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CSP-CONLUTAS | Movimento Nossa Classe: debates pela independência de classe na Coordenação Nacional da CSP-Conlutas

No final de semana de 20 a 22 de maio, a CSP-Conlutas realizou sua primeira reunião da Coordenação Nacional com participação presencial após mais de dois anos de pandemia. Houveram importantes discussões internacionais e nacionais. Nesse artigo, veja um pouco da intervenção dos trabalhadores do Movimento Nossa Classe durante a Coordenação.

quinta-feira 2 de junho de 2022 | Edição do dia

A Reunião da Coordenação Nacional da CSP-Conlutas começou com uma mesa expressando importantes processos de luta que nossa classe vem travando em diversos estados do país. Destacamos a batalha que os trabalhadores da CSN de Volta Redonda vem enfrentando contra a dura repressão patronal, que já demitiu cerca de 200 trabalhadores incluindo a comissão de base, e contra a paralisia traidora da direção de seu sindicato (Força Sindical) que vem atuando para frear a disposição de luta dos trabalhadores. Durante a reunião, membros da comissão de base que estavam presentes anunciaram a importante decisão de se filiar à CSP-Conlutas.

A luta dos garis do Rio de Janeiro, dos trabalhadores da Caoa Chery pela manutenção dos empregos, assim como outras importantes lutas dos metalúrgicos do Vale do Paraíba, dos trabalhadores da educação em Belem (PA), do INSS e dos povos indígenas também se expressaram durante a reunião marcando como importantes batalhas estão acontecendo na classe trabalhadora enquanto as grandes centrais sindicais como a CUT seguem sua paralisia em função de uma linha eleitoral de conciliação de classes.

O debate internacional passou pelos informes sobre o 4° Encontro da Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Lutas, realizado de 21 a 24 de abril, em Dijon (França) e sobre a visita ao preso político Cesare Batistti, na Itália. Além desses temas a mesa internacional foi bastante marcada pela discussão a respeito da guerra na Ucrânia. Nós do Movimento Nossa Classe intervimos nesse ponto discutindo com todos os companheiros que constroem a central, e em debate com as posições dos companheiros do PSTU e da CST, defendendo a necessidade de nossa central ter uma posição de independência de classe frente a esse importante conflito internacional. Para nós é importante partirmos de repudiar frontalmente a invasão reacionária que o governo Russo protagoniza contra a Ucrânia. Mas consideramos muito importante também vermos com clareza que do outro lado dessa trincheira estão Zelensky e, por trás dele, os EUA e a OTAN, e que não podemos apoiar as medidas com as quais intervêm nesse conflito - como defendem os companheiros do PSTU e CST - pois temos que saber que o envio de armas que está sendo feito é para as forças armadas que estão ao comando de Zelensky e que, assim como as sanções que pesam sobre os trabalhadores russos, estão a serviço da política do imperialismo. Veja as intervenções de Marcello Pablito e Bruno Gilga a respeito desse tema:

A discussão nacional foi pautada pela necessidade de impulsionar as lutas para enfrentar Bolsonaro e os ataques Para nós do Movimento Nossa Classe é sim urgente derrotarmos o governo Bolsonaro que ataca profundamente os trabalhadores, todo o povo pobre assim como todos os setores mais oprimidos da nossa classe como os negros e negras e as LGBTQ+. Mas não é possível fazer isso através da conciliação de classe e com a direita como aponta o PT,esse caminho já mostrou que só fortaleceu a própria direita. Por isso, o único caminho possível para que isso aconteça de fato é construindo uma perspectiva de auto organização dos trabalhadores junto com a juventude e a partir da independência de classe. Hoje as grandes centrais sindicais como a CUT, CTB e a Força Sindical, atuam na chapa Lula/Alckmin e buscam assim ter seu espaço nesse novo regime, e por isso seguem separando, isolando as que surgem e enterrando qualquer possibilidade maior de luta dos trabalhadores. Elas atuam voltadas essencialmente para as eleições, inclusive pro Congresso. E por isso temos que exigir em cada sindicato que atuem pelos interesses dos trabalhadores e isso significa romper com a canalização da insatisfação com Bolsonaro para uma saída eleitoral de conciliação materializado na chapa Lula/Alckmin e organizar as categorias para lutar contra a fome, o desemprego, a violência policial expressa brutalmente no caso do assassinato de Genivaldo, e as enchentes que acontecem agora em PE. A conciliação de classe petista, pactuada com a CUT e toda a burocracia sindical, não irá derrotar efetivamente Bolsonaro, preservará seus ataques como a reforma trabalhista e da previdência, deixará o povo sofrendo com a inflação nos alimentos e com o desemprego. E foi justamente essa política de conciliação que pavimentou o caminho ao fortalecimento da extrema direita, primeiro com o golpe, e depois com a eleição de Bolsonaro, depois de 13 anos de governos do PT se aliando com centrão, agronegócio, bancada evangélica, militares, e praticamente todos que hoje são da base de apoio bolsonarista, não combatendo o golpe e traindo as paralisações nacionais.

Partindo desse mesmo ângulo nos posicionamos sobre o debate colocado pelos companheiros do PSTU a respeito da autodefesa. Hoje não há correlação de forças no país que dê possibilidades concretas à extrema direita de tentativas de golpe de estado, mas consideramos que as ameaças bolsonaristas a esse respeito tem sim a intenção de incentivar ações de sua base de extrema direita contra os trabalhadores e a juventude, e que é fundamental enfrentá-las. Mas para nós a preparação da autodefesa não se dá pela defesa do armamento individual, como vem sendo feita pelos companheiros do PSTU, , que se confunde com uma posição liberal e com a defesa feita pela extrema direita, ou pela confiança em setores das polícias, e sim pela organização coletiva da classe trabalhadora e da juventude que em suas bases devem se organizar para responder à altura todas as ameaças e ações de grupos de extrema direita, como foi no ataque aos estudantes e imigrantes na Unicamp, e para isso deve estar em primeiro plano a exigência aos sindicatos e entidades, e suas direções majoritárias que estão sob controle da burocracia PTista. Veja aqui a intervenção de Felipe Guarnieri a respeito, debatendo também contra a defesa feita pela Resistência/PSOL, dentro da Conlutas, do apoio à chapa Lula-Alckmin:

Além disso, nos posicionamos favoráveis quanto à importância de os sindicatos atuarem nas bases com uma postura de independência de classe também do ponto de vista organizativo, buscando construir uma nova tradição no sindicalismo brasileiro. É por isso que apoiamos a moção apresentada pela CST que apontava que era necessário a Conlutas "impulsionar e apoiar chapas antiburocráticas e sem os pelegos das direções majoritárias das maiores centrais, sobretudo os da Articulação/PT (corrente que Lula dirige) e CTB", e também que a Conlutas exija e denuncie publicamente essas centrais sindicais. O PSTU defendeu contra essa proposta, que a CST defendeu denunciando que o PSTU vem se aliando com a Articulação/PT em categorias onde essa burocracia é a direção histórica, como correios e bancários no Rio de Janeiro, e ela não foi aprovada.

Em relação às eleições, houve também debates muito importantes a respeito do Polo Socialista e Revolucionário. Os companheiros da CST defenderam um chamado a uma candidatura de unidade entre o Polo e os setores stalinistas da UP e PCB. Uma base do seu argumento era defender a existência de uma frente de esquerda no brasil construída incluindo esses setores, na sua argumentação os companheiros fizeram uma comparação com a Frente de Esquerda e dos Trabalhadores da Argentina (FIT-U). Nós do Movimento Nossa Classe somos parte do MRT, organização irmã do PTS na Argentina que impulsiona a FIT-U desde seu surgimento. A FIT-U é realmente um grande exemplo internacional e entretanto o que os companheiros da CST não dizem é que a FIT-U só existe porque seu elo é justamente um programa de independência de classe. A UP e o PCB no momento apresentam pré-candidaturas próprias, mas essa “independência” organizativa não pode ser igualada à independência de classe, pois não é esse o conteúdo do programa nem da prática dessas organizações, que tem em seu DNA a lógica de atuação em aliança com a burguesia nacional, como foi a orientação stalinista das frentes populares. Nós, assim como o PSTU, defendemos contra essa proposta, que não foi aprovada. Veja as intervenções desse debate:

Expressamos aqui importantes debates em que intervimos batalhando pelo fortalecimento da organização e da nossa classe com independência política. Ao mesmo tempo, parte das posições que defendemos, e em particular nossas propostas para construir uma forte campanha, em exigência às centrais sindicais majoritárias como CUT e CTB, pela reintegração de todos os demitidos da CSN, e para fortalecer as lutas em curso, foram incorporadas às resoluções aprovadas pela Coordenação, que podem ser conferidas aqui




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