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No ritmo do carnaval, Alesp avança contra a aposentadoria dos servidores

Enumerar a desgraça é fácil: aumento da alíquota de contribuição, aumento da idade mínima, regras diferenciadas para a polícia, exigência do tempo mínimo de contribuição de 25 anos no caso de aposentadoria voluntária, aumento da idade mínima dos professores.

sexta-feira 21 de fevereiro de 2020 | Edição do dia

Não surpreendentemente, a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) volta a desfilar confusão e baixaria entre os parlamentares: uma verdadeira sapucaí nefasta, na qual se trabalha até morrer e o Estado burguês, bradando marchinhas de louvor aos bandeirantes carniceiros, ri o riso das aposentadorias roubadas. Como já se sabe, a alegoria da noite veio acompanhada da votação do último dia 18, em primeiro turno, favorável à reforma da previdência no Estado; a batalha, contudo, não foi perdida ainda: é preciso engendrar, mais e mais pela base, a organização dos trabalhadores contra este ataque.

As disforias carnavalescas dos políticos capitalistas dessa semana não são novidade na vida dos trabalhadores de São Paulo. O governador João Dória, um austericida burguês metido à fanfarrão político, demonstra materialmente a decrepitude do sistema econômico capitalista: ataques impiedosos à classe trabalhadora, das formas mais desesperadas possíveis, a fim de manter a ordem dos patrões paulistas, a maré dos bons negócios. Enumerar a desgraça é fácil: aumento da alíquota de contribuição, aumento da idade mínima, regras diferenciadas para a polícia, exigência do tempo mínimo de contribuição de 25 anos no caso de aposentadoria voluntária, aumento da idade mínima dos professores.

O difícil é engolir a labuta, tragar a espoliação escancarada calado; enquanto isso os excelentíssimos deputados do PT e das burocracias sindicais resmungam “em defesa dos direitos dos trabalhadores". Mas ora, onde estavam eles quando da aprovação da reforma? Nas ruas junto aos trabalhadores? Que tipo de resistência é essa que se esconde atrás de tribunas.

Como bem dizia Gramsci, há certas arenas sociais nas quais as forças políticas se enfrentam de forma mais bárbara: primeiro no parlamento, depois nas ruas, quando a folia acontece – diante da situação atual, apenas a mobilização pela base da categoria pode impedir o avanço da reforma da previdência.

Mas bem, sejamos justos com o excelentíssimo senhor Dória – esse mesmo que ficou, digamos, com o sono um tanto perturbado após as denúncias de repressão ao carnaval pelo Esquerda Diário. A conjuntura de fuzilamento das aposentadorias é nacional – ou melhor, internacional. Não nos esqueçamos da França, exemplo de verdadeira resistência, do proletariado em luta contra a reforma da previdência de Macron; não nos esqueçamos dos governadores progressistas do Nordeste, tão elogiados por certa esquerda, em especial Flávio Dino do PCdoB, todos favoráveis à reforma da previdência em seus respectivos Estados.

Ora, não é hora de dar nenhum passo para trás! É necessário exigir da APEOESP e do sindicato dos servidores públicos uma mobilização urgente, calcada fortemente pela base da categoria e não meia dúzia de ações isoladas e falatórios dos dirigentes que não levam a nada, senão desmobilização e recuo. É preciso alinhar as lutas dos sindicatos, dar apoio aos petroleiros em greve, fomentar assembleias populares com a base das categorias atingidas.

Dessa forma, a Faísca se solidariza com os trabalhadores e trabalhadoras afetados pela patifaria de Dória e exigimos das centrais sindicais posicionamento contundente e firme – ser capaz de amplificar os focos de incêndio, fazer a folia de carnaval em cima da burguesia. Para isso, é preciso ir à frente da luta, sem passos para trás, sem samba no escuro – viva à luta dos trabalhadores de SP!




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