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REFUGIADOS | Papa Francisco visita os refugiados na Grécia, entre repressão e protestos nas fronteiras

Este sábado, o papa Francisco viajou a Ilha grega de Lesbos e voltou a Roma com três famílias de refugiados sírios que prometeu acolher no Vaticano. Enquanto, continuavam os protestos e repressão nas fronteiras.

Cynthia LubBarcelona | @LubCynthia

quarta-feira 20 de abril de 2016 | Edição do dia

Foto: EFE / Andrea Bonetti

"Europa é a pátria dos direitos humanos", disse o papa Francisco este sábado, após sua breve visita "humanitária" a Ilha de Lesbos em Moria, um centro de refugiados. Foi recebido pelo primeiro ministro da Grécia, Alexis Tsipras e o patriarca ecumênico Bartolomeo o arcebispo de Atenas, Jerónimo II, é o presidente da Conferência Episcopal grega, monsenhor Frangiskos Papamanolis.

Moria, antes era o passo para o centro da Europa pela rota dos Balcãs. Depois, o reacionário acordo entre a União Europeia e Turquia para a devolução de refugiados, se converteu em um centro de detenção totalmente militarizado, onde os refugiados são detidos e enviados a centros de retenção onde são em sua maioria deportados diretamente até a Turquia

Neste mesmo lugar, o Papa junto aos demais patriarcas e arcobispos gregos, com um manto de hipocrisia de mostra de solidariedade firmaram declarações simbólicas, almoçaram com os refugiados em uma tenda de campanha dentro do centro de detenção e realizaram um ato em memória das vítimas das migrações. Embora, os refugiados iam a seu encontro implorando para sair dali, chorando e gritando de desespero diante dos pés do papa Francisco.

Como culminação, o Papa acolheu três famílias dos refugiados sírios, entre os quais seis são menores de idade, que se encontravam em Lesbos. Não obstante, este gesto simbólico pode ocultar que a igreja está dirigida por uma hierarquia que vive em opulência que contrasta com a difícil situação da ilha de Lesbos, onde atualmente abriga mais de 4.000 refugiados, dos quais uns 3.000 estão no centro de Moria.

Entretanto, outra fronteira grega com Macedônia, Idomeni, vem sendo um cenário de protestos de refugiados, que tem ocupado as vias do tráfico ferroviário entre Grécia e Macedônia que atravessa o acampamento, paralizado faz 30 dias para exigir a reabertura das fronteiras. Nas últimas semanas tem se multiplicado os episódios de brutal repressão por parte da polícia da fronteira da Macedônia, com gases lacrimogênios e balas de borracha.

Por sua parte, o governo grego acusa os refugiados de inflingir danos econômicos substanciais a companhia de ferrovia Trainose pela perda de passageiros, e a toda economia por impedir a circulação de mercadorias que se transportam pelas ferrovias. Deste modo, justifica a brutal repressão que vem sofrendo os refugiados, não apenas por parte da polícia da Macedônia, mas também da Grécia que está fazendo impossível a vida das familias refugiadas para jogá-las em Idomeni. Um dia de hoje continuam ali mais de 10.000 pessoas em condições totalmente inumanas.

A "Europa dos direitos humanos" que reclamou que o Papa Francisco em sua visita contrasta com a política xenófoba, racista e discriminatória contra os refugiados, reforçada diante o acordo entre a UE e Turquia. Nada disse o representante do vaticano ao governo grego e seus oficiais de Igreja de que o governo do Syrisa julgou um papel central no pacto com a UE e Turquia para expulsar massivamente milhares de refugiados e que agora Alexis Tsipras pressiona para que o acordo se cumpra rápido.

Pactos reacionários, racistas e xenófobos. Repressão com gases e balas de borracha direto nas cabeças de meninos refugiados, Mortes no mar, convertido em um cemitério. Uma crise histórica de grandes dimensões que deixa em acidente ridículo qualquer gesto simbólico.




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