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OPINIÃO | O ensurdecedor silêncio de Ciro sobre a liberdade de Lula

Nenhum tweet, nenhum post. Esse silêncio mostra muito mais que a linha de Ciro, mostra alguns impasses do centro político burguês diante de que caminho adotar no país. Para os trabalhadores e a juventude é preciso não somente ver de que lado fica Ciro, mas ir além dos discursos do PT e aproveitar a debilidade da Lava Jato para avançar contra o golpismo e todos seus ataques e reformas.

sexta-feira 8 de novembro de 2019 | Edição do dia

A família Gomes é famosa por agressivas frases contra aqueles que defendiam a liberdade de Lula, entre elas o “Lula tá preso, babaca.” Por outro lado Ciro também era conhecido como virulento opositor da Lava Jato. Seu ensurdecedor silêncio dos últimos dias, nenhum tweet, nenhuma postagem no face nem durante o julgamento do STF, nem depois da libertação de Lula, ilustram não somente sua absurda tentativa de conciliar-se com o golpismo, especialmente o lavajatismo mas as dúvidas que pairam sobre todo o centro político nacional.

Ciro já havia dado mostras na eleição que seu projeto político perpassa conectar-se muito com uma opinião pública que beba do golpismo, incluindo sumir em Paris durante o segundo turno. Seu partido deu numerosos votos na Câmara e no Senado a favor da Reforma da Previdência. Não só Tabata Amaral, a candidata do bilionário Lehmann, mas Kátia Abreu e muitos outros votaram junto dos tucanos, do DEM e do bolsonarismo. Essa postura, diga-se de passagem não diverge da linha adotada pelos governadores do PT que apoiavam a reforma, sua extensão ao funcionalismo estadual e municipal em troca dos recursos da privatização do pré-sal.

O silêncio de Ciro ilustra algo maior que ele. Ilustra as dúvidas do centro político nacional, espremido entre Bolsonaro de um lado e Lula de outro. Espremido entre apoiar a agenda de ataques que Bolsonaro e Guedes anunciaram e conter os arroubos de seu governo para que foque no econômico mas o próprio centro ganhe um nome e força rumo a 2020 e 2022. Esse impasse também está atravessado por como se alinhar na disputa eleitoral americana, qual ala democrata atrair em meio ao anti-trumpismo já que os caminhos com os Republicanos parecem fechados, eles ligam-se a Bolsonaro.

Nessa noite o centro aguarda. Espera o desenvolver da reação à esquerda e à direita, espera a linha de Bolsonaro, a de Lula para procurar a sua. Nesses cálculos políticos para Ciro pouco importa o golpismo, pouco importa a Lava Jato, pouco importa a debilidade da Lava Jato para questionar os ataques em curso.

Enquanto isso há uma imensa oportunidade de aproveitar a debilidade da Lava Jato, esse pilar do golpismo para avançar contra todas as reformas e ataques. Para isso a classe trabalhadora e a juventude precisa ir além de ver de que lado toca Ciro, mas ir além dos discursos do PT e tomar em suas mãos a luta contra todo o golpismo. É necessário exigir das centrais sindicais a ruptura de sua trégua com Bolsonaro e colocar de pé um plano de luta pela anulação de todas sentenças da Lava Jato e para derrotar as reformas e ataques já aprovadas e aquelas em tramitação. É preciso que em cada local de trabalho e estudo ganhe força uma corrente militante que imponha as centrais sindicais uma linha diversa, da luta de classe, superando as direções das pelegas UGT e Força Sindical, mas também a CUT e CTB que deixaram passar ataques históricos sem nenhuma luta, e assim aproveitar a debilidade do golpismo para também enfrentar seu plano econômico.




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