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Nossa Classe Educação implementa rotatividade e troca diretora da Apeoesp

sábado 30 de março de 2019 | Edição do dia

Já durante toda a campanha da última eleição sindical na Apeoesp, em maio de 2017, o movimento Nossa Classe Educação deixou claro que manteria a decisão, já implementada na gestão passada, de fazer um rodízio entre seus diretores na Diretoria Estadual Colegiada do sindicato, na qual assumiu uma cadeira em junho de 2017.

Marcella Campos, professora na zona norte de São Paulo, passou nesta sexta-feira dia 22 de março, a cadeira de diretora para a Maíra Machado, professora de Santo André. Ambas atuam juntas no Nossa Classe Educação, em oposição a direção majoritário da Apeoesp (PT e PCdoB), que com seus mesmos diretores de sempre ocupam a anos e anos essas cadeiras, mas também para construir uma forte oposição que não se adapte aos métodos, calendários e atuação da direção majoritária, e que sirva para que os professores ganhem força para que tomem o sindicato de dentro de cada sala de aula de São Paulo.

Com apenas 3 meses de governo, Bolsonaro e Doria já mostraram a que vieram para atacar com toda força que puderem os trabalhadores, nossa aposentadoria e a educação.

Vemos um cenário caótico no MEC, com um ministro que até agora, assim como seu presidente, não fez mais do que dar declarações contra os professores e estudantes. Poderíamos passar horas listando todos os absurdos desferidos por Vélez. Em São Paulo Doria não é diferente, começou o ano com dezenas de publicações e resoluções para a pasta da educação que dia a dia vão deteriorando ainda mais a condição de trabalho dos professores. O último grande anunciou do secretário de educação Rossieli é que começará entrevistando os dirigentes de ensino, em parceria com empresas e fundações claramente inclinadas a privatização da educação pública. A iniciativa passará depois as gestões das escolas e sabemos onde quer chegar, em nós, os professores, como forma de chantagem e ameaça para que sigamos a cartilha do governo para a educação que até hoje só levou ao desmonte das escolas e da qualidade da educação. Também estamos há anos enfrentando o grande desafio de derrubar a reforma do ensino médio e a nova BNCC que esvaziam as escolas de três pontos de vista. Tiram alunos de dentro da escola, exclui conteúdos e deve causar a demissão de milhares de professores, ou seja, o cenário perfeito para implementar uma educação privada, à distância e que desconecta o ensino regular do ensino técnico.

Nacionalmente o governo Bolsonaro vem indicando que está disposto a tudo para aprovar a “mãe de todos os ataques”, a reforma da previdência, e fazer com que a gente trabalhe até morrer, enquanto eles devem continuar gozando de seus polpudos salários e privilégios. A reforma da previdência que ganhou esse contorno de batalha decisiva não só para os trabalhadores de conjunto, que não querem trabalhar até morrer, mas também para o próprio governo, grandes empresários e bancos, que querem descarregar nas nossas costas a crise que eles mesmos engendram. E para isso Bolsonaro já indicou que poderá inclusive atacar as organizações sindicais, como é com a MP 873, que quer estrangular os sindicatos.

Nesse cenário, é imprescindível fortalecer a luta dos trabalhadores e os sindicatos, mas esse objetivo passa centralmente por combater as direções sindicais adaptadas e encasteladas nos sindicatos há anos.

A rotatividade é levada por nossos diretores como forma de batalhar dentro dos sindicatos em que atuamos para que nenhum diretor, conselheiro ou cargo executivo siga confortavelmente dirigindo por cima dos trabalhadores, afastados de sala de aula há décadas, alguns chegando a quase 20 anos sem sujar a mão de giz e preencher diário, se desligando completamente da base e do cotidiano da categoria, se tornando verdadeiras âncoras e obstáculos para a organização de qualquer categoria e ainda mais da classe trabalhadora de conjunto. Os diretores, ainda mais os liberados de suas funções nos locais de trabalho para que se ocupem dos sindicatos, é para combater essa separação entre base e sindicatos, que também impede que novos professores assumam a direção do sindicato, com uma renovação importantíssima para renovar a confiança dos professores em sua entidade representativa.

Além disso, todo e qualquer auxilio dado pelo sindicato deve estar a serviço de construir a luta das professoras e professores, que já demonstraram uma força imensa nos momentos mais decisivos. Assumimos o compromisso da rotatividade para que nossos diretores estejam ligados a cada escola e a cada comunidade escolar que pudermos alcançar para a construção da luta pelos direitos dos professores e por uma educação de qualidade.

A defesa dos nossos sindicatos, que são ferramentas históricas da classe trabalhadora, só pode se dar se cada trabalhador se enxergar e se sentir representado por seu sindicato, e por isso a rotatividade é apenas uma medida de várias outras com o objetivo de mais democracia de base dentro dos sindicatos que nós do Nossa Classe Educação levamos na nossa atuação. Defendemos mais assembleias, reuniões e comandos deliberativos, para que as decisões nas negociações com o governo e os patrões não sejam definidas pelas cabeças distantes do chão de trabalho dos dirigentes encastelados, mas que seja sim um reflexo do desejo e vontade de cada um dos professores e trabalhadores, defendidas nesses espaços.

Nós professores do Nossa Classe Educação damos cada luta necessária nas instâncias dos sindicatos e nas escolas para que a Apeoesp de fato organize e construa a resistência dos professores contra os ataques que se acumulam há vários anos, mas que ganha um novo marco com a chegada de Bolsonaro, Doria e toda a extrema-direita que declaradamente colocou os professores como seu inimigo número 1.

Por isso batalhamos para a Apeoesp seja tomada nas mãos de cada professora e professor, sem distinção e divisão de categoria como já faz o governo. Defendemos iguais direitos a todos os professores, assim como defendemos que todos possam opinar nos rumos do sindicato.

O problema das direções encasteladas nos sindicatos é um desafio para todas as categorias de trabalhadores, em professores mais claramente com a CUT e a CTB, mas que também dirige outras dezenas de categorias e sindicatos importantíssimos do país, mas que nada fazem frente aos enormes ataques que seguem sendo feitos pelos governos e pelos patrões.

Até agora essas verdadeiras burocracias sindicais não só da CUT e da CTB, mas também de todas as grandes centrais sindicais, seguem paralisadas, fazendo o jogo do governo que se limita a negociações e ações parlamentares, por fora de organizar em cada categoria e em cada local de trabalho um plano de luta, que culmine em uma nova greve geral que derrote os ataques de Bolsonaro, Doria e companhia.

Nós, do Nossa Classe Educação, entendemos que dentro dos sindicatos essas batalhas por mais democracia nas instancias sindicais, por menos dirigentes burocratizados e mais organização dos professores para lutar deveria ser dada por toda a esquerda e a oposição, e defendemos a rotatividade dos cargos de toda a oposição em seus fóruns e plenárias. Os nossos diretores atuam com essa perspectiva e continuarão atuando, mas chamamos a toda a oposição da Apeoesp a também tomarem a proposta de rotatividade dos cargos diretores que ocupam.

Reivindicamos a atuação da professora Marcella, que nesse 1 ano e meio que esteve à frente do cargo impulsionou comando de mobilização em sua região, denunciou João Doria ainda na prefeitura, que de forma absurda marcou a mão de crianças para que não repetissem a merenda, construiu as paralisações da categoria no chão das escolas e que seguirá atuando agora como representante de sua escola, com outras dezenas de companheiros professores.

Maíra Machado, que assume levará a frente essas batalhas e as que se aproximam, já atuando nesta última forte paralisação das escolas, no próprio dia 22 de março em que assumiu, onde os professores, apesar do corpo mole da direção do sindicato, mostraram a disposição de luta e sua força, chegando a paralisar mais de 50% das escolas em todo estado.
Só assim, com o fim das direções encasteladas, com mais democracia nas decisões da Apeoesp e mais organização pela base da categoria é que poderemos retomar o histórico significado e a fortaleza dos sindicatos para derrotar a reforma da previdência, em união com as demais categorias, todos os ataques a educação, um dos principais alvos dos governos, e por fim defender nosso direito de se organizar nos nossos sindicatos.

Chamamos as professoras e professores que continuem acompanhando a atuação do Nossa Classe Educação na Apeoesp, nos chamando para os debates em suas escolas e regiões, mas também levando as nossas ideias de um sindicato mais democrático e combativo à frente.




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