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MINISTÉRIO TEMER | Novo ministro da indústria quer “mais agilidade” dos trabalhadores

O bispo da Igreja Universal e presidente do PRB (Partido Republicano Brasileiro), Marcos Pereira, que não tinha apoio da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e nem da CNI (Confederação Nacional das Indústrias), conseguiu chegar ao Ministério da Indústria do governo golpista de Temer após um empurrãozinho de ninguém menos que Joesley Batista, da JBS, maior indústria de carne do mundo – empresa que sempre controlou a marca Friboi, que, não custa lembrar, “coxinhas” desinformados adoram dizer que é do filho de Lula.

quinta-feira 2 de junho de 2016 | Edição do dia

Talvez no afã de demonstrar seu agradecimento a Joesley, mas também comprovando seu alto nível de desinformação sobre o setor produtivo, principal crítica dos representantes dos industriais, o novo ministro soltou a frase, “Na Marfrig, me falaram que há uma norma de que tenha um banquinho para o trabalhador que desossa o boi. Isso só existe no Brasil. Na prática, ele nem usa o banquinho, porque ele tem mais agilidade de fazer o trabalho de pé.”

Marfrig é um dos gigantes nacionais da indústria de alimentos, superada pela JBS após a compra da marca Seara em 2013. Já a tal norma não é exclusiva de uma ou de outra, trata-se da Norma Regulamentadora 17 (NR 17), que regulamenta as condições de ergonomia nos locais de trabalho, ou talvez a NR 36, criada em 2013 especificamente para as empresas de abate e processamento de carne e derivados, após ampla repercussão dos recordes de acidentes e doenças de trabalho registrados por essas empresa, como divulgado no documentário Carne e Osso.

Um pouco da realidade dos trabalhadores da carne

Talvez Marcos Pereira não saiba, mas para desossar uma sobrecoxa trabalhadores chegam a fazer mais de 120 movimentos em 60 segundos, enquanto o limite de movimentos por minuto recomendado é de 23 a 35. O frio constante nessas empresas causa contração natural dos músculos, o que exige mais esforço para realizar os movimentos. As jornadas excessivamente longas também são outra marca conhecida do setor, sendo que mesmo com o crescimento da produção incentivado pela alta das exportações não é acompanhado por proporcional aumento no quadro de funcionários nas empresas.

Segundo dados do Ministério da Previdência Social, os trabalhadores desse setor tem 4,26 vezes mais inflamações em músculos e tendões, 7,43 vezes mais lesões no punho e 2,24 vezes mais problemas de coluna do que a média. Outro dado não menos alarmante, talvez mais silencioso, o número de trabalhadores com transtornos de humor e baixa autoestima nesse setor é 3,41 vezes maior que a média de todos os trabalhadores brasileiros.

Ministro da indústria é teleguiado de empresários

O fato, pois, é que Marcos Pereira, desinformado ou não, está seguindo diretrizes, afinal, não foi à toa o empurrãozinho de Joesley. As NR’s estão na mira da FIESP, da CNI e do congresso, como mostramos aqui [http://www.esquerdadiario.com.br/Governo-e-patroes-duas-frentes-de-ataque-contra-a-saude-e-seguranca-dos-trabalhadores] e aqui [http://www.esquerdadiario.com.br/Conheca-11-Projetos-de-Lei-que-retiram-direitos-dos-trabalhadores-e-mostram-a-quem-serve-o], respectivamente. Por isso, também, o comentário do novo ministro dizendo querer ser um “facilitador” do setor produtivo.

Contra esse governo golpista, contra esse ministro teleguiado por empresários carniceiros, assassinos, em defesa dos trabalhadores da indústria da carne e de todas as categorias, nós do Esquerda Diário e do Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT), encampamos a defesa de Andreia Pires, ex-cipeira da JBS e demitida por lutar, assim como batalhamos diariamente para fortalecer a luta e os instrumentos dos trabalhadores.




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