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ACIDENTE NO METRO DE SP | Morte de criança é consequência da falta de funcionários e privatização

Republicamos aqui a nota escrita pelo sindicato dos metroviários de São Paulo acerca da morte do menino Luan, de apenas 3 anos, no Metrô, no dia 23 de dezembro.

quinta-feira 10 de janeiro de 2019 | Edição do dia

Imagem: (Reprodução/Veja SP)

No dia 23/12, o menino Luan de 3 anos soltou-se da mãe e acabou se perdendo na estação Santa Cruz. Apesar do empenho dos metroviários que socorreram Luan no túnel após ter sofrido acidente e o encaminharam ao hospital, ele não sobreviveu.

O Sindicato e os trabalhadores eleitos da CIPA (Comissão Interna de Prevenção a Acidentes) consideram que a política de privatização, com o sucateamento e a falta de investimentos e de funcionários implementados pela direção do Metrô e pelo Governo do Estado, é responsável por essa tragédia, somada ao não investimento em medidas de segurança para manter o metrô mais seguro. Exigimos que o Metrô preste todas as informações referentes ao acidente e que neste momento deve tomar medidas que corrijam as condições que facilitaram essa tragédia.

Entendemos que é necessário priorizar a segurança dos usuários e funcionários, que ao longo do tempo sofreu alterações em razão desta política de desmonte e que se agrava com o crescimento do número de passageiros ao mesmo tempo que não amplia a malha metroviária para suprir a demanda. São exemplos dessa política:

– A busca pelo menor tempo de parada nas plataformas e interferências no sistema em detrimento da segurança dos usuários e funcionários.

– Retirada da modalidade do modo semi-automático dos trens e retirada portas de acesso cabine/plataforma.

– Mudança no funcionamento do dispositivo “Botão Soco”dos trens e alteração do sistema de prevenção de acidentes na plataforma – SPAP.

– Acesso pela cancela sem nenhuma trava ou sensor.

– Proibição de retenção dos trens na plataforma e do reciclo de portas.

– Falta de funcionários e redução do seu número nos períodos que aumenta o fluxo de usuários que não estão habituados a utilização do sistema.

– Avanço da lógica de produtividade privada na gestão da empresa pública em detrimento de um transporte seguro para a população.

Manifestamos nossa solidariedade à família e aos metroviários envolvidos nesta tragédia que abalou toda a sociedade, e repudiamos a lógica de investigação de acidentes que procura culpados individuais como perpetuadora do ambiente de macro risco que caracteriza o Metrô.

Recomendações aprovadas na CIPA – Linha 1:

a) A comunicação oficial para a a abertura de CAT deve ser feita conforme instrumento normativo a todos envolvidos no acidente direta ou indiretamente;

b) A estratégia de busca em situações de plataforma devem ser hierarquizadas as buscas nas vias e passarelas de emergência a fim de descartar acidentes fatais;

c) Contratação imediata de mais funcionários, pois há impossibilidade das estações, como no caso de SCZ, em realizar operação plataforma sem o devido quadro de funcionários e muitas que hoje são obrigadas a deixar a própria SSO ou a Linha de Bloqueios em ATO, devido a falta de funcionários no quadro operativo fruto da política de privatização, o que pode ampliar o risco de que tais casos se repitam;

d) Falta de segurança das cancelas das passarelas de emergência nas plataformas. As cancelas são vulneráveis e bambas, o que permitiu a criança adentrar a passarela de emergência e descer a escada marinheiro. Recomendação de instalações de portas que deem acesso a passarela de emergência através de chave de serviço e que de acesso às plataformas através de barra anti pânico;

e) Instalações de sensores nas passarelas de emergência e vias que identifique através de alarme sonoro nas SSO’s e CCO presença de pessoas não autorizadas, animais ou corpos estranhos que possam constatar risco de acidente ou atropelamento;

f) Readequação dos espelhos que permita a visualização do operador de toda a plataforma;

g) Aprimoramento dos CFTVs na região de plataforma, passando também pela revisão de seus posicionamentos;

h) Redução da quantidade de mensagens “PA’s”entre estações pelos operadores de trem, para que estes priorizem o monitoramento da via;

i) O acionamento dos SPAPs de algumas estações como CDU e PPQ está limitado ao uso de chave de serviço a fim de evitar mau uso ou vandalismo frequente nestas estações. Entendemos que esta prática oferece vai na contramão do objetivo do sistema de SPAP que é salvaguardar a vida de quem cai na via. Recomendamos portanto readequar estes SPAPs retirando deles a tranca com as chaves de serviço para que o usuário e qualquer OTM1 possa acionar em caso de emergência.

j) Entendemos que diversas recomendações têm como meio de execução a GOP e portanto solicitamos a presença de Cristina Bastos a um R.O. Da CIPA para verificar e consultar o acompanhamento de suas implementações.




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