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BOLSONARISMO E CRISE SANITÁRIA EM CAMPINA GRANDE, PB | Omissão e negacionismo na pandemia: prefeitura de Campina Grande seguindo a cartilha de Bolsonaro

Na cidade de Campina Grande, interior do Estado da Paraíba, tudo parecia estar sob controle, nos dizeres do prefeito Bruno Cunha Lima (PSD). A pandemia aparentava estar controlada e apenas a cidade era vista como uma “ilha de excelência” no qual nem sequer existia algum aumento na ocupação de leitos para Covid-19, a não ser pela “vocação” solidária do município em internar pacientes de outras regiões do Estado. Contudo, a realidade concreta demonstra que as coisas não estão funcionando assim, e o município beira o colapso sanitário.

sábado 22 de maio de 2021 | Edição do dia

Imagem: mauriliojunior.maispb

Em todo o Estado da Paraíba, segundo dados oficiais da Secretaria Estadual de Saúde,
há um total de 314.233 casos confirmados de Covid e cerca de mais de 7.000 óbitos (dados acumulados de 21 de Maio de 2021).
Os casos novos também aparecem numa forma de "gangorra", com variações que tem chamado atenção no Estado, mas que podem estar sendo subnotificados devido a ausência de testes em massa para a população:

As cidades que mais concentram índices de óbitos são: a Capital João Pessoa com um total
de 2.536 óbitos; Campina Grande com 855 e Santa Rita com 283.

Contudo, nessa última semana, o Estado que apresentava um nível de mobilidade reduzida,
passou a apresentar índices preocupantes conforme podemos observar na imagem a seguir:

Fonte: https://paraiba.pb.gov.br/diretas/saude/coronavirus/novonormalpb

As áreas em amarelo, localizadas na Zona da Mata e Litoral, estariam com um nível de
mobilidade reduzida, ou seja, com restrições de funcionamento de atividades que
representam maior risco para o controle da pandemia; a cor laranja, que toma a maior
parte do Estado implica no funcionamento exclusivo de atividade consideradas
como essenciais; e as cidades na cor vermelha seriam aquelas em que há
restrições de locomoção de forma mais rígida e estariam em situação crítica.

Segundo matéria do portal G1 de notícias,
a Paraíba já registrou mais mortes por Covid-19 pegando os dados acumulados de 2021
(tendo como limite o dia 21 de Maio), do que em todo o ano de 2020.

Para o governador do Estado, João Azevedo (Cidadania), aliado político do prefeito
Cícero Lucena (Progressistas), e integrante do governo do Estado
(como Secretário de Administração) na gestão do ex-governador Ricardo Coutinho (PSB) - preso por estar envolvido em ato de corrupção no ano de 2019 -. ;
a Paraíba estaria vivenciando uma terceira onda da Pandemia de Covid-19:

“Nós precisamos entender que vamos entrar, sem sombra de dúvida
nenhuma, infelizmente numa terceira onda. E precisamos estar preparados para isso”, declarou.

Dentro desse processo, regiões como a do sertão do Estado estariam entrando em colapso,
necessitando que pacientes sejam transferidos para outras macrorregiões de saúde,
o que também tem gerado preocupações, tendo em vista que o panorama indica que a
situação de colpapso pode ocorrer em todo o Estado.
Uma das cidades mais importantes do interior da Paraíba,Patos, localizada no Sertão,
já não teria mais UTIs para atender a própria população, necessitando assim que
os pacientes sejam transferidos para cidades como Campina Grande.

Nesta sexta-feira (21 de Maio de 2021) Bruno Cunha Lima, prefeito da cidade de
Campina Grande postou em suas redes sociais que o Estado da Paraíba estaria entrando em colapso e para sua surpresa, o município também estaria
passando por dificuldades devido ao aumento da procura por leitos hospitalares.

Segundo dados oficiais da Secretaria Estadual de Saúde da Paraíba, os leitos,
enfermarias e UTIs para a Covid-19 estariam com um índice superior a 70% da capacidade de uso. Esse número passa a gerar preocupação num momento em que há demanda e crescimento do
número de infecções.

Apesar do prefeito de Campina Grande realizar uma defesa da sua gestão frente à
pandemia, afirmando que tomou as medidas necessárias,
como restrições de horários de funcionamento
do comércio,não enxergamos de fato nenhuma medida efetiva.
No fundo, o prefeito tentou se balizar pela economia, realizando apenas medidas
cosméticas, sem falarmos que, Campina Grande é um dos municípios “campeões”
no uso de Cloroquina
, medicamente amplamente divulgado pelo presidente Jair Bolsonaro, que tem em Bruno, um forte aliado municipal.

De acordo com o pesquisador da FIOCRUZ Christovam Barcellos o aumento dos casos em Campina Grande tem como fundamento
um misto de negacionismo, sabotagem e irresponsabilidade de Bruno Cunha Lima
que se expressa no ato do líder do governo municipal na câmara dos vereadores,
o vereador Alexandre do Sindicato (PSD). Em vídeo, o vereador expõe
que é avesso à vacinação e é a favor de tratamentos que não possuem
comprovação científica como podemos observar abaixo:

Não é segredo que o prefeito Bruno Cunha Lima, e seu antecessor,
Romero Rodrigues (PSD), são declarados Bolsonaristas. Em Fevereiro de 2021,
ao receber o presidente Bolsonaro na cidade de Campina Grande, Bruno fez questão de
posar para foto sem uso de máscara (imagem de capa desta nota).
Além disso, numa espécie de cópia ao presidente, Bruno parece querer imitar
padrões que o governo Federal realiza, ao fazer pouco caso da pandemia.

Ainda segundo o próprio prefeito, os hospitais que atendem pacientes com Covid-19 no
município estão com a capacidade reduzida. Frente a essa situação, o apelo comum à
fé tem sido uma prática que o prefeito tenta utilizar de forma demagógica,
além de colocar num plano individual a solução para a questão:

“Que Deus nos abençoe com sua graça e misericórdia, nos permitindo passar por isso o mais rápido possível. Contar com a ajuda e com o comprometimento de cada um vai ser fundamental pra gente atravessar este momento”.

Diante das demagogias que o prefeito de Campina Grande procura repetir, observamos
que, do ponto de vista da gestão em saúde, não podemos esquecer que o município
é um pólo regional que recebe pacientes de outras cidades, além disso,
é urgente uma testagem massiva que de fato possa fornecer informações fidedignas
sobre a situação local. Outro elemento é a ausência de dados sobre a cidade por bairro,
para identificarmos os locais com maior infecção. É uma prática comum em
Campina Grande os dados serem de difícil acesso como se a gestão municipal
estivesse escondendo alguma informações privilegiadas.

Diante de tais considerações, é necessário, conforme afirmamos no Manifesto do MRT
a quebra de patentes das vacinas, um sistema de saúde 100% público e estata sob
direção das trabahadoras e dos trabalhadores. Num momento em que o país tem
ausência de vacinação, é urgente que, os recursos públicos sejam direcionados para
a vacinação e testagem em massa, provendo também um auxílio emergencial que possa
garantir o sustento das pessoas durante o período pandêmico, e não míseras
parcelas que o governo Bolsonaro tem provido à população brasileira.

Nesse sentido, entendemos que, sem dúvida alguma o governo Bolsonaro apresenta
culpabilidade na gestão da crise sanitária que o país vivencia, mas não podemos eximir
os governadores, que procuram agir de forma demagógica, com a instalação de
protocolos que na verdade são mais ações cosméticas do que efetivas ao controle do
contágio, bem como prefeitos, a exemplo de Bruno Cunha Lima, que reproduz a
lógica Bolsonarista em Campina Grande em criar uma dicotomia entre saúde e
economia, jogando para a esfera individual o combate ao Sars-Cov-2.




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