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PRECARIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO | O decreto de Alckmin e a farsa do "Maior concurso de professores da História"

terça-feira 8 de setembro de 2015 | 11:34

No dia 02/09 o Governador Geraldo Alckmin publicou na imprensa oficial o decreto Nº 61.466 que veta a contração de novos funcionários públicos, seja em caráter emergencial e/ou remanescentes de concursos públicos. Com a desculpa de corte de gastos para conter a crise financeira do estado, Alckmin confirma o que muitos já sabiam: a história do maior concurso para professores de São Paulo é uma farsa.

Essa medida atacará diretamente a educação, já que deixará muitos professores categoria O e os que foram aprovados no último concurso em 2013 sem trabalho. Como se já não bastasse os cortes na educação, que resultou no fechamento de mais de 3 mil salas de aula, superlotação, a demissão de mais de 20 mil professores categoria O no final do ano passado e a falta de material básico para as escolas, o governo promove mais um corte. Agora prejudica a contratação de professores e agentes de organização escolar, que visa cada vez mais tornar as condições de trabalho nas escolas mais precárias e sangrar a educação.

A falta de professores e agentes de organização escolar é um problema antigo e tende a se aprofundar com esse corte na contratação de funcionários públicos. Na prática, significa que no próximo ano o estado vai demitir professores, por conta da duzentena, e não contratará outros. Com a falta de professores, provavelmente Alckmin vai fechar mais salas e superlotar outras. Medida que vem muito a calhar para o governador. Também significa que milhares de professores que foram aprovados no concurso de 2013 e aguardavam ser chamados foram deliberadamente enganados pelo governador Geraldo Alckmin, que mais uma vez mostra todo seu descaso com os professores.

Os professores que estavam esperando assumir em 2016, pois assim foi dito que aconteceria, são os mesmos trabalhadores que possivelmente serão impedidos de trabalhar no ano de 2016 por terem que cumprir a famosa duzentena.
No ano de 2015, o Governador se mostrou intransigente ao se recusar negociar com o professorado paulista durante os três meses de greve, que denunciava os fortes ataques a educação de São Paulo, principalmente os baixíssimos salários dos docentes.

O argumento de cortes nos gastos públicos também se mostra frágil, já que no ínicio deste ano o governador Geraldo Alckmin, seu vice e todos os secretarios do estado tiveram aumento de 4,7%.

A fórmula do governo é simples, não aumenta o salário já totalmente defasado dos professores, demite e proibe novas contratações no quadro do magistério, fecha salas de aula, aumenta seus próprios salários e preserva os empresários e banqueiros, que mesmo no momento mais grave da crise batem recorde de lucro, mostrando de que lado os governos estão.

Maíra Machado, professora categoria O e Conselheira regional da Apeoesp Santo André denuncia:
"Começamos o ano com milhares de demissões de professores, eu mesma passei pela chamada duzentena e fui obrigada a ficar até junho sem emprego. Agora o que esta colocado com este decreto do Alckmin é mais demissão para categoria. Salas de aula precisando de professor e professores precisando de trabalho. Muitos dos remanescentes deste último concurso ficarão desempregados mesmo aprovados."

Guilherme Soares, professor categoria O da zona norte e remanescente do concurso também comenta o decreto:
"A pior parte de ser professor categoria O pra mim é ser demitido todo final de ano e todo ano ter que aguentar as atribuições de aula humilhantes, onde vários professores disputam poucas aulas. Em 2013, eu prestei o concurso para me efetivar na categoria com intenção de que parte desta novela iria acabar e que eu iria terminar o ano com a segurança de que terei meu emprego no ano que vem. Com o decreto do Alckmin é provável que nem na categoria eu esteja mais."

Aline Messias, professora da rede desde 2012 desabafa:
"Sou professora e sempre desejei trabalhar na rede Estadual de ensino e durante dois anos eu o fiz, fui contratada como Categoria O, em um momento em que todo o ano eu tinha que fazer uma prova (mesmo já estando na rede) para provar que era apta a exercer a profissão para qual me preparei. No ano de 2013 participei do concurso público do Estado de São Paulo e passei. Pensei que acabaria o drama de não ter as minhas próprias aulas, de todo ano passar por uma atribuição de aulas humilhante e confusa, porém o ano letivo começou sem ser realizada a primeira chamada para o concurso.

A insegurança se tornou algo visível em todos os professores categoria O contratados que temiam a qualquer momento perder as aulas atribuídas para os professores ingressantes, mesmo aqueles que tinham passado no concurso como eu, temiam perder aulas no meio do ano letivo e ter que esperar a boa vontade da secretaria de educação em convocar todos os professores que haviam passado. E isso ocorreu, no meio do ano letivo perdi parte das minhas aulas e assim minha renda ficou comprometida, mesmo assim a esperança de assumir meu cargo era algo que me fazia permanecer atenta às possíveis datas para ingressar como Professora Efetiva. No entanto, no inicio desse mês foi decretado pelo governador Geraldo Alckmin que não haverá contratação.

Para o governo se trata de um simples corte de verbas, para mim é a impossibilidade de exercer a profissão que escolhi e que sempre realizei com muito empenho, pois é algo caro para mim, me vi sem chão, pensei como é possível realizar um concurso e não chamar os profissionais que a área necessita? Pois não estou falando que não serei chamada por haver muitos profissionais, mas sim por que a educação de São Paulo não é importante para o governo do estado e isso é demonstrado a cada ano, com verbas cada dia menores e a situação de abandono que muitas escolas vivem.

No ano de 2015, não atuei na rede pública, tive que complementar a minha renda com serviços informais enquanto pensava que isso iria acabar no inicio de 2016, porém fica claro que não há como confiar no governo do Sr.Geraldo Alckmin, pois descarta os profissionais da educação como se fôssemos lixo! Ele mente ao falar que prioriza a educação, mais uma mentira entre tantas, como o famoso "maior concurso para professores já realizado"."




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