Operação realizada nesta manhã investiga quadrilha que atuou por 20 anos teria e desviou mais de R$170 milhões.
terça-feira 28 de junho de 2016 | Edição do dia
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça-feira (28) com apoio da Controladoria Geral da União a operação Boca Livre, que investiga desvios de dinheiro da Lei Rouanet de incentivo à cultura. Com grande aparato policial, a operação cumpre 14 mandatos de prisão e 37 de Busca e apreensão em São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal. Entre os investigados estão grandes empresas como a Scania, Roldão, Intermédica Notre Dame, Nycomed Produtos Farmacêuticos, Lojas 100, Laboratório Cristália, Cecil além de um escritório de advocacia e uma empresa especializada em eventos culturais.
O inquérito foi iniciado em 2014 e apurou que cerca de R$ 170 milhões foram desviados através de fraudes que recebiam verbas da lei criada ainda no governo de Fernando Collor. Notas fiscais frias e projetos culturais que nunca saíram do papel foram utilizados por mais de 20 anos pelos investigados que ainda utilizaram o dinheiro em festas e shows particulares.
A Operação Boca Livre (que se remete à uma festa com comida e bebida à vontade e de graça) vem à tona pouco tempo depois de Governo Temer atacar, ainda nos primeiros dias de seu governo, o ministério da Cultura, com respaldo do sentimento mais coxinha de que era uma fonte de dinheiro para "artistas vagabundos", medida que foi apoiada, por exemplo, pelo reacionário Pastor Marcos Feliciano. Após uma pressão de artistas, mas principalmente de grandes empresas ligadas à indústria do entretenimento, Temer retrocedeu. Resta lembrar que a maior parte dos recursos da Lei Rouanet não são destinados às pequenas produções artísticas, sendo extremamente difícil e burocrático aos pequenos artistas conseguir financiamento para seus projetos, enquanto as grandes empresas e produtoras sempre encontram portas abertas.
