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GOVERNO TEMER | No 1º de maio, Temer finge que a reforma é boa e que ignora a força da greve geral do 28A

Logo pela manhã, o presidente golpista Michel Temer publicou apenas nas redes sociais o seu discurso para esse 1º de maio. Acovardado pela demonstração de força dos trabalhadores na greve geral dessa sexta-feira e pelo rechaço quase absoluto dos trabalhadores a sua pessoa e governo, Temer se negou a realizar o tradicional discurso de presidencial do 1º de maio nas TVs e rádios.

Ítalo GimenesMestre em Ciências Sociais e militante da Faísca na UFRN

segunda-feira 1º de maio de 2017 | Edição do dia

O vídeo, no entanto, parece ter pouco afinco de convencer o trabalhador dos benefícios (irreais) que as reformas, em especial à trabalhista, supostamente trazem à geração de emprego e à garantia de direitos trabalhistas. O discurso parece não ter sido pensado para a nova situação política do país, marcada pela histórica greve geral da última sexta-feira, que demonstrou a força em potencial dos trabalhadores de parar o país e derrotar Temer e suas reformas.

Do contrário, Temer diz que, logo no início da gravação, históricas são as reformas do seu governo golpista que botam na conta do trabalhador a crise econômica do país, pois caminhariam no sentido de “modernizar” as relações de trabalho, possibilitando “inúmeras vantagens” ao trabalhador, segundo o presidente e cabeça-chave do golpismo.

Confira o vídeo:

“Primeiro vamos criar mais empregos”. Ponto. Como mágica, Temer quer que acreditemos que reduzir a pó a CLT, cujas garantias aos trabalhadores só existem por conta de muita luta como a que os trabalhadores travaram no dia 28, vão milagrosamente criar “uma nova fase, uma fase em favor do emprego”.

É um discurso que parte do pressuposto comum na cabeça de qualquer empresário, burguês, capitalista ou presidente amigo próximos deles, de que é preciso reduzir o “custo do trabalhador” para o empresário poder lucrar ainda mais explorando mais ainda quem sua no trabalho. O trabalhador e seus direitos são vistos mais uma vez como um peso no país.

“Segundo, todos os seus direitos trabalhistas estão assegurados”. Ponto. O objetivo do vídeo de convencer os trabalhadores que pararam o país sexta-feira contra as reformas, pois sabem que elas caminham contrário à segurança de direitos, parece uma tarefa que demanda mentiras demais para Temer assumir, de modo que ele não se dedica tanto a isso, mas apenas a ideia – mais que falsa – de que estaria buscando um diálogo com os trabalhadores.

Ao defender que na Reforma Trabalhista permitirá que “empresários e trabalhadores poderão negociar acordos coletivos de maneira livre e soberana”, Temer revela que as suas intenções com o vídeo é meramente de remarcar um perfil de governo, falso em toda linha, de primar pelo diálogo: “O diálogo é a palavra de ordem”. Não há diálogo real no governo Temer, haja vista como foi aprovado todos os ataques até agora, como a terceirização irrestrita e a Reforma Trabalhista na Câmara, em caráter de urgência, debaixo do nariz do trabalhador. Fruto de um golpe, Temer não se preocupa de fato em dialogar, haja vista a sua postura de ignorar a sua aprovação de 4% para seguir a sua linha golpista de encaminhar profundos ataques aos direitos dos trabalhadores.

No próprio dia 28, a mídia nacional e internacional, assim como o prefeito empresário de São Paulo, João Dória, responsabilizou Temer por não ter “explicado direito” as reformas à população, de modo que, nesse vídeo, ele tentou responder à cobrança.

Porém, como não poderia ser diferente, no vídeo Temer não só explica mal a Reforma Trabalhista como imprime sobre ela uma falsa imagem progressista (ou seja, mente). Na própria questão dos acordos coletivos, ponto central da Reforma, o que acontece hoje já é uma negociação entre trabalhador e patrão, mas com base em um artigo da Constituição que permite apenas acordos que bonificam o trabalhador. O que essa reforma trará agora é uma faca na mão do patrão para que ele coloque no pescoço do trabalhador e permita que exista um verdadeiro leilão de direitos na contratação. Perante uma longa fila de desempregados, o trabalhador que estiver disposto a abrir mão de mais direitos é o que o patrão escolherá.

A modernização das relações de trabalho que Temer diz é a que permite a terceirização generalizada dos postos de trabalho, que todo trabalhador deve saber que significa salários arroxados, condições de trabalho precarizadas, insalubres, sem equipamentos de segurança, e sujeitas aos frequentes calotes das empresas contratantes, que desaparecem e deixam os trabalhadores na rua, sem salários, seguro-desemprego ou qualquer direito.

O clima de “harmonia” entre patrão e empregado, com menor número de ações na Justiça, que Temer prega no vídeo, só será harmonioso para o próprio patrão. Só existirá essa harmonia por conta do texto da reforma que tornará regular práticas ilegais que o patrão exercia para não pagar direitos do trabalhador, inclusive conflitos que envolvem trabalho diretamente escravo.

Podemos entender o vídeo, de maneira conclusiva, como um sinal de que Temer não pretende, e nem poderia, retroceder com seus ataques, portanto busca “apaziguar” a situação política pós-28A com um perfil complacente à força demonstrada pelos trabalhadores na sexta-feira e de “diálogo” em defesa das reformas. No entanto, Temer não convence ninguém com seu discurso, de modo que os trabalhadores estão agora mais convencidos apenas de sua força e capacidade de derrotar Temer, seu governo e suas reformas.

Temer na defensiva, momento da batalha decisiva. Comitês de base para tomar a luta na mão dos trabalhadores.

Do mesmo lado que Temer, a Força Sindical já assumiu que não quer que essa força dos trabalhadores atinja esse potencial, propondo no próprio dia 28 que houvesse uma negociação das reformas por trás dos panos. Por isso os trabalhadores precisam de comitês de base, em cada local de trabalho, que não deixe a luta nas mãos de centrais sindicais como a de Paulinho da Força, que já anunciam a sua traição. Mesmo a CUT e a CTB, como sempre denunciamos nesse portal, querem atuar nessa luta agora instaurada de maneira a resumi-la a “pressão parlamentar”, que provoque os políticos do Congresso a “amenizarem” (como se fosse possível) as reformas, e capitalizar essa mobilização histórica dos trabalhadores para uma via favorável a campanha eleitoral do Lula 2018.

Os trabalhadores construíram um momento político em que está instaurada uma batalha decisiva contra os ataques de Temer. Se Temer recua nas reformas, ele assina a sua fraqueza e pode cair pela força dos trabalhadores; se avança e consegue aprovar as reformas a qualquer custo, pode gerar uma revolta poderosa que derrube seu governo. Por isso é urgente que os trabalhadores tomem a luta em suas mãos desde a base, acumulando um volume devastador de forças capaz de impor no país uma nova Constituinte onde os próprios trabalhadores sejam os agentes de uma transformação profunda no país, que ponha abaixo esse regime político corrupto, regado de privilégios aos políticos, cuja função é legislar e atuar judicialmente contra os trabalhadores e seus direitos. Uma constituinte que discuta a redução da jornada de trabalho sem redução de salário para garantir o pleno emprego; que discuta o não pagamento da dívida pública que consome o orçamento público a serviço dos lucros dos banqueiros; a revogação dos ataques aprovados e a reestatização das empresas, sob controle operário, que foram privatizadas desde os governos FHC e do PT. Portanto, uma Constituinte que reverta a situação de ataques e faça com que não os trabalhadores, mas os capitalistas paguem pela crise que geraram no país.




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