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REFORMA DA PREVIDÊNCIA | O duplo discurso do PT e o apoio de seus Governadores à Reforma da Previdência no Nordeste

quarta-feira 18 de dezembro de 2019 | Edição do dia

Com apoio do PT e com as portas do plenário acorrentadas para evitar interferência dos protestos que ocorriam do lado de fora, parlamentares do Pará começaram ontem a discutir a Proposta de Emenda Constitucional (PEC 16/2019). A reforma propriamente dita, ficou para esta quarta-feira (18). A direção do Partido dos Trabalhadores do Pará lançou uma carta tentando justificar sua posição favorável à implementação deste ataque no estado.

O duplo discurso do PT

Para os trabalhadores, como consta na carta, o discurso é que a reforma da previdência é um mal-necessário e que estão batalhando para “amenizá-la” (lutar para barrar de vez a reforma, como estão fazendo os franceses, é coisa de outro planeta para esse partido).

Para os patrões, como mostra a prática, deixam evidente sua responsabilidade para com as pautas exigidas pelo empresariado, garantindo que os Estados em que são governo sejam os primeiros a aprovar a reforma (como ocorre no Ceará, Piauí e agora no Pará).

A demagogia descarada é que nos locais em que parlamentares petistas são minoria na Assembleia e oposição ao governo, como em São Paulo e Rio Grande do Sul, gritam contra a reforma da previdência. Mas gritam baixinho, é claro, sem grandes esforços de organizar uma oposição contundente.

Onde está a luta “nas ruas e no Congresso”?

A principal justificativa do partido é que seus esforços nas ruas e no Congresso para impedir o que chama de “Reforma danosa da Previdência” (e existe hoje proposta “não danosa”?) não se efetivaram. Entretanto, desde o começo deste ano viemos denunciando que o verdadeiro esforço dos governadores petistas do Nordeste está longe de ser a batalha contra qualquer reforma como esta, pelo contrário. Mesmo que com pequenas tentativas de alterações do atual texto, não só apoiaram a reforma quanto fizeram de tudo para ampliá-la para os estados e cidades, e agora que não conseguiram, se movimentam para aprovar reformas estaduais em troca de não perder repasses do governo federal para seus estados.

Ao mesmo tempo, temos também exigido que o PT coloque efetivamente todo o potencial que tem a partir dos inúmeros sindicatos e entidades estudantis que dirige para organizar em cada local de estudo e trabalho assembleias, comitês, reuniões que pudessem mobilizar os trabalhadores a lutarem contra estes ataques, a exemplo do que hoje vemos acontecer na França ou no Chile.

Não foi o que aconteceu, não por falta de vontade da juventude, que no começo do ano organizou enormes marchas contra os corte na educação, e mesmo trabalhadores que repudiam amplamente essas reformas. A união dos estudantes com os trabalhadores, na greve geral marcada para junho, poderia ter sido explosiva, mas não foi o que se efetivou. O que se efetivou foram chamados vazios a “dias de luta”, que não passaram de eventos de facebook sem organização pela base.

Contra os ataques de Bolsonaro, precisamos “falar francês”

Como abordamos aqui, no dia 5 de dezembro os franceses construíram a maior greve geral desde 1995, batalhando para unificar os mais diversos setores da classe trabalhadora, para mostrar novamente que absolutamente nada acontece sem nós, junto à juventude universitária e secundarista. São metroviários, ferroviários, professores fazendo piquetes junto a motoristas de ônibus, mulheres com um lema objetivo: tous ensemble (todos juntos).

Ontem (17) também foi um dia histórico, devido à magnitude da mobilização, com mais de 1,5 milhão de pessoas nas ruas. O anúncio oficial da Reforma da Previdência do governo francês feito não fez mais do que jogar gasolina no fogo. Enquanto a greve geral dos transportes já dura 13 dias, ao menos 1.800.000 pessoas se mobilizaram nesta terça no país.

O discurso duplo do PT não nos serve. De nada adianta um discurso em defesa da “democracia”, como fez Lula, reivindicando inclusive a revolta popular chilena, enquanto não defende a revogação das reformas, segue a agenda de ataques econômicos de Guedes, não move os enormes sindicatos que dirigem a se opor às medidas da reforma trabalhista que avança cada vez mais nos locais de trabalho
Nossa classe precisa, assim, tomar para si os exemplos e lições franceses, construindo oposições que chacoalhem essas velhas burocracias que tomaram os sindicatos e lutem para que na França e no Brasil não trabalhemos até morrer e sejam os capitalistas que paguem pela crise.




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