×

MUDANÇAS NA ALERJ | PT está no comando da ALERJ. Vão continuar os ataques de Picciani?

Após o anúncio de que o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (ALERJ), Jorge Picciani (PMDB) se licenciará para o tratamento de câncer, e que seu vice também se encontra licenciado, o cargo recaiu sobre a segunda vice-presidência, cargo ocupado por André Ceciliano, líder do PT na casa. Apoiador de Picciani na eleição à presidência e também tendo votado a favor da privatização da CEDAE, como será a condução de Ceciliano em relação aos ataques?

quarta-feira 5 de abril de 2017 | Edição do dia

Foi somente por meio de todos os acordos mais abomináveis - iguais aos que Dilma e Lula fizeram para colocar Michel Temer como vice de suas chapas presidenciais - que André Ceciliano, do PT, chegou a ocupar a vice-presidência da ALERJ.

Foi com PT e PCdoB votando em Picciani que o deputado do PMDB garantiu sua reeleição à presidência com folga. Em troca, alguns cargos e favores foram para os dois partidos.

Um desses é o que ocupa André Ceciliano, na segunda vice-presidência da casa, e, com o afastamento de Picciani, tornando-se o chefe da ALERJ. Coincidência ou não, o afastamento de Picciani ocorre na semana seguinte a seu depoimento para a Polícia Federal em decorrência do líder do PMDB ter sido citado na delação do ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado.

O PT na corda bamba entre os ataques dos golpistas e o "Lula 2018"

Depois do golpe, o PT passou a fazer grandes bravatas contra os ataques dos golpistas. Mas o fato de que elas estejam muito mais concentradas no parlamento e em declarações, e muito menos na organização de assembleias nos locais de trabalho dos sindicatos dirigidos pela CUT, é bastante sintomático em relação ao que significam esses posicionamentos.

Ainda mais expressivo é o fato de que o novo presidente da ALERJ, o petista André Ceciliano, votou a favor da privatização da CEDAE. E, ainda que tenha existido um tímido protesto de setores de base do PT pedindo sua expulsão, ele não só não foi excluído do partido como agora está em uma posição de grande destaque.

Como debatemos aqui no Esquerda Diário inúmeras vezes, essa contradição não é um acaso: é fruto da forma como o PT faz política há décadas, tentando fazer o "meio de campo" entre os interesses completamente opostos dos trabalhadores, do povo pobre e os dos capitalistas, os banqueiros e empresários.

É por isso que, frente aos ataques absurdos de Temer, a CUT e a CTB, dirigidas pelo PT e o PCdoB, participam do corpo mole das centrais sindicais convocando a luta apenas para o final de abril. O seu interesse não é o de organizar uma luta séria. Estão "dormindo" enquanto Temer sanciona a terceirização irrestrita.

Há dois pólos da política petista que são complementares: por um lado, figuras sinistras como André Ceciliano votam ataques contra os trabalhadores, negociam cargos com o PMDB como fez com Picciani, e tentam garantir seu "lugar ao sol" na política dos patrões. Por outro lado, usam de seu maior trunfo político para enrolar os trabalhadores, Lula, e também de seu braço dentro do movimento operário, a CUT, para tentar posar de "grandes lutadores" contra os ataques. Convocam paralisações como as do 15M, 31M e o 28 de abril, mas não organizam pela base, com assembleias ou a eleição de delegados para coordenar as lutas.

A intenção do PT não é romper com esse regime político apodrecido, regado a lucros dos capitalistas, privilégios dos políticos e juízes e muita propina para "azeitar a engrenagem". Querem se renovar, posando de combativos e, com isso, capitalizando sua saída eleitoral com o "Lula 2018", para voltarem a ser os que aplicam os ajustes dos capitalistas, como já vinha fazendo Dilma a conta-gotas antes do golpe (a entrada de Temer em cena é para ajustar os ritmos dos ataques de acordo com a exigência dos capitalistas).

No comando da ALERJ, qual o futuro do PT no Rio?

À Frente das entidades sindicais e estudantis o PT mantém suas bravatas, sem organizar a luta. Um exemplo marcante no Rio é o DCE da UERJ, dirigido por PT e PCdoB, e que para além de organizar um ou outro ato “só pra constar”, nada tem feito contra o imenso ataque à universidade que, sem financiamento, está sem aulas desde o início do ano e ameaça fechar as portas. Nem uma vez se ouviu falar de alguma ação da UNE, da UEE, de entidades com imensa influência dirigidas por esses partidos, em defesa da universidade. Nenhuma campanha nacional, nada.

Contudo, à frente da ALERJ, o PT está numa situação mais contraditória. Os ataques de Temer e Pezão passam pelos deputados para serem implementados, como o suposto pacote de “salvamento dos estados”. O que fará o PT? Continuará aplicando os ataques para se mostrar como um “gestor responsável” do estado capitalista? Ou irá travar a votação? Por fora de uma estratégia de combate, que passe por organizar os trabalhadores para enfrentar os patrões, não há saída realista contra os ataques de Temer e Pezão. É nesse momento que veremos para que serviram tantos acordos de cúpula com o PMDB, costurados com tanta dedicação pelo PT.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias