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OPINIÃO | Morre o banqueiro Joseph Safra, o homem mais rico do Brasil

Proprietário do Banco Safra e acumulador de uma fortuna de R$ 119 bilhões, entenda quem foi o empresário cuja memória hoje é exaltada pela grande mídia capitalista.

sexta-feira 11 de dezembro de 2020 | Edição do dia

Foto: Arquivo/Lionel Cironneau

Nos grandes portais de notícias da burguesia hoje, veremos matérias em memória de Joseph Safra, que este ano havia passado Jorge Paulo Lemann e se tornado o homem mais rico do Brasil no ranking da Forbes, com uma fortuna de R$ 119 bilhões. Safra é herdeiro de uma tradicional família de banqueiros do Oriente Médio, cujos negócios no ramo remetem ao início do século XIX.

Em 2017, um estudo realizado pela Oxfam revelou que 5% dos brasileiros mais ricos possuíam a mesma quantidade de riqueza que os outros 95% da população, e mais precisamente que os 6 bilionários do topo concentravam riqueza equivalente a de toda metade mais pobre da população brasileira. Entre eles, é claro, se encontrava Joseph Safra, ao lado de nomes como Lemann (Ab InBev e 3G Capital) e Eduardo Saverin (Facebook).

Bilionário em um dos países mais desiguais do mundo e afundado em uma crise econômica de proporções históricas, que empurra a classe trabalhadora ao desemprego e a miséria, Safra não deixou de embolsar lucros exorbitantes esse ano, e muito. Mesmo com a crise internacional agudizada pela pandemia, no primeiro semestre do ano seu banco teve lucro líquido de R$ 847 milhões, 2% a mais que no mesmo período de 2019. Crise é um conceito que nunca fez parte da vida de burgueses como "seu José". Enquanto isso, as dezenas de milhões de brasileiros que recebiam o auxílio emergencial de R$ 600, reduzido para R$ 300 e em breve cancelado, se enfrentam com uma alta no preço dos alimentos básicos, aumento na conta de luz, desemprego e com um recrudescimento da pandemia que já ceifou quase 180 mil vidas.

Veja também: Após receberem 1,2 tri do Governo, Bancos lucram com coronavírus elevando juros

Enquanto tentam vender Joseph Safra como um banqueiro de bom coração, um filantropo que doou R$ 30 milhões para combater a Covid-19, a verdade do capital não deixa espaço para ilusões. O que são R$ 30 milhões comparados ao R$ 1,8 bilhão em propina para servidores da Receita Federal desembolsados pelo Grupo Safra, descoberto na operação Zelotes?

Em 2020, bancos como o de Safra receberam nada menos que R$ 1,2 trilhão em quantitative easing do Banco Central, sob ordem de Paulo Guedes, para salvarem seus negócios de um possível colapso financeiro. Este valor poderia ter preparado uma bateria de testes, uma ampla reforma hospitalar e renda básica para toda a população trabalhadora e pobre do país enfrentar o vírus e a crise.

Dias como esse relembram a necessidade de lutarmos pela taxação progressiva das grandes riquezas, por impostos à herança dos grandes acumuladores, contra o pagamento da bolsa-banqueiro que é a dívida pública e por um governo de trabalhadores para que os capitalistas paguem pela crise, retirando dos grandes parasitas a riqueza produzida por nosso trabalho e a aplicando às verdadeiras necessidades sociais: pleno emprego, moradia, saúde, educação e no combate à pandemia.




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