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IMIGRAÇÃO NA AMÉRICA CENTRAL | O assédio estatal aos imigrantes no México continua

quarta-feira 14 de novembro de 2018 | Edição do dia

Correspondentes centro-americanos/ Caravana migrante

Na segunda-feira (13), cerca de 4 mil integrantes da caravana migrante chegaram ao estado de Jalisco, no México. No dia 20 de outubro, a caravana havia cruzado a fronteira entre o México e a Guatemala.

Agentes do governo estadual de Aristóteles Sandoval, a polícia estatal, a Federação de Estudantes Universitários (FEU), assim como membros da Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH) do México impediram os imigrantes de sair do centro esportivo Benito Juárez, em Guadalajara, onde estavam acampados para seguir viagem até Tijuana.

Com o discurso de que os mantinham presos “para sua própria segurança”, fizeram um cerco à caravana. Dentro do recinto, distribuíram pães e arroz cru aos imigrantes, e aos que pediam para sair e conseguir comida, responderam que “se não lhes agradava, podiam dormir na rua”. Os imigrantes então exigiram que pudessem sair, ao passo em que o governo transformou o espaço em um centro de detenção, impedindo sua livre circulação.

Ao conseguirem sair do centro esportivo, a polícia agrediu violentamente um imigrante menor de idade dentro de uma viatura, e detiveram outros dois por mais de 6 horas. Quando foram a uma loja de conveniência próxima para comprar comida e tentaram reingressar no albergue, a polícia novamente agrediu homens e mulheres, ameaçando-lhes de morte e apreendendo seus celulares.
Vimos a atuação violenta e xenófoba dos policiais contra os imigrantes dentro do acampamento, valendo-se de discursos discriminatórios de raça e classe.

No momento, um cordão de isolamento formado por policiais encapuzados, com armas de fogo, cassetetes e cães de guarda, cerca o centro esportivo, além de outros 50 agentes da polícia que rondam o interior do acampamento.
Também queremos denunciar que os integrantes da Federação de Estudantes Universitários (FEU) da Universidade de Guadalajara fazem chamados de solidariedade à caravana em suas páginas no Facebook, enquanto permitem todas estas agressões aos imigrantes.

Até o momento, as autoridades locais haviam prometido 120 caminhões para nos transportar até a fronteira com o estado de Nayarit. Esta foi uma falsa promessa, pois dividiram a caravana e os integrantes que seguirão nos caminhões serão deixados a 100km de distância do ponto combinado.

Nós exigimos transporte seguro para a caravana migrante em seu deslocamento pelo norte do México. Decidimos seguir por esta rota, pois, apesar de mais longa, é a mais “segura” – ainda que tenha chegado até nós a informação da existência de grupos sequestradores no norte. Sabemos que a situação se torna mais perigosa para nós na medida em que nos aproximamos da fronteira com os EUA, e que Trump não deseja a nossa chegada.

Até o fechamento desta edição, grupos menores de imigrantes continuam chegando na cidade fronteiriça de Tijuana, onde a fronteira com os EUA já está sendo interditada.

Nós, imigrantes, fazemos um chamado a todas organizações sociais, de direitos humanos, aos sindicatos e estudantes a solidarizarem-se conosco e não nos deixarem sozinhos no êxodo imigrante.

Reafirmamos que: nenhum ser humano é ilegal!




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