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ELEIÇÕES PRIMÁRIAS NOS EUA | New Hampshire: outro golpe ao establishment

Nesta terça 9 ocorreu a nova etapa das eleições primárias nos EUA. Com mais de 90% das urnas apuradas, confirmou-se o favoritismo de candidatos "outsiders" em ambos os partidos: Bernie Sanders entre os Democratas, e Donald Trump entre os Republicanos.

Celeste MurilloArgentina | @rompe_teclas

quarta-feira 10 de fevereiro de 2016 | 00:00

Foto: EFE

Depois do pontapé inicial de Iowa, onde o establishment foi o principal perdedor da votação, esta nova eleição voltou a ecoar a mesma mensagem. Em Iowa, Hillary Clintou superou seu adversário Bernie Sanders por apenas 0,2 pontos percentuais. Do lado republicano, os três líderes da corrida eleitoral foram Cruz, Trump e Rubio (os três com simpatias da ala direita do partido).

As eleições primárias são a primeira parada das eleições presidenciais, e se estenderão até junho, quando as convenções partidárias definirão suas fórmulas presidenciais.

Até o momento, os candidatos do establishment foram os mais golpeados. A mostra mais clara disso foi o fracasso da candidatura de Jeb Bush (irmão de G. W. Bush, e filho de George Bush pai, ambos ex-presidentes), apontado como “favorito” dos dirigentes republicanos. Outra que sofreu com a exaustão da casta política é a própria Hillary Clinton, ex-secretária de Estado de Obama, e primeira-dama da gestão de Bill Clinton.

Ainda que Hillary ainda se mantenha à frente na corrida democrata, o senador Bernie Sanders vem gerando uma forte competição. Com um discurso contra a influência de Wall Street na política, contra a desigualdade e as guerras, Sanders ganhou o apoio e a simpatia da juventude, de alguns setores de trabalhadores e da ala progressista do partido Democrata, que vê com desconfiança e apatia a candidatura de Clinton.

Sanders cresce enquanto Clinton tropeça

Com mais de 90% da apuração já realizada, Bernie Sanders se impôs com 60% dos votos, deixando Clinton em segundo lugar com menos de 40 %. Ainda que algumas pesquisas indicassem uma diferença ainda maior, Hillary Clinton não pôde evitar esta importante vitória do senador.

No fim de semana se abriu uma discussão sobre a candidatura de Hillary. Já no último debate entre os democratas, ela havia respondido às críticas de Sanders dizendo que não podia ser uma candidata do establishment, simplesmente por ser mulher. Isso deu base para as intervenções da [feminista legendária Gloria Steinem e da ex-secretária de Estado Madeleine Albright -http://internacional.elpais.com/internacional/2016/02/08/estados_unidos/1454963198_790183.html]. Ambas buscaram de maneira torpe reverter o apoio majoritário a Bernir Sanders entre as mulheres jovens.

Gloria Steinmen disse que as jovens votavam em Sanders para atrair os rapazes; e Madeleine Albright lançou: “Há um lugar reservado no inferno para as mulheres que não se apoiam entre si”. O resultado foi completamente contraproducente, e só confirmou a desconfiança das jovens entre 18 e 35 anos que apoiam a candidatura do senador de Vermont, a quem veem como porta-voz das denúncias de sua geração, cansada da elite política e financeira.

Republicanos: Trump ganha, mas a lista continua longa demais

Do lado republicano, com mais de 90% apurado, Trump liderava com 35,2% dos votos, deixando para trás a John Kasich (governador de Ohio) com pouco menos de 16%, e em terceiro Ted Cruz com 11,7%. A lista seguia com Jeb Bush e Marco Rubio, ambos com mais de 10%.

Ainda que fosse esperada a vitória de Trump, o resultado foi importante após Iowa, onde quem ganhou foi Ted Cruz, e Rubio ficou em terceiro muito perto de Trump. El multimilionário saudou seus seguidores após a vitória com sua retórica populista tradicional, exaltando a “grandeza passada” dos Estados Unidos, apelando a sentimentos reacionários como a xenofobia, e fazendo demagogia com a raiva popular contra o governo federal e a elite política.

Esta nova rodada das primárias confirmou a mensagem de Iowa contra o establishment. Enquanto os republicanos precisam dar uma saída para um panorama complicado, no partido Democrata a disputa endurece, com Sanders fortalecido para as próximas eleições na Carolina do Sul e em Nevada, onde irá enfrentar o desafio de ampliar seu apoio na comunidade negra e latina.

Texto adaptado especialmente para o Esquerda Diário




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