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LAVA JATO | Odebrecht oferece novas cartas para a Lava Jato

Há praticamente um mês após o golpe institucional, a Lava Jato segue dando as cartas no governo golpista de Temer. O novo “ás na manga” será fornecido pelos delatores premiados da Odebrecht, que ofereceram depoimentos para a operação em troca de proteger seus interesses empresariais. Já foi revelado no depoimento as siglas PT, PMDB e PSDB. Mas as incriminações ainda deverão passar pela seleção do “partido judiciário” e o “partido da mídia”. Da lista de 300 nomes na lista de propina da empresa, a mídia fala que o acordo prevê a entrega de 50.

terça-feira 31 de maio de 2016 | Edição do dia

Nesta quarta-feira, 25 de maio, o presidente da empresa, Marcelo Odebrecht, assinou o acordo com os termos de sua delação premiada. Além do depoimento de Marcelo, o acordo também prevê o depoimento de seu pai, Emilio Odebrecht, e outros 50 executivos da empresa. Os depoimentos foram barganhados em troca de diminuição das punições à empresa pelo seu envolvimento nos casos de corrupção, podendo assim voltar a assumir licitações de obras públicas e adquirir linhas de crédito facilitado junto aos bancos.

A empresa promete com seu depoimento revelar os esquemas de financiamento das campanhas passadas dos três principais partidos do atual regime político, PT, PMDB e PSDB. Para conseguir a premiação foi apresentado com antecedência um resumo de todos os importantes temas que serão mencionados, e faz parte do acordo, ao menos na delação, não poupar nenhum destes partidos. O acordo também prevê a abertura da contabilidade do caixa dois da empresa para investigação, podendo levar a exposição de centenas de políticos, que provavelmente fazem partes da já revelada lista apreendida em março. Este é o potencial de alcance desta delação, porém, não é certo que a Lava Jato seja conduzida até aí ou somente a alguns políticos serão selecionados.

O conteúdo destas delações podem impactar profundamente não apenas o atual cenário político, na medida em que podem envolver mais caciques do governo golpista de Temer, mas também os próximos capítulos que ainda não foram revelados, como as futuras campanhas eleitorais. As delações envolvendo não apenas o PT, que é alvo unânime entre a forças golpistas, mas também os principais partidos articuladores e apoiadores do golpe, PMDB e PSDB, pode levar a um cenário eleitoral bastante incerto. Trata-se de centenas de políticos certamente envolvidos nos emaranhados da corrupção buscando suas nas campanhas eleitorais.

Mas o real impacto destas delações não será determinado pelo seu conteúdo, pelos nomes e siglas mencionados, e nem pela real profundidade e podridão dos esquemas de corrupção, mas sim, pelos interesses de bastidores do “partido judiciário” e do “partido da mídia”, que tal como têm feito em todas operações selecionam o que investigar, o que divulgar e quem punir conforme seus interesses políticos.

Em áudio de Sergio Machado com Sarney o ex-presidente fala que a única prova de corrupção possível contra Dilma viria de uma propina dos Odebrecht a seu marqueteiro. Espera-se que esta delação revele esta informação, e para não dar um tom somente contra o PT também atinja políticos de outros partidos.

A investigação seletiva dos corruptos é cada dia mais evidente. Nomes revelados e não revelados pela Lava Jato, hoje se escondem de baixo das asas do governo golpista de Temer. E a saga dos áudios que vêm a público, seriados como capítulos de uma novela, carinhosamente guardados até consumação do golpe, revelam que há dentro da própria ala golpista perspectivas diferentes para o desenvolvimento desta trama. Por um lado o “setor Jucá”, com medo de estar sendo executada uma possível “reciclagem de toda a casta política”, busca a todo custo um desfecho pactuado para salvar a pele de todos os corruptos, exceto “alguns bois de piranha” que terão de ser sacrificados “pelo bem de todos”. Por outro lado, embora a revelação dos áudios venham afetando ministros e políticos do PMDB, importantes peças do governo Temer, ainda predomina o método seletivo. Aparentemente o PSDB, por exemplo, ainda está sendo relativamente poupado, sem nenhum grande alvo em suas costas, exceto por Aécio, e por mais que figuras importantes do governo Temer foram atingidas, os alvos seguem sendo escolhidos a dedo, enquanto um ou outro cai, centenas permanecem intocados.

A “reciclagem” da tradicional casta política brasileira, para tentar dar uma cara menos suja para os futuros governos pós golpe e evitar o despertar do movimento de massas nas ruas; ou um pacto que sacrifique alguns para salvar muitos e abra caminho para a emergência de uma direita mais pura, como o PSDB, são dois cenários possíveis. Qual dos dois irá prevalecer, depende da condução seletiva das investigações e dos interesses ocultos de bastidores, bem como inúmeras considerações sobre que governo pode aplicar mais ajustes e como irá reagir a classe trabalhadora. Por hora, o interesse comum já explícito é aplicar os duros ajustes econômicos sobre a classe trabalhadora. O que com certeza não devemos esperar é que algum destes caminhos leve a punição real e consequente de qualquer corrupto que venha a ser investigado.




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