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BAHIA | PM de Rui Costa executa jovem em Salvador. O que as reformas do PT têm a oferecer para a juventude?

quinta-feira 30 de julho de 2020 | Edição do dia

A 9ª Companhia Independente da Polícia Militar assassinou mais um jovem, no dia 26 deste mês, no bairro Campinas do Pirajá, em Salvador (BA). O jovem Vitor Santos Ferreira Jesus, de 25 anos, foi executado pela polícia durante uma ação policial de repressão à uma festa na comunidade. O jovem trabalhava em um supermercado e estudava para prestar concursos da polícia civil, militar e federal. O relato de um morador afirma que Vitor foi alvejado na perna, e esperava ser socorrido pela polícia, que, ao invés disso, o executou com tiros no abdômen. Um vídeo de um morador mostra a brutalidade da polícia do governador Rui Costa, do Partido dos Trabalhadores:

Segundo testemunhas do ocorrido, foi um crime de execução da PM baiana: “Todos que estavam na festa relataram que a guarnição entrou na localidade disparando contra a população. As pessoas correram. Vitor, como não devia nada, saiu andando. Ele foi alvejado na perna e estava com vida. Os policiais pegaram ele e acionaram outra viatura. Quando a outra viatura chegou, Vitor estava sentado no chão e deve ter pensado que seria socorrido. Mas ele recebeu outros tiros no abdômen e peito”, disse um familiar do rapaz.

Vitor é mais um jovem negro vítima da polícia racista, que executa e depois planta "provas" nas suas vítimas. A polícia afirma que trocou tiros com homens armados, que Vitor teria sido encontrado ferido e, depois disso, a polícia teria tentado prestar socorro. Em seguida, na mesma nota, a PM de Rui Costa lança do velho procedimento racista de tentar justificar os assassinatos com supostas "provas" de crime, dizendo que teria encontrado “um revólver calibre 38, um carregador calibre 09 mm alongado com 12 munições, 172 pinos de cocaína, 67 papelotes de maconha, 31 pinos de maconha. A ocorrência foi registrada na Corregedoria da PM”.

Um amigo que estava com Vitor contestou esta versão da PM de Rui Costa:

“Podem acusá-lo do que quiser, menos de ser criminoso. Ele tinha o sonho de ser policial, porque dizia que queria servir à sociedade. Fazia curso preparatório e queria se tornar um policial fosse militar, civil ou federal. Colocaram drogas, armas com ele. Ele não tinha arma, não tem vestígio de pólvora”.

Nas redes sociais de Vitor, pode-se ver que o relato é a mais pura verdade. O jovem estudava para ser policial e expressava abertamente sua admiração por esta corporação. No WhatsApp, o Status do Jovem refletia isto "É só uma questão de tempo" (referindo-se aos concursos que se preparava para tentar virar policial), seguido de um emoji de um policial e uma caveira:

Em outra imagem colhida das redes sociais, Vitor se prepara estudando para o concurso das polícias militar, civil e federal:

Vitor estudava enquanto trabalhava no supermercado Mix Bahia:

Vitor é mais uma vítima da policia racista que assassina jovens negros, ceifa vidas, executa e depois implanta provas. A polícia tem aumentado muito os assassinatos desde a eleição de Bolsonaro. Bolsonaro é responsável pelo avanço do gatilho fácil da polícia racista, por representar e defender a política racista do "bandido bom é bandido morto". O caso de Vitor é mais um de centenas que mostram que quem a polícia mata não é bandido, mas sim a juventude negra. A impunidade policial serve para justificar um sistema racista, no qual são os negros a maioria da população carcerária, a maioria dos assassinados. A polícia não poupa nem mesmo as crianças de seus disparos assassinos.

O que o reformismo tem à oferecer à juventude negra?

Vitor foi assassinado por uma policia que é comandada já há 5 anos por um governo petista. O Partido dos Trabalhadores se criou em base a mobilização dos trabalhadores e se elegeu prometendo mudar a realidade do povo pobre e da juventude negra, mas, nos estados em que governa, manteve intacto o aparato policial assassino de jovens negros e pobres.

Ao decidir não se enfrentar com o Estado Capitalista, o Partido dos Trabalhadores ascendeu ao poder sem mudar um pingo sequer da herança escravista deste estado. A polícia, que foi criada no Brasil para perseguir os negros escravizados que se rebelavam contra seus senhores, a mesma polícia que no Rio de Janeiro detém até hoje em sua insígnia um ramo de café e outro de açúcar, seguiu com seu poder de repressão intacto nos 13 anos de administração federal petista, assim como segue intacta e assassina nos estados governadores pelo PT.

Os pobres e os negros são a principal moeda de troca da conciliação de classes petista, pois são estes os principais alvos de um estado que é desigual por natureza e que trata a desigualdade na base da defesa da propriedade privada, através da repressão e do assassinato. Ao não ser uma ameaça para a propriedade privada capitalista, o PT manteve intacto o aparato de repressão da burguesia, utilizado-o contra revoltas, contra greves e na repressão cotidiana aos pobres.

É preciso tirar lições destas experiências do reformismo petista. Todas as concessões que o PT conseguiu garantir para os pobres e para os jovens negros foram concessões aceitáveis pela burguesia e muitas foram retiradas nesse momento de crise. Cessar o assassinato de jovens negros com a dissolução do aparato militar e policial é inaceitável para uma burguesia filhote e herdeira dos senhores de escravo. Ao aceitar esta condição, o PT pavimentou o caminho para que não houvesse nenhuma transformação estrutural no país e, com isso, também manteve intacta a extrema direita que tem como base principal a polícia e os militares. Bolsonaro também é fruto, em certa medida, da absoluta adaptação do Petismo ao aparato policial, judicial e militar de uma constituição que absolveu os crimes de torturadores e manteve os aparelhos de repressão policial intactos.

Para cessar os assassinatos dos jovens negros e a repressão aos trabalhadores, é preciso adotar outro caminho, o de questionar frontalmente todo resquício escravista e todo entulho autoritário (restos da ditadura militar) que se materializaram na constituição de 88, uma constituição que não dá condições de vida aos pobres e aos negros e que libera o assassinato destes pela polícia.

É preciso adotar a lutar por uma nova constituinte, em que sejam os trabalhadores quem façam as leis e que constituam suas própria segurança, impondo juris populares para policiais assassinos; a abertura de investigação de todos autos de resistência por comissões formadas pela comunidade, sindicatos, organizações do movimento negro, direitos humanos; a dissolução de todas tropas especiais da policia militar; e a constituição de organismos de auto-defesa para garantia de segurança dos trabalhadores pelos próprios trabalhadores. Esses temas deveriam ser defendidos em uma nova constituinte. A conclusão contra os assassinatos racistas da polícia é que são os trabalhadores, o povo pobre e o povo negro quem devem fazer as leis e a segurança. É também conclusão disso que são os trabalhadores que devem governar, em ruptura com o capitalismo.




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