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CORONAVÍRUS | SUS | No país de Paulo Guedes há trilhões para bancos, mas 43% dos municípios não têm leitos no SUS

A situação do SUS é grave, e mesmo frente a essa pandemia, os governos assistem ao sistema de saúde caminhar para o colapso pela falta de leitos regulares e de UTI. Sem garantir que os leitos do sistema privado estejam a disposição do SUS, não há resposta para essa crise sanitária.

segunda-feira 6 de abril de 2020 | Edição do dia

O SUS vive em meio a pandemia do COVID-19 um momento drástico. Com medidas dos governos destinadas a salvar as empresas e os bancos com trilhões de reais, e pouca ou quase nenhuma resposta efetiva para a crise sanitária, a falta de leitos a cada dia que se passa se torna um problema maior, mais próximo e evidente para enfrentar a pandemia. Com o problema diante dos próprios olhos, tanto Bolsonaro e seus gritos contra o isolamento, desesperado para ver a “economia girar”, quanto os governadores e o Congresso, que tentam aparecer aos olhos do povo como “preocupados”, defendendo o isolamento, mas sem garantir que as pessoas consigam se sustentar frente a ele, estão deliberadamente impondo que os trabalhadores e a população pobre pague com suas vidas esta crise.

A anos o SUS vem perdendo leitos, mais precisamente 34,5 mil. Segundo matéria do Estadão, a perda de leitos é justificada pelo fato de os hospitais com convênios pelo SUS deixarem de ser lucrativos. Quando olhamos para a situação dos leitos por município, a imagem fica pior ainda. 2608 municípios, dos 5.571 de todo o país não possuem leitos de hospital, e seus moradores não terão onde ser atendidos caso contraíram o coronavírus. Teriam de se deslocar para outras cidades, em busca de tratamento, caso necessitasse de leitos. Apenas 53,1% dos municípios tem leitos de hospitais para atendimento.

A situação dos leitos de UTI não é menos grave.A média de leitos do país é de 21, a cada 10 mil habitantes, sendo do SUS, 1 a cada 10 mil. E hoje, 75% dos brasileiros usam o SUS, e apenas 25% têm plano de saúde, sendo que os hospitais privados tem uma proporção de leitos de 4,8 por 10 mil segurados.

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Vendo por municípios, são menos de um quarto deles (23,2%, ou 1.295 do total) que não possuem nenhum leito de UTI, e que moradores que precisem de tratamento intensivo também terão que sair das suas cidades para se tratar contra o vírus. Uma situação alarmante, que exibe o quando os governos botam em jogo a vida de milhões de trabalhadores e trabalhadoras brasileiros.

Estamos cada dia mais adentrando na crise sanitária fruto dos desmontes da saúde pública que opera a décadas no Brasil, e que provam agora suas consequencias com a pandemia do coronavírus. E dos governos as respostas que recebemos são diretamente apontadas para, primeiro de tudo, salvar a economia, e com o que sobrar, gasta-se com medidas insuficientes para o controle da pandemia.
Por isso, para superar a crise sanitária, é preciso ir muito além do isolamento, que também nunca foi uma realidade possível para milhões, que seguem tendo que trabalhar todos os dias. É necessário também que haja, em primeiro lugar, a testassem massiva da população, passando por cima da clara subnotificação de casos, impedindo situações como a pessoas que morrem pelo COVID-19 sem receber os resultados de seus testes, e garantindo um controle maior sobre a quantidade de contaminados. Só assim, saberíamos também, a real demanda de leitos que vamos ter fruto dessa crise.

Quanto a evidente e descarada falta de leitos no SUS, não há saída para evitar o colapso do sistema sem que todos os leitos, respiradores e equipamentos necessários da rede privada sejam postos à disposição do SUS, sem qualquer tipo de indenização, e sob controle dos trabalhadores da saúde. Em meio a pandemia, não podemos aceitar que milhões de trabalhadores sejam condenados à morte pela falta de respiradores e de leitos de UTI, enquanto os governos despejam trilhões para salvar os empresários, e enquanto existem equipamentos disponíveis na rede privada.

A demagogia dos hospitais de campanha, que evidentemente serão necessários também, busca esconder que os governos não querem deixar o ônus da crise para os bolsos dos grandes monopólios da saúde, mas sim querem largar esse ônus nas costas da classe trabalhadora e da população pobre do Brasil, que em grande parte segue sendo obrigada a trabalhar, ou tendo cortes em seus salários, contratos suspensos, e perdendo garantias para se manter vivos durante essa crise.




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