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Nos 56 anos do Golpe militar, Bolsonaro diz que "é o dia da liberdade": liberdade pra quem?

O golpe de Estado inaugurou uma ditadura militar que durou 21 anos e perseguiu, matou e torturou jovens, estudantes, militantes, homossexuais e travestis. Muitas famílias até hoje não localizaram seus “desaparecidos”.

terça-feira 31 de março de 2020 | Edição do dia

O presidente Jair Bolsonaro, questionado por um apoiador, nesta terça-feira (31), se referiu ao aniversário do golpe militar de 1964, como "o dia da liberdade".

O general Hamilton Mourão, seu vice, também publicou uma homenagem em sua conta no Twitter.

"Há 56 anos, as forças armadas intervieram na política nacional para enfrentar a desordem, subversão e corrupção que abalavam as instituições e assustavam a população. Com a eleição [indireta] do general Castello Branco [o primeiro presidente da ditadura], iniciaram-se as reformas que desenvolveram o Brasil"

O próprio Ministério da defesa publicou uma nota alusiva à data. O texto chama a tomada de poder pelos militares de "marco para a democracia brasileira".

Mas liberdade pra quem?

O golpe de Estado inaugurou uma ditadura militar que durou 21 anos e perseguiu, matou e torturou jovens, estudantes, militantes, homossexuais e travestis. Muitas famílias até hoje não localizaram seus “desaparecidos”.
Era tradicional a prisão e perseguição aos homens que “pareciam” gays e o fechamento de lugares, bares e boates de encontro deste público. Assim como com as prostitutas.
A repressão matou líderes sindicais, acabou com muitos sindicatos e consequentemente com a auto-organização dos trabalhadores.
Havia horários para transitar nas ruas. Muitos trabalhadores apanhavam gratuitamente por estarem nas ruas a noite voltado de seus postos de serviços.
Os negros com cabelos black eram perseguidos, assim como seus bailes e funks.

“O dia da liberdade” só existia para os militares e burgueses que se beneficiaram do regime.

Não admira que Bolsonaro reivindique essa data que sufocou os setores oprimidos e cerceou por completo as liberdades. Além de ser patrocinado abertamente pela embaixada norte-americana, pelo Departamento de Estado e pelo FBI, para acabar com esses germens de organização das massas trabalhadoras que começavam surgir, e subordinar o Brasil à sua política externa.

Esse governo, hoje, homenageia torturadores como Brilhante Ulstra durante sessão de impeachment e outros ditadores como Alfredo Stroessner do Paraguai e a Pinochet no Chile. E nomeia militares do alto escalão para os ministérios. Não faltam generais que querem retirar qualquer referência ao golpe ou ditadura militar dos livros escolares com a justificativa de que “não foi tudo isso que a esquerda fala”, seguindo o projeto de censura do “Escola Sem Partido”.

O chamado "milagre econômico", argumento de quem defende esse regime, teve como base de sustentação a multiplicação da fraudulenta dívida externa brasileira, arrocho salarial, inflação extremamente altas e consequentemente preços absurdos, aumento das jornadas de trabalho e uma abertura sem precedentes aos interesses das multinacionais e do imperialismo.

Nada de bom surgiu para a classe trabalhadora, setores oprimidos e o povo pobre brasileiro dos governos militares. Ao fim do chamado milagre econômico, o Brasil entrou em umas das maiores recessões da sua história.

A intenção do governo Bolsonaro é evidente. Acena com a repressão, a tortura e os assassinatos políticos para implementar seu plano econômico: acabar com os direitos trabalhistas previstos na CLT para as próximas gerações, entregar todo o patrimônio público para as empresas multinacionais.

Repudiamos a reivindicação do golpe de 64: não esquecemos e não perdoamos! Exigimos a revogação da Lei da Anistia de 1979, assim como o julgamento e punição de todos os responsáveis civis e militares pelos horrores causados pela ditadura.




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