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CHACINA OSASCO | No sétimo dia da chacina em Osasco, moradores fazem ato ecumênico

Na noite desta quinta-feira ocorreu o ato ecumênico de sete dias da chacina de Osasco, no bairro do Munhoz Jr. Mais de uma centena de moradores da região participaram da manifestação religiosa, que contou com a presença de padres, pastores e pais de santo, além dos movimentos sociais.

sexta-feira 21 de agosto de 2015 | 00:34

Organizado por moradoras do bairro junto de Dona Zilda, mãe de Fernando, mais conhecido como Abuse, um dos mortos na chacina de semana passada, a manifestação de hoje era ao mesmo tempo uma cerimônia religiosa e um pedido de justiça. Durante várias das falas que abriram o ato, a população passava a gritar “Justiça” repetidamente, expressando a desconfiança que os moradores têm de que os assassinos não sejam condenados. Até esta quinta, ninguém havia sido preso e apenas foi noticiado que seriam dez pessoas envolvidas nos assassinatos.

Jovens do movimento estudantil da cidade de Osasco estiveram presentes junto aos moradores, além de movimentos sociais como as Mães de Maio. O prefeito, Jorge Lapas (PT), disse às organizadoras que iria, mas não apareceu. Diversos familiares vêm relatando como os governos tem sido omissos e que estão recebendo pouca ajuda por parte do Estado.

A chacina assustou a todos no bairro, que agora já vive sua rotina comum, mas que continua sob o medo da violência e sente a dor de seus mortos. Fátima, uma das organizadoras do ato ecumênico, disse: “Nós não gostaríamos de estar aqui por este motivo, mas estamos reunidos para pedir paz”. O padre Martin fez uma dura fala contra o governo, e disse não ter dúvidas dos culpados: “Quem matou foi o Estado. Chega de fazer um minuto de silêncio na periferia. A periferia quer educação, saúde, cultura, e desta forma, quer paz”. E terminou dizendo “Nossos mortos têm voz!”.

Após falas de pastores e representantes do candomblé, que disseram ser “necessário pôr um fim à opressão do Estado”, o padre Tião, histórico militante católico da teologia da libertação, conduziu a caminhada do ato ao redor do terminal de ônibus do Munhoz Jr, enquanto era rezado o Pai Nosso. Tião afirmou em sua fala que “a região está indignada com a violência no Brasil”, e disse que é preciso pedir por justiça.
No encerramento do ato religioso, Juvenal, dono do bar onde ocorreram as chacinas do bairro e irmão de um dos mortos, disse que: “perdi não só meu irmão, mas todos ali eram meus amigos e irmãos. O que a gente mais pede no bairro agora é paz. Queremos respeito pro pessoal que mora na periferia, e agradecemos todos os que estão nos ajudando. Nós vamos lutar por segurança pra nós”.

Dona Zilda também falou com os moradores presentes e, emocionada, disse que “a força que vocês estão me dando é que me deixa em pé nesse momento. Agradeço muito à minha comunidade pela ajuda. Quem daqui perdeu parente tá sentindo muito a dor que sinto. Nós somos negros e favelados. Agradeço também a impressa, que foi nossa porta voz e respeitou nós”. Após sua fala, os moradores gritaram “Abuse”, o apelido de seu filho, e todo o ato respondeu com a palavra “Presente”! A fala de Miriam, moradora do bairro, atacou diretamente os governantes, mostrando todo o sentimento de revolta que a população está. Ela disse que “o governador Alckmin tem que se explicar junto com o secretário, pois quem matou é bandido e tem que pagar, nem que seja polícia”.

A investigação ainda não levou a nenhum suspeito, porém, é necessário desconfiar de uma investigação feita pelo próprio Estado e onde o principal suspeito é sua polícia. Reconhecidamente uma das mais assassinas do mundo e, aconselhada pela ONU a ser dissolvida, a Polícia Militar paulista tem diversas acusações de possuir grupos de extermínio em seus batalhões, que atuam nas periferias assassinando o povo pobre e negro.




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