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Na Unicamp ainda insistem em perseguir estudantes pela greve de 2016: nenhuma punição

sexta-feira 2 de abril de 2021 | Edição do dia

Na Unicamp ainda insistem em perseguir estudantes pela greve de 2016: nenhuma punição

A reitoria de Marcelo Knobel encerra sua gestão levando consigo a responsabilidade de ter punido politicamente os estudantes que organizaram a forte greve de 2016, que arrancou as cotas étnico-raciais com luta. Ainda em 2021 o debate volta à cena, e a congregação da Faculdade de Engenharia Química aprovou uma moção retomando o debate sobre punições, mencionando abertamente o nome de uma estudante do IFCH, Milena Tibúrcio.

O processo de punição política que começou em 2016 foi permeado de um duro autoritarismo: foram abertas sindicâncias e ameaças jurídicas. Os estudantes que foram vanguarda da luta para incluir a juventude negra na universidade pública, defesa de melhor qualidade para a permanência estudantil e ampliação da moradia foram punidos, sem direito à ampla defesa, por supostamente terem ferido artigos do estatuto universitário, constituído durante a ditadura militar, que versam sobre “algazarra” e “organização política”. Além dos ataques individuais, todos os processos configuraram em conjunto uma repressão a todo o movimento estudantil que questionava o autoritarismo da reitoria e o elitismo da universidade pública.

A reitoria de Knobel puniu com suspensões três estudantes no fim de 2018 sem ao menos ouvi-los, e isso já demonstra o pífio perfil democrático do qual se vangloria. Porém, no mês de fevereiro deste ano, a Faculdade de Engenharia Química da Unicamp aprovou uma moção na congregação do instituto, abrindo novamente os debates entorno da greve de 2016 que ocorreu na universidade e especialmente sobre a punição de estudantes, destacando inclusive o nome de uma militante, Milena, nesta moção que nem sequer esteve presente na reunião. Esta medida por si só do instituto é bastante expositiva e dirigida para provocar intimidação pessoal e política, mesmo após as diversas punições da reitoria após a greve. Não podemos aceitar. Nós do Esquerda Diário e da Faísca expressamos todo repúdio à exposição e retomada do debate, e prestamos toda solidariedade a Milena.

A retomada dos debates de processos neste ano é uma ofensiva contra o movimento estudantil e, por isso, também reafirma a necessidade de mobilização dos estudantes e do papel combativo que pode cumprir as entidades estudantis contra as medidas autoritárias tomadas pela reitoria que se apoia em uma antidemocrática estrutura de poder burocrática e classista, o Conselho Universitário (Consu), pelo qual são votados os rumos da universidade e os ataques contra trabalhadores e estudantes que não tem peso proporcional de decisão neste espaço.

Em meio aos passos largos que Bolsonaro e o regime vêm dando com medidas autoritárias de perseguição contra opositores do governo, se apoiando na Lei de Segurança Nacional como elemento de censura, que é um resquício da ditadura militar, é preciso expressar total rechaço a medidas como essa que setores do burocratismo acadêmico continuam a aplicar. Por outro lado, são estas características que reforçam a disputa por um novo projeto de universidade, no qual as tomadas de decisões tenham proporcionalidade de voto entre estudantes, professores e trabalhadores no polo oposto da atual estrutura edificada no Consu. Além disso, mais uma vez, o movimento estudantil em unidade com os trabalhadores é o único sujeito que pode arrancar demandas dos estudantes e também assegurar direitos democráticos, como os de manifestação e greve, e para isso nossas entidades, como o DCE, são fundamentais.




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