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LUTA CONTRA O GOLPE | PT e PC do B: amarrando a luta contra o golpe às alianças requentadas com a direita

Há quase um mês da votação da admissibilidade do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousef, sem que as centrais sindicais como CUT CTB e UNE, ligadas ao PT, convocassem nenhuma medida seria de mobilização contra o golpe institucional, o governismo mostrou sua grande “cartada” que veio preparando contra o golpe, costurando uma aliança com Waldir Maranhão do PP, presidente interino da Câmara após o afastamento de Cunha, que nesta manhã aceitou o pedido protocolado pela AGU que invalida a votação do último dia 17 baseado em ilegalidades na votação. As apostas nas alianças com a direita, enquanto imobiliza a classe trabalhadora através das centrais sindicais, foi o que permitiu a burguesia usar o PT quando a interessava e depois os descartar num estalar de dedos, como estamos assistindo agora.

terça-feira 10 de maio de 2016 | Edição do dia

A mudança na relação entre os partidos da burguesia não significou uma mudança estratégia para o Partido dos Trabalhadores em nenhum momento, apostando todas suas fichas em uma guerra jurídica e alianças por cima, enquanto imobiliza o movimento operário tentando mostrar que é uma direção confiável para a burguesia, convocando um “showmício” eleitoral com Chico Buarque de vez em quando, aonde os trabalhadores, quando são convocados, são para assistir como espectadores e esperar calendário eleitoral (burguês).

O feito da manhã se desmanchou no ar às 17h do mesmo dia. Mesmo com Waldir Maranhão de braços dados com Jandira Feghali, Renan Calheiros abriu o processo no Senado, mostrando que os golpistas não têm nenhum medo da “guerra nas alturas”, que alias é o habitat natural dos políticos burgueses acostumados a se elevarem acima do povo e dos trabalhadores, ou de quem quer que seja. Seja pelo nível de vida que têm, os altos salários e os privilégios destes políticos, seja do ponto de vista do próprio poder, aonde algumas centenas de deputados decidem por cima de 54 milhões de eleitores, ou quando os próprios organismos desta democracia degradada e corrupta funcionam no modo “cada cabeça uma sentença”. Ou talvez “propina pouca, minha mansão primeiro”. Na prática, todos podem decidir sobre uma votação de milhões, ou decidir interpretar a lei da maneira que lhe for proveitoso. Menos o povo e os trabalhadores, estes não foram convocados para decidir nada, e a interpretação da lei vem através dos cassetetes e bombas da polícia sobre os estudantes que ocupam escolas em SP, ou dos 40% de presos sem julgamento do país todo, das famílias dos cinco jovens negros fuzilados com 111 tiros pela PMERJ que não contam com um “Cardozo” para punir os policiais assassinos.

Acompanhemos os próximos capítulos, da novela, por enquanto os petistas continuam saindo como “vítimas” do golpismo, mais descarado com esta decisão de Renan, mostrando a pressa que existe em se passar o golpe. E os políticos petistas (e o PC do B), mantendo a estratégia de alianças com a direita e imobilização da classe trabalhadora que é o DNA deste partido, seguem usando o golpe de mero palanque eleitoral enquanto mantém todos os freios em cima da CUT, CTB e UNE.

Isto deve servir de lição cabal para todos trabalhadores que assistem enojados com os conchavos da política burguesa, que enquanto o PT não dá nenhuma luta séria contra o Golpe, mantém sob controle a maior central sindical do país, a CUT; e o PC do B controla a terceira maior, a CTB, além da UNE. A facilidade com que o mandato da presidenta assim como as decisões parlamentares estão sendo revertidas é produto de uma escolha por parte da CUT e da CTB, de não dar nenhuma luta, não chamar um plano de lutas contra o golpe e se manter presas ao governo. Vão de derrota a derrota na "guerra nas alturas", chamando de vez em quando uns showmícios, Chico Buarque e etc. É preciso um plano de luta efetivo, construído nas bases das categorias dirigidas pela CUT, CTB, UNE, para barrar de fato o golpe e também os cortes de qualquer governo.

As mobilizações contra o golpe que passam por fora do controle do PT também passam completamente por fora do PSOL e do PSTU. MES/PSOL e PSTU se negam a ver a dura realidade de que tudo que vem “das alturas” se mostra reacionário e anti-operário, adotando uma política golpista agitando “eleições gerais”, no caso do PSTU o “Fora Todos” comemorando o golpe, e no caso da corrente de Luciana Genro, defendendo que a Lava-Jato seria protagonista de uma revolução política no Brasil.(!!!)

Setores do PSOL como a Insurgência, que corretamente se posiciona contra o golpe e tem um grande peso no partido, dirigindo a executiva do RJ, o SEPE e no DCE da UFRJ, por exemplo, atua como mera observadora. No fundo, por mais que sejam contra o golpe, são céticos de que se possa barrá-lo, porque adotaram nos últimos anos como sua principal arma o mesmo calendário eleitoral (burguês) que o golpismo resolveu jogar no lixo.

A situação também exige que a esquerda antigovernista deixe de ser uma mera espectadora, que tem no máximo participado de alguns showmícios do próprio governismo, não convocando nada em lugar nenhum. A batalha contra a paralisia das centrais deveria começar no SEPE (Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação) aonde há uma importante greve de professores que é apoiada pelas ocupações de estudantes de vários locais do RJ. Ou desde o DCE da UFRJ que se posiciona contra o golpe, a esquerda poderia chamar ela mesma mobilizações e paralisações para barrar o golpe em aliança com a classe trabalhadora, para arrancar “das alturas” as grandes decisões políticas, para que seja a mobilização dos trabalhadores, estudantes e do povo que decidam.




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