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LAVA JATO | Odebrecht confirma que tucano José Serra recebeu R$23 milhões em propina

domingo 7 de agosto de 2016 | Edição do dia

Executivos da Odebrecht afirmaram aos investigadores da Operação Lava Jato que a campanha do hoje ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB-SP), à Presidência da República, em 2010, recebeu R$ 23 milhões da empreiteira via caixa dois.

Corrigido pela inflação do período, o valor atualmente equivale a R$ 34,5 milhões.

A afirmação foi feita a procuradores da força-tarefa da operação e da PGR (Procuradoria-Geral da República) na semana passada por funcionários da empresa que tentam um acordo de delação premiada, conforme antecipou a colunista Mônica Bergamo.

Durante a reunião, realizada na sede da Polícia Federal em Curitiba, os executivos disseram que parte do dinheiro foi entregue no Brasil e parte foi paga por meio de depósitos bancários realizados em contas no exterior.

As conversas fazem parte de entrevistas em que os possíveis delatores da Lava Jato corroboram informações apresentadas pelos advogados na negociação da delação premiada.

Para comprovar que houve o pagamento por meio de caixa dois, a Odebrecht vai apresentar extratos bancários de depósitos realizados fora do país que tinham como destinatária final a campanha presidencial do então candidato.

Segundo informações do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a empreiteira doou em 2010 R$ 2,4 milhões para o Comitê Financeiro Nacional para Presidente da República de Serra (R$ 3,6 milhões em valores corrigidos).

Dessa maneira, a campanha do tucano teria recebido, apenas do grupo baiano, R$ 25,4 milhões, sendo R$ 23 milhões "por fora".

Segundo os depoimentos de executivos da Odebrecht, a negociação para o repasse à campanha de Serra se deu com a direção nacional do PSDB à época, que depois distribuiu parte do dinheiro entre outras candidaturas.

Escândalo do Rodoanel

Serra também apareceu na megadelação da empreiteira OAS. No caso da OAS, a história a ser relatada gira em torno de uma propina negociada (e paga) diretamente entre Léo Pinheiro, sócio e ex-presidente da empreiteira, e uma pessoa muito próxima de Serra, que dizia falar em nome do então governador.

A delação da Odebrecht sobre Serra é relativa ao Rodoanel, a maior obra viária de São Paulo.

A Odebrecht disse que irá detalhar a propina que teria dado a Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, ex-diretor da empresa que administrava a construção de rodovias no estado.

Mas não termina aí. Serra está diretamente envolvido na fraude de licitações para o metrô paulista, o chamado "trensalão". Empresas estrangeiras como Alstom, CAF, Daimler Chrysler, Siemens e Bombardier se beneficiaram de fatias das malhas metroviárias e ferroviárias em troca de propinas a distintos políticos tucanos. A ampla cobertura midiática dada aos desvios de verba da Petrobrás não chega ao cartel dos trens, também conhecido como propinoduto tucano, que se encontra relegado a notas secundárias nos principais jornais do país.

Nas inúmeras planilhas encontradas nos escritórios do doleiro Alberto Youssef são citadas diversas construturas, entre elas Camargo Correa e OAS (detentoras do grupo CCR, responsável pela Linha 4-amarela do Metrô, o Rodoanel e a rodovia Dutra), a Queiroz Galvão e até mesmo a multinacional canadense Bombardier, que é mencionada nas planilhas de uma das empresas fantasmas de Youssef, a Santa Tereza Services Limited Partnership, criada na Nova Zelândia e que, segundo a investigação da PF, teve suas contas usadas para movimentar milhões desviados de obras públicas, inclusive da obra do monotrilho da Linha 15-Prata.

As "duras oitivas" dos procuradores milionários da Lava Jato

Serra está envolvido nos esquemas paulistas, e não precisamos de nenhuma Lava Jato para saber disso. Lava Jato esta que, além de servir para substituir um esquema de corrupção com a cara petista por um com o rosto da direita, incrementar o poder reacionário do Judiciário e buscar limpar o golpe institucional, serve também para encher os bolsos dos procuradores de Sérgio Moro de milhões de reais, segundo vemos nesta investigação de André Augusto.

É preciso exigir que os bens destes políticos corruptos, tanto do PT, PMDB como do PSDB (para não mencionar o fisiologismo em estado puro do chamado "novo Centrão") sejam confiscados e investidos no orçamento da saúde e da educação. Todas as empresas envolvidas nos esquemas devem ter suas contas abertas e investigadas por comitês de trabalhadores empregados nelas e por especialistas eleitos nas universidades públicas. Que os crimes de corrupção sejam julgados por juris populares, e não por ricos ministros do STF cheios de privilégios.




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