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PMDB | PMDB mostra união interna e muitas críticas ao governo Dilma em seu programa de TV

Foi ao ar o programa de TV do PMDB nele foram feitas várias críticas indiretas ao governo Dilma ao mesmo tempo que o partido tentou se mostrar como o agente para unificação do país para sair tanto da crise política como da crise econômica.

sexta-feira 25 de setembro de 2015 | 00:00

Foi ao ar na noite desta quinta-feira, 24, em cadeia nacional de rádio e TV, o programa partidário do PMDB montado com base na polêmica frase do vice-presidente da República, Michel Temer, de que "é preciso alguém para reunificar o País". Além da repetição da ideia de união e que só o PMDB poderia promove-la, o programa repetiu à exaustão que seria necessário a verdade, admitir erros. O nome do programa “hora de reunificar os sonhos” soou como um programa eleitoral e pode ser interpretado como um passo preparatório para a ruptura com o governo que especula-se que ocorrera em convenção partidária em 15 de novembro.

O tom crítico não apareceu somente nestas frases sobre “união” e “verdade”. No programa foram feitas estocadas indiretas ao governo que o mesmo PMDB compõe. Sobraram críticas indiretas ao governo Dilma e ao PT em diversas falas e nas intervenções da apresentadora. Também chamou a atenção o papel apresentado pelos ministros no governo Dilma. Padilha e outros falaram como se fossem candidatos e eles, sozinhos, que determinassem os rumos de seus ministérios.
União pelos ajustes e faltando com a verdade

A partir da declaração, proferida no último mês de agosto, num momento de avanço da crise política e econômica, Temer passou a alegar-se isolado por integrantes da cúpula do Palácio do Planalto das principais decisões do governo, o que culminou na sua saída da articulação política. "Esse programa foi brifado naquele momento, com aquela frase. Mas tem que ser dito que não é um programa de oposição ou de governo, é da atual situação do País", afirmou para a Agência Estado o marqueteiro do PMDB, Elsinho Mouco.

O programa tem 10 minutos e conta com a participação de 50 integrantes do partido. Inicialmente, eles compõem um mosaico que forma uma imagem final com o rosto de Michel Temer, o primeiro a falar. "A ideia do jogo de imagens é mostrar que o vice-presidente, Michel Temer, está prestigiado internamente, está protegido e que ele busca a união", ressaltou Mouco.

Em sua fala inicial, Temer ressalta o período de dificuldades que o Brasil enfrenta. "O Brasil passa por um período difícil na economia assim como por dificuldades políticas. Todas superáveis É imprescindível unir forças, colocar o Brasil acima de qualquer interesse partidário ou motivações pessoais. Crise se enfrenta com união, com coragem, com determinação e retidão. É neste contexto que devemos pensar o Brasil", afirma.

Logo em seguida aparece o governador Sartori do Rio Grande do Sul falando de verdade e omitindo como tem parcelado salários do funcionalismo, cortando direitos, aumentado impostos.

Embora haja integrantes do partido investigados na Operação Lava Jato, também foram inseridas no programa declarações em favor do combate à corrupção. "Os escândalos protagonizados por aqueles que desafiam as leis e as instituições não espelham o comportamento e o caráter de milhões de brasileiros", ressalta o senador Roberto Requião (PR).

O partido que aplica o mais duro ajuste no país, no Rio Grande do Sul, o partido mais conhecido pelo fisiologismo em todo país, mostrou-se um róseo defensor do que haveria de mais nobre.

Ironia com Dilma e mais críticas indiretas

Antes da entrada de um bloco de críticas a aspectos dos ajustes, de não cumprimento do programa eleitoral e de não cumprir “os sonhos” o programa retorna para a apresentadora que diz em clara ironia aos discursos eleitorais de Dilma: “Um Brasil que se dizia tão gentil com seus filhos, de repente, resolve cobrar a conta. Isto dói.”

No vídeo, integrantes do PMDB também criticam de forma indireta o não cumprimento de promessas realizadas durante a campanha da presidente Dilma Rousseff à reeleição e se colocam como uma alternativa. "Posso garantir que existe muita gente capaz e pronta para entregar o Brasil que foi prometido a você", afirma o vice-governador de Pernambuco, Raul Henry.

O reforço de que o PMDB é o caminho para a saída da crise também foi feito pelo governador de Rondônia, Confúcio Moura. "Ninguém mais do que o PMDB tem representatividade em todo o País para unir forças e acertar as contas com a verdade e vencer essa crise", afirma.

"É feito um reforço de que o partido é uma alternativa para a crise, mas em nenhum momento as declarações têm alguma relação com impeachment", justificou o marqueteiro Elsinho Mouco. Porém, a brevíssima fala de Cunha sobre escolher qual Brasil se defende deixa, propositadamente em aberto este aspecto. Esta abertura é funcional para agradar aqueles que defendem o impeachment bem como para através da subida do tom ou ameaças de Cunha outros peemedebistas exigirem mais e mais cargos no governo. Um morde e assopra que tem sempre um resultado: mais e mais cargos, mais e mais fisiologismo.

Há recados também contrários às propostas do novo ajuste fiscal encaminhado pela equipe econômica nos últimos dias ao Congresso. Entre as medidas anunciadas, para reforçar o caixa da União, está a recriação da CPMF. "A solução não está na criação de mais impostos para tapar buracos no Orçamento", diz o deputado federal Lúcio Vieira Lima (BA). Já o vice-presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RR), usa uma expressão que foi cunhada pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf. "Menos impostos e mais postos de trabalho".

No jogo político e do fisiologismo a vida move-se de TV mas também de almoços privados

É precipitado chegar a conclusões a partir de um programa de TV de quanto o PMDB avança ou não para a ruptura com o PT e Dilma e como ela se daria. Estes programas são feitos para audiências amplas, para armar um discurso, mas também para “dar recados”. A política de todos partidos do regime e dos empresários move-se pelo que diz e precisam dizer ao povo, mas também por negociatas secretas, legais e ilegais, e ao PMDB e à política brasileira atual não falta justamente este tipo de expediente. Entre um tom mais alto na TV e acordos no Planalto há inúmeras combinações possíveis. O que é óbvio da situação política nacional e fica patente no programa é que a crise do PT combinada a crise econômica tem sido capiteneada não só para descarregar mais e mais ajustes nas costas dos trabalhadores mas também para o PMDB galgar mais e mais poder. Na ausência de uma nova hegemonia política, o partido do vice-presidente Michel Temer oferece o que ele mais tem a oferecer: discursos e fisiologismo.

Esquerda Diário / Agência Estado




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