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REFORMA TRABALHISTA E A MÍDIA PATRONAL | Novamente Globo mente ao defender ataques de Temer aos trabalhadores

A Rede Globo segue sua campanha pelos ataques contra os trabalhadores e o povo pobre levados adiante pelo governo Temer. Dessa vez foi o jornalista William Waack, âncora do Jornal da Globo, que afirmou que "as relações entre capital e trabalho no Brasil continuam presas a uma visão de oitenta anos atrás". Ele também contou com "explicações" do comentarista de economia, Carlos Alberto Sardenberg.

sexta-feira 23 de dezembro de 2016 | Edição do dia

Waack iniciou a edição do Jornal da Globo desta quinta-feira, 22, com um comentário sobre a reforma trabalhista de Temer. Ele disse que a "necessária reforma trabalhista" é "uma das questões mais importantes para o futuro do país" e lamentou que tenha sido necessário uma crise de proporções inéditas para mexer nas "vacas sagradas" dos direitos dos trabalhadores.

Dizendo que as relações entre capital e trabalho no Brasil estão presas a uma visão de oitenta anos atrás, Waack diz que é urgente uma "modernização". A sua "moderna proposta", no entanto, é apoiar as medidas de Temer de arrancar todas as conquistas dos trabalhadores e levar as relações de trabalho ao "moderno" patamar do século XIX, em que os patrões podiam impor jornadas absurdas e arrancar direitos sem nenhum empecilho legal. O "moderno" de Waack e Temer é seguir os preceitos do capitalismo sem leis em que a exploração feita pelos capitalistas aos trabalhadores não precisava se importar com "burocracias" como direitos a almoço, limite na jornada de trabalho, entre outros direitos que eles propõem arrancar.

Praticamente metade do tempo do jornal, cerca de vinte minutos, foram utilizados para fazer uma verdadeira propaganda dos ataques propostos pelas mudanças no FGTS e a reforma trabalhista de Temer (que eles continuam absurdamente chamando de "mini-reforma". O próprio Waack diz que se trata de um tema "impopular" (daí a necessidade dessa "ajudinha" do jornalismo patronal, que não é só por parte da Globo para tentar convencer os trabalhadores de que retirar seus direitos é lhes dar "liberdade" e é "bom para todos").

Outro nome chamado pela Globo para dar um ar "acadêmico" à sua defesa dos ataques aos trabalhadores foi o professor da USP, notório defensor dos empresários, José Pastore (aliás, elogiado por Waack), que declarou que a "liberdade" das negociações passarem por cima das leis é o "ponto alto" da reforma de Temer.

Carlos Alberto Sardenberg, comentarista de economia e apresentador da Rábio CBN - também parte do império Globo de telecomunicações - também fez parte da artilharia contra os direitos trabalhistas. Ele iniciou sua participação no jornal com a velha demagogia de que as medidas adotadas na reforma trabalhista não serão "obrigatórias", mas sim uma "opção" a ser adotada por patrões e empregados. Ou seja, define que o negociado irá se sobrepor ao legislado, deixando para cada patronal a prerrogativa de esmagar os direitos dos trabalhadores conforme lhes convenha. Sardenberg e Waack dizem que é um "ar de liberdade" nas relações trabalhistas.

A foto demonstra o ridículo ponto a que chegam ao tentar fazer sua propaganda da reforma tentar passar por "explicação isenta", ao apontar que a destruição das garantias legais de direitos dos trabalhadores na verdade seriam "liberdade de escolha" e "direito de usar o seu dinheiro". Sardenberg chega ao absurdo de dar como exemplo dessa "liberdade" a possibilidade dos trabalhadores "escolherem" almoçar meia hora e não uma (uma das medidas impostas pela reforma).

E, no auge de seu cinismo, ainda dizem que a preservação dos direitos trabalhistas atuais equivale a dizer que o trabalhador é "incapaz" de decidir por si mesmo, sobre seus direitos, um "idiota" e que "precisa do Estado tutelando" suas decisões. Afirma que é "o fim do mundo" dizer que "nos dias de hoje" é necessário que o Estado ampare as decisões dos trabalhadores, sendo que estes podem muito bem "negociar livremente" com os patrões.

O que Waack e Sardenberg escondem por trás de seu discurso hipócrita é que o Estado capitalista jamais "tutelou" os direitos dos trabalhadores; muito pelo contrário: ele colocou suas polícias ao lado dos patrões para assassinar operários e massacrá-los nas heroicas greves que travaram ao longo de décadas desde a revolução industrial, até que impusessem, para os patrões e seu Estado, que tivessem os direitos que conquistaram, e que são cotidianamente atacados por diversos órgãos desse estado (como vem fazendo o STF, tentando ajudar a reforma trabalhista por seus próprios meios). Quem, sim, utiliza o Estado para tutelar seus privilégios e exploração são os capitalistas, que têm a polícia, o legislativo, o executivo e o judiciário (e as mídias patronais como a Globo) para atacar as greves e lutas dos trabalhadores por direitos.

Com a crise atingindo em cheio o país, a proposta de "liberdade" de negociação é para que cada categoria tenham que enfrentar por sua própria conta os ataques da patronal, e os capitalistas tenham - esses sim - mais liberdade para impor condições de trabalho cada vez piores, como rebaixamento de salários e horas, como propõe o Programa Seguro Emprego (uma reedição por meio de Medida Provisória do ataque do Programa de Proteção ao Emprego já feito por Dilma em acordo com a CUT, que permite diminuição das horas de trabalho e dos salários). Separadamente, com a luta de cada categoria pulverizada, é muito mais fácil derrotar a resistência dos trabalhadores, sempre submetidos à chantagem do desemprego.

As "relações arcaicas" são essas que defendem Temer, Waack e Sardenberg, que colocam o lucro de um punhado de capitalistas detentores de fortunas imensas acima do direito a condições mínimas de trabalho da esmagadora maioria da população. Não há nada mais "arcaico" do que esse capitalismo carcomido, onde os privilégios de poucos se sobrepõem aos direitos de todos. As mudanças que queremos só virão por meio de nossas próprias mãos, por cima de demagogos hipócritas como Waack e sua defesa dos ataques de Temer.




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