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TRABALHO DA LIMPEZA | Para combater o coronavírus precisamos de justiça para os trabalhadores da limpeza

Lavar as mãos e limpar maçanetas não é o suficiente. Funcionários da limpeza são chaves para evitar que as pessoas morram do COVID-19. Eles precisam de salários dignos, contratos seguros, e — como muitos são imigrantes — plenos direitos.

segunda-feira 23 de março de 2020 | Edição do dia

Artigo traduzido do original em inglês.

De repente, todos nós entendemos a importância da higiene. Para parar a dispersão do coronavírus, nós precisamos lavar nossas mãos regularmente e limpar as maçanetas com álcool. Porém, isso não é o suficiente: alguém precisa desinfectar os espaços comuns. Trabalhadores da limpeza são chaves para prevenir que pessoas morram da COVID-19. Esses trabalhadores recebem salários extremamente baixos, mas durante a atual pandemia, podemos ver que poucas profissões são tão importantes.

Durante as décadas da ofensiva neoliberal, funcionários da limpeza foram empurrados às margens do mercado de trabalho capitalista. Se eles trabalham em escritórios, escolas, hotéis, transporte público, ou qualquer outro lugar, eles quase nunca serão contratados pela empresa que estão limpando. Em vez disso, eles são empregados principalmente por empresas terceirizadas com nomes indecifráveis que mudam a cada seis meses. Isso torna difícil ter qualquer tipo de estabilidade no emprego.

Muitos funcionários da limpeza são mulheres e elas recebem salários inferiores pelo que é considerado “trabalho feminino” no capitalismo patriarcal. Obviamente, somente é considerado “trabalho feminino” porque mulheres são forçadas a realizar esses trabalhos em casa. Além disso, muitos são imigrantes que não são legalizados portanto, não podem reivindicar os poucos direitos que deveriam ter como trabalhadores. A exploração dos funcionários da limpeza é frequentemente agravada pelo sexismo e pelo racismo.

Trabalhando de manhã cedo ou tarde da noite, eles são “mãos invisíveis” que mantêm as metrópoles capitalistas funcionando. Durante anos, houveram campanhas sindicais em todo o mundo exigindo “Justiça para Trabalhadores da Limpeza” e isso pode reduzir algumas das piores desigualdades.

Agora, em meio a uma pandemia, muitas pessoas estão percebendo pela primeira vez a importância dos trabalhadores da limpeza. Nos últimos 20 anos, a higiene em espaços públicos foi cortada drasticamente. Os administradores afirmam que terão a mesma limpeza, mas depois cortam a metade dos funcionários, forçando os trabalhadores a agilizar o trabalho. Essa é uma das principais causas de “superbactérias” em hospitais em todo o mundo — falta de medidas higiênicas básicas devido a medidas de austeridade.

Para parar o coronavírus, precisaríamos de trabalhadores limpando hospitais, metrôs e outros espaços públicos 24 horas por dia. Mas não há trabalhadores suficientes para fazer o mínimo. A crise exige que encerremos toda a terceirização agora. Os trabalhadores da limpeza precisam de contratos de período integral, com salário digno e estabilidade no emprego. Eles precisam de sindicatos fortes que unam os trabalhadores da limpeza com todos os outros trabalhadores da mesma empresa. Como todos os trabalhadores, eles precisam de direitos plenos de nacionalidade, para que possam fazer seu trabalho de salvar vidas sem medo de deportação. E precisamos contratar muitos mais funcionários de limpeza.

O sistema de metrô da cidade de Nova York, o MTA, anunciou que está “dobrando” as medidas de saneamento. Mas como qualquer pessoa que conheça o MTA possa testemunhar, a limpeza precisará dobrar em horários normais. O MTA, em vez de contratar 500 policiais adicionais, precisa contratar mais funcionários de limpeza imediatamente.

Um amigo meu trabalha no metrô de Berlim, limpando trens nas estações finais, exceto pelo fato que ele não trabalha para a empresa de transporte público BVG: ele trabalha para uma das inúmeras duvidosas empresas terceirizadas contratadas pela BVG. Ele relata que, apesar de mais de 500 infecções em Berlim, o BVG ainda limpa o interior dos trens apenas a cada três dias! Eles simplesmente não têm força de trabalho para fazer mais.

Esses empregados terceirizados ganham pouco acima do salário mínimo e têm muito pouca estabilidade no emprego. Todas as empresas de transporte público precisam contratar funcionários de limpeza agora — não como funcionários terceirizados, mas como trabalhadores em tempo integral com todos os direitos. O mesmo se aplica aos hospitais, onde a falta do suficiente é literalmente uma questão de vida ou morte.




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