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O que representa a delação premiada de Eduardo Cunha?

quinta-feira 20 de outubro de 2016 | Edição do dia

O ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB) já esperava ser preso. Segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo, o peemedebista sabia que estava vulnerável desde julho, nos dias que sucederam sua renúncia, e depois, em setembro, quando teve seu mandato cassado.

Antes de sua prisão, Eduardo Cunha dizia que não faria delação premiada, mas contaria todos os bastidores do processo do golpe institucional, dando a entender que suas revelações poderiam derrubar o governo de Michel Temer. Além disso, Cunha teria escrito um dossie contra partidos.

Quando foi decretada a prisão do ex-presidente da Câmara dos Deputados e, até pouco tempo, um dos principais aliados do presidente golpista Michel Temer, a ordem dentro do Palácio foi não fazer comentários públicos sobre o episódio. Mas internamente, os assessores presidenciais admitiam que a prisão de Eduardo Cunha gera um clima de incerteza, porque ele é considerado um político ’’incontrolável’’.

Nos últmos dias, Eduardo Cunha já vinha enviando recados para o governo atirando em Moreira Franco, secretário - executivo do Programa de Parcerias do Investimento. O deputado cassado fazia isso quando ainda não acreditava que não seria alvo de uma autorização de prisão do Juiz Sergio Moro. O medo do governo temer é que ele seja estimulado a avançar nas acusações contra Moreira Franco.

Cunha chegou a dizer que, caso investigações avançassem sobre a atuação de Moreira Franco quando foi vice - presidente da Caixa, seria muito difícil a permanência dele no governo. Apesar de Moreira negar as acusações, os governistas sabem que se o ex-presidente da Câmera dos Deputados abrir sua caixa preta, ele vai envolver outros nomes do PMDB e ligados ao presidente. Podendo revelar, inclusive episódios relacionados a Temer.

De um lado, a possível delação premiada de Eduardo Cunha demonstra as relações espúrias entre os políticos e grandes empresários que sustenta o atual sistema. Como já sabemos, o próprio Eduardo Cunha alega se ele cair poderá derrubar deputados, senadores e até ministros. O dossiê escrito por Eduardo Cunha contra partidos políticos, reforça que a ideia de que a corrupção não é por causa de um partido ou outro, mas sim deste sistema político.

A grande pergunta que fica é: E o governo golpista de Temer, como que fica? Como já afirmamos neste site anteriormente, Michel Temer com medo de ser atingido pela delação premiada de seu antigo aliado começa querer acelerar com suas medidas impopulares. Temer quer mostrar para o imperialismo que é digno de confiança e que não merece ser punido com o impeachment.

A prisão de Eduardo Cunha acontece num momento em que o governo golpista de Michel Temer consegue uma relativa estabilidade com a votação da PEC 241 na Câmera dos Deputados. O atual cenário político vai determinar qual será a ação de Eduardo Cunha perante a sua prisão, mas também qual vai ser a postura da própria Operação Lava Jato em torno deste caso.

Se Michel Temer consegue implementar a PEC 241, a reforma da previdência, atacar a CLT e aprofundar a privatização no país, certamente a Lava Jato vai abafar a delação premiada de Eduardo Cunha. Porém do outro lado, se Michel Temer fracassa em sua missão em impor os ajustes aos trabalhadores, certamente o imperialismo através da Lava Jato vai preparar a sua queda.

Se Eduardo Cunha resolve acordo de delação premiada, não é somente Temer que vai cair mas também diversos deputados, senadores e ministros. Ou seja, a operação Lava Jato que estava apenas focada em desmantelar o PT, pode virar uma versão brasileira das mãos limpas italiana. Ao fazer isso, a Lava Jato não somente pode recompor o atual regime mas colocar alguém que seja capaz de implementar as medidas impopulares que o imperialismo deseja.

Outro ponto que chama a atenção no caso de Eduardo Cunha, foi sua relação com o atual presidente Michel Temer. Como afirmamos anteriormente, um dos proposítos do golpe institucional foi substituir os esquemas de corrupção petista pelo os esquemas de corrupção da direita. Sabemos que as relações entre os políticos da ordem se fundamenta no toma - lá -da - cá e neste sentido é preciso questionar: No que fundamentou a relação de Eduardo Cunha e Michel Temer?

O ex-presidente Eduardo Cunha é uma figura que causa repúdio a milhares de pessoas e neste sentido é compreensível que jovens e trabalhadores comemorem a sua prisão. Porém a intenção da Lava Jato ao prender Cunha, foi de passar um ar supostamente democrático na operação. Ao fazer isso, Sergio Moro e sua turma acabam de legitimar o golpe institucional que ocorreu no Brasil.

Somente a luta independente dos trabalhadores e demais setores populares da sociedade podem punir efetivamente Eduardo Cunha. Para combater Cunha, é preciso questionar este regime que permite que sustenta milhares de Eduardos Cunha. Neste sentido é preciso uma assembléia constituinte livre e soberana imposta pela luta. Para que isso aconteça, é preciso que as lutas contra os ataques de Temer, - como as ocupações de escola que ocorrem no Paraná - , levem ao questionamento do regime.




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