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DIA DO BASTA | Não se pode enfrentar os golpistas e patrões sem combater a burocracia sindical e seu programa

Marcello Pablito Trabalhador da USP e membro da Secretaria de Negras, Negros e Combate ao Racismo do Sintusp.

sexta-feira 10 de agosto de 2018 | Edição do dia

No dia de hoje as centrais sindicais (CUT, CTB, Força Sindical, Intersindical, UGT, CSB, NCST e CSP-Conlutas) estão convocando um Dia Nacional de Paralisações e Mobilizações chamado de “Dia do Basta”. Infelizmente, no dia seguinte ao debate entre presidenciáveis transmitido pela TV Bandeirantes (onde se assistiu publicamente a continuidade do golpe institucional com Judiciário, Lava Jato e o STF impedindo a presença de Lula, condenado arbitrariamente por essas instituições golpistas) e dos ataques anunciados no “plano de governo” por Bolsonaro, Alckmin, Marina, Ciro e companhia, o país acorda na sua mais absoluta tranquilidade demonstrando que, depois de trair a greve geral no ano passado facilitando o caminho para a aprovação da reforma trabalhista, as centrais sindicais continuam mantendo sua politica de trégua com o governo golpista de Temer.

Publicamente, o chamado das centrais é feito em torno dos eixos “Em defesa da aposentadoria, do emprego e dos direitos”, demandas que são sentidas pelos trabalhadores em todo o pais, ainda mais diante de 13 milhões de desempregados. Da retirada de direitos que a reforma trabalhista legaliza e do anúncio de novos ataques pelos presidenciáveis, mas ao não oferecer nada parecido com um plano de lutas, construído nos locais de trabalho, a partir de assembleias e reuniões de base, que colocasse como centro a luta contra o golpe institucional; pela revogação integral da reforma trabalhista; da lei de terceirização; contra o pagamento da dívida pública e em defesa do direito do povo decidir em quem votar, as centrais transformam esses eixos em papel molhado. Desmoralizando os trabalhadores, construindo a passividade e impedindo que a classe trabalhadora entre em cena com os seus métodos e com um programa próprio em meio a uma situação política convulsiva.

Ao contrário, usam essas demandas para encobrir sua política criminosa desenvolvida no documento “Agenda prioritária da classe trabalhadora”, assinado pela CUT, CTB, Força Sindical, Intersindical, UGT, CSB e NCST, em que as centrais defendem remendar a reforma trabalhista (!!!) e que poderia ser descrito como 22 propostas de como as centrais sindicais estão dispostas a conciliar com os patrões e dar a sua contribuição para salvar o capitalismo e o governo moribundo de Temer. Como denunciamos no artigo "Dia do Basta": rechaçamos a política do PT e das centrais sindicais de remendar a reforma trabalhista, “Esses 22 pontos trazem quase nenhuma reivindicação precisa em defesa dos interesses da classe trabalhadora, a não ser para fazer demagogia. Ao contrário, têm pontos bem precisos em que se coloca ao lado da patronal contra os trabalhadores.”

Não bastasse trair abertamente a greve geral, as centrais apresentam como uma de suas propostas na referida “Agenda prioritária da classe trabalhadora”: “Revogar todos os aspectos negativos apontados pelos trabalhadores da Lei 13.467 (Reforma Trabalhista) e da Lei 13.429 (Terceirização), que precarizam os contratos e condições de trabalho, na perspectiva da construção de um novo estatuto, com valorização do trabalho.” Ou seja aceitam "parcialmente" estes imensos ataques. Qualquer luta séria só ter como perspectiva não a "reforma" mas a revogação destas medidas.

No seu site a CUT faz verborragia contra o golpe, as privatizações, chamando a reforma trabalhista de “um crime nacional contra a democracia.”. Novamente se repete como tragédia a farsa que a CUT e a CTB cumpriram ao trair a greve geral e ao se recusarem a lutar contra o avanço da direita e o golpe institucional, se resignando a serem a linha auxiliar do PT que busca “acomodar” o seu espaço dentro de um regime podre e de uma democracia cada vez mais degradada. A burocracia da CUT e da CTB se recusam a organizar um plano sério de lutas porque, como dissemos, o PT e a CUT têm mais medo da luta de classes do que dos golpistas, com quem conciliaram e pactuaram durante anos. A estratégia de “correia de transmissão” auxiliar da política do PT que prepara o “plano B” se expressa na entrevista de Vagner Freitas (presidente da CUT), que ontem esteve visitando o ex-presidente Lula na prisão e, ao contrário de organizar os trabalhadores para enfrentar os golpistas com os métodos da luta de classes, saiu da prisão com o recado de que “Haddad será sua voz e suas pernas até ele sair da prisão”.

As centrais sindicais deveriam romper com a sua trégua com o governo golpista, e a CUT e CTB deveriam parar de demagogia e organizar um plano de lutas real, construído nos locais de trabalho para revogar a reforma trabalhista, as privatizações, a lei da terceirização e colocar no eixo dessas mobilizações o combate ao golpe institucional e em defesa do direito do povo decidir em quem votar. Para impor às centrais que rompam essa trégua e levantem um programa de defesa dos direitos políticos, sociais e econômicos da classe trabalhadora, precisamos construir uma corrente militante em centenas de locais de trabalho que possa junto aos trabalhadores impor assembleias democráticas e um verdadeiro plano de luta.

Lamentavelmente a CSP- Conlutas, que não assinou o documento “Agenda Prioritária da Classe Trabalhadora”, convoca o Dia do Basta de forma completamente acrítica sem qualquer delimitação, denúncia ou exigência à burocracia sindical, que permitisse desmascarar a política do PT que está construindo esse dia mais como palanque eleitoral do que como um dia efetivo de mobilização. É preciso rever a posição da direção majoritária desta central e abandonar sua defesa de posições que confluem com o golpismo da direita como se vê na consigna de "Fora Todos". Precisamos batalhar para levantar uma alternativa de independência de classes, o que passa pela exigência e denúncia do papel cumprido pela burocracia sindical da Força Sindical, CUT e CTB como parte da batalha de construir uma esquerda que supere o PT pela esquerda.




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