×

TRAGÉDIA NO MEDITERRÂNEO | ONU pede que UE dê prioridade à proteção sem tocar na raiz da questão imigratória

quarta-feira 22 de abril de 2015 | 00:30

Genebra (EFE).- A Agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) pediu nesta terça-feira aos líderes da União Europeia (UE) que dêem prioridade à busca e ao resgate, assim como à proteção, perante a tragédia dos imigrantes que tentam atravessar o Mediterrâneo.

Os chefes de Estado e de governo do bloco comunitário realizarão nesta quinta-feira uma cúpula centrada na imigração irregular.

A Acnur lembrou hoje que quando pôs fim, em outubro, à operação de busca e resgate Mare Nostrum - após um ano de funcionamento salvando milhares de vidas - premeditou o atual "cenário" de tragédias de imigrantes afogados no Mediterrâneo.
A agência da ONU ressaltou que as medidas anunciadas ontem pela UE para enfrentar essa onda de imigração estão muitos centradas na luta contra o tráfico de pessoas e em fazer cumprir a lei, quando a solução passa por "múltiplas respostas".
"Queremos fazer um chamado à Europa para que desperte e encontre meios para enfrentar os desafios no Mediterrâneo, em particular quanto ao asilo e à dimensão de proteção", comentou o alto comissário adjunto para os refugiados, Volker Turk, à imprensa em Genebra.

As propostas da Acnur à União Europeia passam por reforçar as possibilidades de realocação de refugiados, a admissão por razões humanitárias e a abertura de canais alternativos legais para entrar na Europa.
"Pedimos que haja um aumento das operações de resgate, identificação adequada das pessoas que necessitam proteção internacional e a garantia de que serão distribuídas adequadamente dentro da UE", indicou Turk.

Segundo a agência que vela pelos refugiados, mais da metade de pessoas que conseguiram atravessar o Mediterrâneo no ano passado necessitavam de proteção, particularmente sírios, eritreus e alguns somalis.

Ainda que tente fazer um contraponto humanitário frente a postura xenófoba da direita italiana e europeia, – que diante da tragédia responde apenas com propostas de mais restrições e retirada de direitos aos imigrantes – a agência da ONU passa longe de abordar as causas previas que levam os imigrantes a ariscarem suas vidas na perigosa travessia.

Diversas organizações de direitos humanos e de esquerda europeias denunciam que são justamente os estados e os grandes empresários de países como Itália, França, Alemanha e Espanha os responsáveis pela situação de completa calamidade social na qual se encontram os países do norte da África.

Sobreviventes afirmam que colisão causou naufrágio

Vários sobreviventes do naufrágio do último domingo no litoral da Líbia afirmaram que a causa do acidente foi a colisão do navio pesqueiro no qual viajavam clandestinamente com a embarcação mercante portuguesa enviada para socorrê-los em alto-mar.

De acordo com depoimentos de pessoas que escaparam da tragédia, o capitão do barco deixou de conduzi-la para se esconder entre os imigrantes no momento no qual o navio "King Jacob", de pavilhão luso, chegava próximo ao pesqueiro, informou a imprensa local.

Tanto o capitão do navio que levava os imigrantes, de nacionalidade tunisiana, como seu assistente sírio sobreviveram ao acidente e chegaram ontem junto com outros 25 resgatados ao porto italiano de Catânia, no sul da Itália.

Ambos foram presos pelas autoridades italianas, acusados de pertencerem a uma rede de tráfico de pessoas, homicídio múltiplo culposo e incentivo à imigração ilegal.

Segundo a primeira reconstrução dos fatos feita pelas autoridades, os imigrantes, ao verem a chegada de ajuda, foram todos para o mesmo lado da barcaça, fazendo-a virar, o que provocou o naufrágio.

A Organização Internacional de Migrações (OIM) estimou hoje que 1.727 imigrantes morreram unicamente neste ano no Mediterrâneo, 30 vezes mais que no mesmo período do ano passado. EFE




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias