima do normal em países como o Canadá, e a temperatura de 40° que teve na Sibéria no ano passado. O grande incêndio que teve em alto mar no Golfo do México esse ano, e entre outras catástrofes ambientais. A irracionalidade do sistema capitalista está levando o planeta ao abismo. A própria pandemia e suas consequências são fruto dessa irracionalidade, e um plano efetivo que pudesse impedir o avanço e transmissão, como testes massivos, isolamento racional, e garantia de renda para todos os trabalhadores das áreas não essenciais poderia ter evitado que chegasse a tamanhas proporções. Em particular no Brasil vimos que nada disso foi feito, e devido ao negacionismo de Bolsonaro, as políticas dos governadores e a gana de lucro dos empresários, hoje passamos de mais de 530 mil mortes, com cerca de 1500 mortes diárias.

Dessa forma não nos enganemos com os governos ditos progressistas, que durante a crise das queimadas no ano de 2019, fizeram inúmeras críticas a Bolsonaro e ao agronegócio, como foi o presidente da França, Macron, o mesmo que aplicou inúmeros ataques e reformas em cima da classe trabalhadora francesa. Mas suas críticas não foram no intuito de preservar a Amazônia e seu importante papel para o ecossistema global, mas sim em preservar a floresta para os interesses das grandes empresas imperialistas europeias que também fazem exploração na floresta para atender sua própria ganância de lucro. A verdade é que o sistema capitalista vê o mundo como uma grande mercadoria, que pode ser explorada e vendida de todas as formas. Com a crise capitalista que vem decorrendo desde 2008, vemos que o capitalismo vai criando condições onde podem manter seus lucros crescentes, e isto se dá em base a maior espoliação e exploração do meio ambiente, assim como maior precarização da classe trabalhadora para ser mais explorada e gerar mais lucro e riqueza para a classe capitalista.

A destruição da Amazônia e de todo o meio ambiente do planeta seguirá avançando enquanto o capitalismo se manter. Por isso dizemos que para barrar essa devastação é preciso destruir o capitalismo. Os movimentos ecológicos e de defesa do meio ambiente tem que ser também anticapitalistas, pois somente com a superação desse sistema e uma planificação racional e socialista da economia será possível reverter essa devastação ambiental. É muito importante também que essa luta seja parte da luta do conjunto da classe trabalhadora, pois ela é responsável por mover e produzir tudo nessa sociedade. Façamos como fizeram os trabalhadores franceses na greve da Total, que lutavam pelo o seus empregos e melhores condições de trabalho, e também contra a destruição do meio ambiente. A classe trabalhadora tem em suas mãos uma força estratégica para derrubar o capitalismo, através da luta e da auto-organização, em unidades com esses movimentos, assim como os demais setores que sofrem com esse sistema, como os negros, mulheres, LGBTQI+ e povos originários, podemos enfrentar e derrubar o estado capitalista. No Brasil, essa é uma estratégia elementar para enfrentar Bolsonaro e Mourão, defensores do agronegócio, e todo o regime político fruto do golpe institucional de 2016 e suas instituições recheadas de coronéis, latifundiários e empresários que querem destruir o meio ambiente e explorar ainda mais a classe trabalhadora.

Veja o editorial do MRT: 3 propostas para a classe trabalhadora enfrentar a crise política no Brasil




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