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METROVIÁRIOS E POPULAÇÃO | Nós, metroviários de SP, estamos junto da população contra a reforma da previdência do Bolsonaro

Felipe GuarnieriDiretor do Sindicato dos Metroviarios de SP

quinta-feira 7 de fevereiro de 2019 | Edição do dia

A reforma que foi anunciada pelo governo através do Broadcast do Estadão é draconiana. São ataques contra a classe trabalhadora, querendo fazer com que nós paguemos pela crise que os capitalistas criaram. Os que vão pagar mais caro essa conta são as mulheres e a juventude, os principais alvos de Bolsonaro na reforma da previdência. Em nossa categoria de metroviários, estamos preparando uma greve contra a privatização, a precarização e seus efeitos, e essa luta também está a serviço de fortalecer nossa batalha nacional contra a reforma da previdência.

Nós, metroviarios, dedicamos nossas vidas todos os dias pra que os trabalhadores possam ter o transporte mais seguro possível. O governo Doria e a diretoria da empresa são verdadeiros inimigos do povo trabalhador, porque pioram a qualidade do serviço, privatizam e perseguem funcionários.

Da mesma forma que lutamos junto à população pelo melhor transporte (que deveria ser administrado pelos trabalhadores e controlado pela população, abolindo a privatização que só pensa no lucro), vamos lutar lado a lado de todas as mulheres, jovens, e trabalhadores contra a reforma da previdência do Bolsonaro

A reforma que foi anunciada pelo governo através do Broadcast do Estadão é draconiana. São ataques contra a classe trabalhadora, querendo fazer com que nós paguemos pela crise que os capitalistas criaram. Os que vão pagar mais caro essa conta são as mulheres e a juventude, os principais alvos de Bolsonaro na reforma da previdência.

Algumas das medidas mais atrozes são a equiparação da idade de aposentadoria entre homens e mulheres, aos 65 anos, idade a que populações de muitos municípios brasileiros sequer chegam. Com a alteração da lei de pontos 85/95 para uma contagem única de 105 pontos, as mulheres passariam por um período de transição pra aposentadoria que já tiraria, de tacada, de 3 a 5 anos de vida das idosas próximas de se aposentar já no próximo ano.

A equiparação das idades ignora que muitas mulheres cumprem funções que deveriam ser do Estado, como o cuidado com os filhos, os idosos, doentes, e até mesmo as tarefas que são naturalizadas como tarefas domésticas, destinadas as mulheres, que servem para reproduzir a vida da classe trabalhadora e que não são remuneradas. Essas mulheres trabalham dobrado durante toda a sua vida, e chegam à terceira idade adoecidas.

Em relação à juventude, a minuta de reforma da previdência foi apresentada casada com um enorme ataque, que é o aprofundamento da reforma trabalhista. Os jovens que ingressarem no mercado de trabalho, eles dizem que “poderão optar por duas portas de entrada, uma com as regras atuais, onde há muitos direitos e poucos empregos, e a outra, onde os direitos serão substituídos por maior oferta de emprego”, como se os empregadores fossem abrir mão de poder oferecer empregos sem direitos, uma brecha de vulnerabilidade que o governo abre para a juventude e que promete mais acidentes de trabalho, irregularidades na segurança do trabalhador, ausência de direitos mínimos como férias, 13º, e o já explicitamente atacado FGTS, que se tornaria um fundo de capitalização da previdência apenas, o que isenta a empresa de contribuição e também responsabiliza o trabalhador, sozinho, pela sua aposentadoria.

Em nossa categoria, esses mesmos ataques são sentidos com outra face, a da precarização e da privatização, que são frentes do mesmo objetivo de nos fazer pagar pela crise. Aqui, o cargo efetivo com mais direitos vem aos poucos sendo substituído por cargos terceirizados, com trabalhadores que muitas vezes não recebem o necessário sequer para sobreviver. São denúncias de acidentes de trabalho, vulnerabilidade ao assédio moral e sexual, além de condições desumanas de trabalho, em bilheterias sem qualquer ventilação, nas cabines claustrofóbicos do bilhete único.

A precarização e privatização do metro ameaça, ao mesmo tempo, a vida de trabalhadoras, trabalhadores e usuários. Nos últimos dois anos, vimos uma quantidade crescente de acidentes ocorrerem, nos quais os danos só não foram maiores à população graças a intervenção do trabalhador metroviário, cujo maior interesse é garantir a segurança da população que utiliza o transporte público. O da empresa, pelo contrário, é garantir os lucros de multinacionais, mesmo que seja com o custo de retirar a função de maquinista, causando acidentes como o que vimos recentemente no monotrilho da linha 15.

Frente aos acidentes, a empresa cria comissões fraudulentas para avaliar o caso, e em geral utilizam a mídia burguesa para fazer propaganda política pró empresa e governo e contra os trabalhadores metroviários, separando-os da população, que se lutarem junto contra a privatização e a precarização, seriam uma potência impagável na luta pela estatização do transporte, o que aumentaria a segurança do transporte, a qualidade dele, o nosso trabalho e certamente reduziria os altos custos de locomoção, que engolem parcelas enormes dos salários de toda a população.

É por isso que em todas essas lutas, seja na batalha em denúncia aos crimes da Vale, que com a privatização matou e desapareceu com centenas de trabalhadores em Brumadinho, seja na batalha contra a reforma da previdência nacional e local - que tem expressão agora na greve de municipários contra o SAMPAPREV aqui em SP - nós trabalhadores metroviários nos dirigimos a população para dizer que nossa luta está a serviço de fortalecer todas as nossas batalhas, regionais e nacionais, contra as privatizações, a reforma da previdência e para que sejam eles, os capitalistas, que paguem pela crise.

Um triunfo dos metroviarios, e dos servidores públicos da saúde e da educação de SP, contra o governo Doria, significaria um trunfo enorme para nossa batalha contra a reforma da previdência. Estamos junto aos professores, aos trabalhadores da saúde e à população nesse combate comum pelos nossos direitos.




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