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As mulheres como um dos pilares da defesa da gestão operária em MadyGraf. (Em 11 de agosto de 2014 os trabalhadores da antiga RR Donnelley, na Argentina, encontraram a gráfica fechada com o anúncio de quebra da empresa. Os trabalhadores decidiram em assembleia lutar por seus empregos: ocuparam a planta e colocaram as máquinas para funcionar sob gestão operária. E assim segue, sem patrões até hoje, com o nome de MadyGraf.)

segunda-feira 15 de agosto de 2016 | Edição do dia

Lucrecia:
"Entrar para trabalhar aqui foi um profundo orgulho. Desde o nome, por Madeleine* essa pequena lutadora, até o que significa a MadyGraf. Antes ficávamos na tenda, do lado de fora. Depois tivemos nossos espaços dentro da fábrica para nos reunir e debater a luta ao lado de nossos companheiros. Quando nos propuseram em uma assembleia e votaram nossa entrada na produção foi emocionante. Hoje, a grande maioria das companheiras estão na encadernação. Tomamos isso como um grande desafio, passar um dia após outro metidas nas máquinas, quando antes, não sabíamos o que era uma chave. Mas fomos superando todas as dificuldades. Hoje, contamos com companheiras que são operadoras, auxiliares e aprendizes. Isso é uma grande conquista. Hoje não só fazemos os melhores ajustes de preparação das máquinas, mas as companheiras tiram as revistas sozinhas. Fazemos o Esquerda Diário impresso na grampeadeira 3 e a operadora é a companheira Érica que foi aprendendo do zero. Nossos próprios companheiros contam que demoraram anos para aprender os truques de algumas máquinas. Essas companheiras se mantiveram firmes e hoje, ver elas entrando lado a lado de cada companheiro, com a caixa de ferramenta nas mãos, é um orgulho. Demorou superar o machismo, mas fomos conseguindo com esforço e responsabilidade. Também temos companheiras no refeitório, portaria e administração. A construção da brinquedoteca** foi nossa grande conquista. Enquanto trabalhávamos seguíamos com esse sonho. E hoje é um grande orgulho para nossas companheiras e nossos companheiros. É a primeira brinquedoteca que nós companheiras construímos na associação gráfica junto com nossos companheiros, do partido, de outros trabalhadores e professores."

Erica:
"Pra mim significou um grande passo entrar na fábrica sem patrão. Mesmo com todas as dificuldades, aprendemos algo novo todos os dias. Apoiar os companheiros aqui dentro, nos apoiamos mutuamente e quando um quer baixar os braços estamos todos juntos para dizer "não podemos desanimar", é difícil mas não impossível. Pra mim significa um grande crescimento pessoal, onde junto com a Comissão de Mulheres e as companheiras com quem entrei, comecei a conhecer mais meus direitos, me organizar com elas desde fora e aqui dentro poder abrir nossa brinquedoteca, organizar diferentes eventos e levar a iniciativa a diante. É algo que jamais pensei que poderia fazer, assim como falar na mídia, ir nas marchas, escrever notas para o Esquerda Diário e muitas coisas que me dão profunda emoção enquanto vou contando."

* Madeleine, ou Mady, é filha de Eduardo Ayala, um dos grandes dirigentes do processo de luta. Os operários votaram que a gráfica deveria passar a ter o nome de MadyGraf em homenagem a Madeleine que por conta de seus problemas de saúde e deficiência, sempre teve que lutar para viver.

** Local onde os filhos dos operários brincam é estudam, como uma creche no Brasil

Tradução: Larissa Ribeiro




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