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COLETES AMARELOS | Os coletes amarelos voltaram às ruas no aniversário da tomada da Bastilha

Os coletes amarelos romperam o desfile militar em comemoração da tomada da Bastilha na França, exigindo a renúncia de Macron e a aparição de Steve (um jovem desaparecido durante uma repressão). Houveram mais de 170 detidos.

segunda-feira 15 de julho de 2019 | Edição do dia

O desfile de 14 de julho que comemora a tomada da Bastilha em 1789 é um dia clássico de utilização do poder militar francês. Neste ano, Macron fez sua demonstração de força cheia de simbolismo nacional e unidade europeia. Tanques, aviões, soldados e até mesmo um homem voador, marcharam pelos Champs-Elysées durante o dia, juntamente com destacamentos de países que fazem parte da Iniciativa Europeia de Intervenção (IEI), o projeto de cooperação militar europeia promovido por Emmanuel Macron. Ao lado dele estava a chanceler alemã, Angela Merkel, e outros líderes ou alto representantes dos nove países que fazem parte do projeto.

Mas o símbolo mais forte do dia foi a invasão dos Coletes Amarelos, vaiando o presidente e montando barricadas nos Champs-Elysées. Os manifestantes foram desde a manhã para as margens do Champs-Elysées para mostrar sua determinação na luta contra o governo. Enquanto o governo de Macron tentava acabar com os Coletes Amarelos, eles gritavam com força "demissão de Macron" e "Onde está Steve?", em alusão ao jovem de 24 anos, Steve Maia Caniço, que está desaparecido há 20 dias, desde a repressão em Nantes em uma festa pelo Dia da Música.

Macron enfrentou a raiva dos Coletes Amarelos como veio fazendo todos os sábados nos últimos sete meses: com uma brutal repressão. Cerca de 173 pessoas foram presas. Três figuras emblemáticas do movimento como Eric Drouet, Maxime Nicole e Jerome Rodríguez foram presos neste domingo e depois libertados durante o dia. A repressão e as prisões políticas (especialmente visando os líderes do movimento), testemunham a vontade do governo de acabar de uma vez por todas com os Coletes Amarelos.

O cartão postal do domingo foram as nuvens de gás lacrimogêneo que se fundiram com as colunas de fumaça vindas das lixeiras incendiadas, enquanto as barreiras policiais procuravam impedir que os Coletes ocupassem as ruas nas proximidades do Arco do Triunfo, nos Champs-Elysées.

Macron disse: "Os Coletes Amarelos acabaram". Mas seu retorno, em um dia simbólico em que o chefe de Estado mostrava ao mundo os militares futuristas, suas forças especiais, um comandante espacial e todas as suas armas modernizadas, foi uma surpresa. "Revolução", cantavam os Coletes Amarelos, que substituíram a vestimenta por cartolinas, cartazes e balões daquela cor, para não serem detectados pelos controles policiais, já que a mobilização estava proibida na avenida.

Também somaram ao protesto a exigência pelo aparecimento de Steve Maia Caniço, de 24 anos. Steve caiu na água junto com outros 14 jovens durante a brutal repressão policial no festival do Dia da Música, em Nantes. Steve não sabia nadar e, por enquanto, ainda está desaparecido. Um caso muito semelhante ao de Santiago Maldonado na Argentina, onde o Estado nega sua responsabilidade. A indignação produziu manifestações em Nantes, que estão abalando o cargo do Ministro do Interior, Cristophe Castaner.

A dificuldade para a polícia manter a "ordem" durante o dia 14 de julho demonstra, mais uma vez, as fraquezas e dificuldades encontradas pelo governo Macron para acabar com o protesto social e derrotar os Coletes Amarelos, que mostram ser um movimento quem veio para ficar.




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