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O cínico chamado de Bolsonaro e capitalistas-pastores ao jejum

O jejum é praticado por diversas religiões, e o intuito aqui não é debater o ato de ontem deste ponto de vista. Mas chamar a atenção para o abuso por parte de Bolsonaro e dos capitalistas-pastores como Silas Malafia do desespero das pessoas em benefício de seus interesses é patente.

segunda-feira 6 de abril de 2020 | Edição do dia

As cenas que foram retratadas nas redes sociais durante todo o dia de domingo, 05 de abril, foram revoltantes. Atendendo ao chamado cínico de Bolsonaro e dos capitalistas-pastores, vídeos com fileiras de pessoas ajoelhadas, quando não curvadas, nas sujas ruas das capitais, como se viu na cidade de São Paulo, local de maior número de casos, foram publicados no twitter sob a hashtag #JejumPeloBrasil. Uma cena que desperta a indignação pelo cinismo de Bolsonaro. O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo em que as pessoas morrem de fome. Atualmente está apresentando uma progressão de contágio recorde pelo Covid-19, altamente subnotificado, enquanto os trabalhadores não viram um único centavo da diminuta ajuda anunciada pelo governo, que muito rapidamente deu de presente R$1,2 trilhões aos bancos. Bolsonaro faz esse chamado usando recursos públicos, e para utilizar os evangélicos como bucha de canhão para colocar fim as quarentenas e abrir comércio, ajudar os empresários que o apoiam e seus lucros, as custas de mais contaminações, mais mortes, inclusive dessa base que serve de bucha de canhão.

O jejum é praticado por diversas religiões, e o intuito aqui não é debater o ato de ontem deste ponto de vista. Mas chamar a atenção para o abuso por parte de Bolsonaro e dos capitalistas-pastores como Silas Malafia do desespero das pessoas em benefício de seus interesses é patente. Sob o ridículo slogan que circulou na rede instava os fiéis a “orar por Deus e por Bolsonaro”, querendo novamente replicar o status de divindade autoconcedido pelo reacionário e negacionista presidente. Enquanto isso arriscam a vida das pessoas, dos fiéis que dizem representar, apenas para mostrar apoio a Bolsonaro em meio à crise que o cerca, marcado pelo protagonismo crescente dos militares, na figura de Braga Netto, e dos atores do autoritarismo institucional, como Maia e o STF.

Já os capitalistas-pastores como Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo e administrador de pelo menos 120 templos, enquanto chamam seus fiéis a fazer jejum e se curvar nas calçadas, detém para si luxos que não deixam nada a dever aos CEOs de grandes empresas. Já comprou avião particular, passeia de lanchas, se gaba de que sua editora lucra R$ 45 milhões ao ano, e de ter recebido “dízimos” de até R$2 milhões. Suas posições ao convocar as pessoas a saírem a apoiar Bolsonaro no último domingo, demonstram o mesmo descaso pela vida das pessoas que outras figuras nefastas, como o “velho da Havan”, ou o dono do Madero. Quer se colocar aos berros como “porta-voz do povo da comunidade” e questiona as medidas de isolamento “porque quer ver como o povo sem salário ficará sem poder comprar comida”. Mas isso não passa de uma posição hipócrita, já que Bolsonaro a quem Malafaia apoia com unhas e dentes aprova uma nova versão da MP da morte, que na prática facilita a demissão, sem qualquer represália do capitalista-pastor, como não poderia deixar de ser. Aliás estaria Silas Malafaia disposto a ceder parte da sua imensa fortuna arrecadada em dízimos, em sua ampla maioria vindos do povo trabalhador, a partir da instituição de impostos progressivos sobre as grandes fortunas?

Por sua vez Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus, outro bilionário-pastor também apoiou o chamado de Bolsonaro. Agora que o acordo eleitoral apara apoiar Crivella foi fechado com Bolsonaro, culminando na entrada para o Partido Republicano de Flávio e Carlos Bolsonaro, vê-se como a unidade forjada para conclamar fieis a saírem às ruas e ficarem sem comer, atende a interesses eleitorais nada divinos. Os bispos-capitalistas à frente do império de comunicação evangélico, que tem a rede Record seu maior difusor ideológico, tampouco tem demonstrado qualquer disposição de “amor ao próximo” em dispor impostos sobre os bilhões que detém, para ajudar os trabalhadores e pobres frente à pandemia.

É preciso acabar com as isenções fiscais que estes impérios do grande negócio religioso ainda desfrutam, e impor impostos progressivos sobre as imensas fortunas que estão nas mãos destes capitalistas-bispos, que abusam da fé dos trabalhadores enquanto estão confortavelmente comendo do bom e do melhor em suas mansões. Com isso se poderia financiar pesquisa para testes massivos imediatamente, um plano de obras públicas para criar moradias dignas ao povo das favelas, dentre uma série de outras medidas para combater a pandemia. Os trabalhadores precisam dar uma saída independente tanto de Bolsonaro e dos capitalistas-pastores, quanto dos pretensamente "científicos" militares e governadores, que dizem defender a quarentena, mas que não garantem leitos, testes massivos, e defendem os lucros capitalistas. A tentativa calculista e criminosa de Bolsonaro de usar a base evangélica para mostrar que ainda tem poder de mobilização é um atentado ao Estado laico, e mais uma faceta de sua criminosa política. Mais que nunca é fundamental criar redes e comitês de difusão de informações científicas sobre o coronavírus, sobre a realidade e os planos do governo de demissão, fome e morte de Bolsonaro para o povo trabalhador, enquanto aos ricos tudo é concedido. O Esquerda Diário com seus comitês se coloca nesta perspectiva.




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