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Desigualdade salarial | No Brasil, homens brancos do 1% mais rico têm mais renda que todas as mulheres negras

Esse 1% representa 705 mil homens brancos (0,56% da população) enquanto as mulheres negras que somam 32,7 milhões de pessoas representam 26% de toda a população adulta do país.

terça-feira 14 de dezembro de 2021 | Edição do dia

Os 705 mil homens brancos que fazem parte do 1% mais rico do país e representam 0,56% de toda a população adulta possuem 15,3% de toda a renda, essa porção é maior do que a de todas as mulheres negras adultas juntas, que somam 32,7 milhões de pessoas e são 26% da população adulta, possuem apenas 14,3% da renda nacional, de acordo com o levantamento do Made/USP (Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades, da Universidade de São Paulo).

A base do estudo são os dados da mais recente POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares), de 2017 e 2018, do IBGE e da Declaração de IRPF (Imposto de Renda das Pessoas Físicas), da Receita Federal. E escancaram a desigualdade salarial que se aprofundou no governo Bolsonaro, que garante lucros altos a um punhado de ricos, enquanto joga milhões na fome, em empregos precários e sem direitos e também no desemprego. Luiza Nassif Pires, pesquisadora do Made, acrescenta também que a pandemia serviu para concentrar ainda mais renda e aumentou a desigualdade de raça e gênero.

“A própria forma como a divisão se dá tende a direcionar mulheres a trabalhos de menores rendimentos, uma vez que essas são maioria no setor terciário, em expansão no Brasil e com altos níveis de precarização e informalidade”, argumenta Luiza.

Dados de 2020 mostram que as mulheres negras representam 27% da população e ocupam 50% dos empregos informais. Elas são 74% dos que estão em trabalhos informais, mostra Maitê Gauto, gerente de Programas e Incidência da Oxfam Brasil. Isso mostra que a precarização do trabalho no Brasil tem rosto de mulher negra, que é o setor da população mais atacado pelas reformas e o que mais sofre com o desemprego e salários de fome.

Os brasileiros brancos – homens e mulheres – que estão nos 10% dos mais ricos, representam 6,9% da população total, e ficam com 41,6% de toda a renda. Ao mesmo tempo, todas as pessoas negras, que são 53,8% da população recebem 35% da renda total. Também, 7 em cada 10 brasileiros mais pobres são negros e representam 70% dos 10% da população com as menores rendas. Os adultos brancos que são 10% do topo – pouco mais de 8,6 milhões de pessoas – possuem 41,6% de toda a renda. Enquanto a porcentagem de renda de todos os adultos negros (65,7 milhões de pessoas) é de 35%.

Esses dados escancaram não apenas a desigualdade salarial considerando o gênero e a raça, mas também evidenciam a contradição de classe que se expressa no país, onde a classe trabalhadora que é majoritariamente negra e feminina sofre os pesos dos ataques do governo aos serviços públicos e precarização do trabalho, assim como as reformas, enquanto a classe burguesa, pelo outro lado da moeda, vê seus lucros aumentando consideravelmente na mesma pandemia que deixa mais de 20 milhões de pessoas na fome.




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