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ENTREVISTA | “O SUS é para todos, se nós não lutarmos, daqui a pouco não vai ter mais”

Entrevistamos uma estudante de serviço social que faz residência no Hospital Universitario Pedro Ernesto, da UERJ, em manifestação nesta terça-feira na frente da Secretaria da Fazendo do Estado.

quinta-feira 4 de fevereiro de 2016 | 00:01

Nesta terça-feira (02/01), cerca de 50 residentes se reuniram em manifestação contra o fechamento do Hospital Universitário Pedro Ernesto, se reunindo na frente da Secretaria de Estado da Fazenda. Hoje (quarta-feira), estarão lá novamente às 15h, quando uma comissão será recebida pela secretaria.

Entrevistamos Letícia Diniz – estudante de Serviço Social e residente (HUPE/UERJ)

ED: Como está a situação dos residentes e a estrutura Hospital Universitário Pedro Ernesto?

Letícia: Nós somos residentes do Pedro de Ernesto, nos não recebemos a bolsa de dezembro. Somos da medicina, serviço social, enfermagem, fisioterapia, fonoaudiologia, nutrição e psicologia. Só a medicina não está paralisada, mas a residência “multi” está fazendo a carga horária de 30%. Porque estamos fazendo 30%? Porque somos Dedicação Exclusiva então a gente não tem nenhuma outra fonte de renda além da Bolsa Auxílio. A medicina consegue outros rendimentos então de alguma forma consegue se manter. Nós infelizmente não conseguimos. Hoje o hospital está passando pela sua segunda crise, se é armada ou não eu não sei. Mas o fato é que tem dinheiro para as olimpíadas e não tem para o hospital. O hospital está com os [salários dos] terceirizados atrasados, a equipe manutenção também sem receber, a rouparia também está trabalhado sob escala. Então fica difícil para a gente enquanto residente porque estamos em um processo de aprendizado que faz parte de uma formação continuada convivemos com essa situação porque atinge diretamente nosso ensino. O hospital desse jeito está sem cirurgia, aí Você pensa numa pessoa que está fazendo residência numa área de cirurgia? Como ela vai fazer isto? Inviabiliza. Isso num hospital universitário isto tem um impacto muito maior né, porque lá são atendidos os casos mais complexos da rede, tem especialidades que não tem em outro lugar, só tem no HUPE que é referência para muitos tratamentos.

ED: Pezão, em uma entrevista nesta semana, disse que o povo carioca vai passar uma travessia de sangue na nossa saúde.

Letícia: É, o sangue é só para quem está na ponta né. Só para quem está lá em cima eu duvido que esteja sem salário. Eu duvido que as contas dele estejam atrasadas ou que esteja gastando dinheiro com juros.

ED: E na mesma entrevista, Pezão diz que está procurando uma parceria para “resolver o problema do HUPE. Qual é a sua opinião?

Vou dar a minha opinião, eu não posso falar por todos residentes neste momento. Eu acredito que é um projeto de governo privatizar todos hospitais universitários e privatizar os serviços de saúde. Eu acho que quando você pensa em parceria, não existe parceria com outro serviço público, só existe com serviço privado. E essa não é a saúde que eu acredito, eu acredito numa saúde pública e de qualidade para todos como prevê o SUS. Eu espero que ele não tente, porque a gente não vai deixar. EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares) OS (Organizações Sociais) não entram no Pedro Ernesto, não com a gente lá dentro.

ED: E a UERJ acabou de mudar sua Reitoria. O novo Reitor já se pronunciou sobre esse tema?

Letícia: Olha, o Reitor não. O diretor do HUPE tem se mostrado contrário à privatização. Mas a gente sabe que não é o diretor que decide isso, isso não é uma decisão que vem de cima. Mesmo que ele se mostre contrário, ele não tem poder suficiente para decidir. Eu acho que quem tem poder suficiente para impedir é o povo, por isso que a gente tem que mobilizar todo mundo.

Gente, eu acho que é uma luta que não é só nossa, só dos residentes, só dos estatutários, ou só das pessoas que estão trabalhado. Eu uso o SUS, a minha família usa o SUS, ele é para todo mundo. Mesmo você tendo plano de saúde, se você tem um acidente na rua, é para lá que você vai, você toma vacina no SUS. O SUS é para todo mundo, se nós não lutarmos, daqui a pouco não vai ter mais.




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