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POSSE TRUMP | Muita demagogia no discurso de posse de Trump

Em um discurso semelhante aos de campanha e dirigindo-se à sua base eleitoral Trump rechaçou o establishment político, falou das fronteiras, do emprego, do comércio e das alianças militares.

Juan Andrés GallardoBuenos Aires | @juanagallardo1

sexta-feira 20 de janeiro de 2017 | Edição do dia

Trump preferiu começar seu mandato com um discurso claramente demagógico, que manteve a linha daqueles realizados durante sua campanha, sem referir-se especificamente a nenhuma de suas promessas nem como cumpri-las.

Falando diretamente a sua base eleitoral, muitos deles os chamados "perdedores da globalização" que viram sua qualidade de vida se arruinar nas últimas décadas, Trump começou atacando o establishment político.

Após saudar aos ex-presidentes presentes e agradecer a Obama pela "transição cordial", Trump apontou diretamente para Washington: "Essa cerimônia tem um significado particular porque hoje estamos tirando o poder de Washington e transferindo-o diretamente ao povo."

Trata-se de um dos cavalos de batalha que utilizou durante sua campanha e que decidiu ter como ponto forte de seu discurso de posse. Apoiado no rechaço aos políticos profissionais, aos quais a maioria das pessoas enxergam distantes de suas necessidades, Tramp afirmou que “Durante muito tempo um pequeno grupo na nossa Capital manipulou as coisas e a população quem sofreu. O trabalho se foi e as fábricas fecharam. Suas vitórias e triunfos não foram da população. ” E encerrou garantindo que “O dia 20 de janeiro de 2017 será recordado como o dia em que o povo se converteu em governante desse país”.

Fronteiras, comércio e empregos

Apesar de não ter mencionado explicitamente China, México e OTAN, Trump pegou em seu discurso os eixos gerais de sua política protecionista e anti-imigrante. “Durante décadas temos subsidiado outros países enquanto se debilitava o nosso próprio. Cuidamos das fronteiras de outros países e descuidamos da nossa. As fábricas fecharam e se foram de nossas costas sem pensar nos trabalhadores estadunidenses que ficavam sem nada”.

Com esses argumentos, Trump reforçou sua política isolacionista e disse que já é hora de olhar para dentro e que a partir de agora o lema que guiará seu governo será “Primeiro os Estados Unidos”.

A única promessa concreta pareceu ser um plano de obras públicas incluindo estradas, pontes e aeroportos que serão construídos por “mãos estadunidenses”. No mais, destacou que com um maior protecionismo os Estados Unidos voltará ao caminho da “prosperidade”, ainda que sem especificar como fará para “trazer de volta o emprego, cuidar das fronteiras e recuperar a riqueza”.

Desta maneira, começa o governo do magnata nova-iorquino, que vem acompanhado de um gabinete de milionários e conservadores que contradizem seu discurso anti-establishment. Ainda que mais dúvidas que certezas sobre as possibilidades que tem de levar adiante suas promessas de campanha, muitas das quais chocam com o establishment político e econômico do país, enquanto as promessas xenófobas e anti-imigrantes começam a encontrar resistência das ruas.

Enquanto Trump discursava, rodeado por Obama, Hillary e o próprio Sanders, milhares de manifestantes se mobilizavam em diferentes pontos da Capital, como prelúdio da massiva marcha de mulheres que está sendo planejada para amanhã.




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