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CORONAVÍRUS | "Não sou coveiro, tá?", diz Bolsonaro desdenhando de mortes por coronavírus

Em entrevista na última segunda feira, Bolsonaro interrompeu a pergunta de um dos repórteres sobre quantas mortes o presidente esperaria vítimas pelo Covid-19. Numa resposta sarcástica, Bolsonaro indagou: "Não sou coveiro, tá?", fazendo descaso com o número de vítimas.

terça-feira 21 de abril de 2020 | Edição do dia

Essa reação demonstra nada mais do que o desprezo de Bolsonaro pelas milhares de vidas que estão sendo perdidas e a projeção de mortes com a epidemia, que podem ser potencializadas graças à política assassina de Bolsonaro de normalização econômica, apostando na infecção de toda população e o colapso do sistema público de saúde para salvar o lucro de seus amigos empresários, como Luciano Hang que demitiu mais de 2000 trabalhadores na epidemia.

Bolsonaro respondeu a pergunta de uma maneira diferente, dizendo que a infeção de 70% da população era algo inevitável, apostando e desejando a circulação do vírus para a formação de "imunidade de rebanho". O gado brasileiro criado para alimentação recebe maior atenção dos grandes latifundiários bolsonaristas para preservar a saúde e qualidade de vida dos animais, com vacinas, nutrição e acompanhamento veterinário do que o simples aceitar do "andamento natural" das coisas, já que isso prejudicaria a qualidade da carne produzida.

Mas, para a população pobre e trabalhadora, cabe pagar a crise com sua carne, que existe para ser explorada pelos capitalistas, em especial numa crise sanitária, onde os lucros precisam ser preservados e até mesmo se abre uma janela de oportunidades como considera o bilionário Lemann. Por isso, Bolsonaro diz que "levaram o pavor para o público, histeria [acusações contra a imprensa]. E não é verdade. Estamos vendo que não é verdade. Lamentamos as mortes, e é a vida. Vai morrer."

O sistema de saúde sentirá as consequências da política assassina de Bolsonaro. O SUS caminha para o colapso no país, com Pernambuco e Amazonas sendo os estados que já mais se aproximam desse cenário onde se falta leitos de UTI; milhares de profissionais da saúde denunciam o descaso do governo que não garante EPIs; testes para população continua somente uma promessa seja do novo ministro da Saúde capacho dos militares ou de governadores como Doria, que aponta já uma normalização da economia, reaproximando-se do seu rival.

A política reacionária de Bolsonaro projeta mortes e tenta tratá-las como efeito natural para diminuir seu crime contra as vidas. Como forma de chantagear a parcela mais exposta economicamente com o isolamento social, Bolsonaro diz defender empregos, mas mantém seu constante tom de aviso (ameaça) sobre demissões em massa. Nada mais que uma outra forma de ameaçar os trabalhadores informais com o desemprego e penúria com as consequências econômicas da crise, para que sejam os trabalhadores a pagarem pelos seus efeitos.

Por trás da demagogia do discurso bolsonarista com o emprego, em especial dos trabalhadores informais que não tem condições de manter-se em quarentena sem um forte auxílio do estado, Bolsonaro e os capitalistas, junto do Congresso e do STF, com apoio de governadores como Doria, impõe medidas com a MP da Morte para o ataque contra salários e direitos, assim como a suspensão de contratos e a defesa dos patrões demitirem em massa para proteger seus lucros. Enquanto isso, os 600 reais do auxílio prometido aos mais vulneráveis economicamente atrasa, seja com a validação ou a enorme burocracia para o acesso, nada mais do que uma política consciente do governo para fazer com que os trabalhadores paguem pela crise. Enquanto o Banco Central destina 1,2 trilhões para os banco, tanto os "pró-quarentena como os contrários avançam com ataques a classe trabalhadora como a carteira verde e amarelo.

A "racionalidade" dos capitalistas, ou seja, sua gana por lucro, é o que levou o sucateamento os serviços públicos e o ponto de não ter leitos suficientes e pessoas morrerem durante a epidemia, assim como termos descobertas científicas que poderiam ser usadas contra o vírus, mas não são por falta de investimento, por falta de interesse em salvar vidas. Bolsonaro representa apenas a verdade de toda a burguesia, fazendo apologia para a normalização econômica para responder os desejos do mercado, incapaz de responder a necessidade de salvar vidas e combater a pandemia mundial pelo máximo interesse da produção voltada ao lucro.

É necessário defender as condições de vida e trabalho da classe trabalhadora que Bolsonaro tanto deseja fazer pagar pela crise, para que sejam os capitalistas a pagarem-na com suas fortunas acumuladas graças a exploração do trabalho; assim, é possível proibir as demissões e defender 100% dos salários e direitos dos trabalhadores, tanto dos que foram afastados como daqueles que continuam a trabalhar, estes por sua vez devem ter EPIs garantidas; o sistema de saúde privado precisa ser nacionalizado e controlado pelos seus trabalhadores junto com os profissionais do SUS para enfrentar o pico da epidemia, assim como é necessário a contratação de todos profissionais da saúde que estejam desempregados ou em outras áreas, garantir respiradores e leitos de UTI para a população.

Para que este programa seja implementado e as vidas e o trabalho preservados, é necessário levantar uma saída independente dos trabalhadores, com Fora Bolsonaro, Mourão e os militares, defendendo que o povo que decida, com uma Assembleia constituinte livre e soberana para que o descontentamento com Bolsonaro não seja dirigido ela Globo e Maia ou pelos militares golpistas liderados por Braga Netto e Mourão.




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