A crise sanitária mundial, além das 3,41 milhões de mortes que já causou por todo o mundo, vêm sendo uma oportunidade de negócios bilionários. O domínio do capital sob a produção de vacinas gerou novos 9 bilionários e enriqueceu outros 8.
Mateus CastorCientista Social (USP), professor e estudante de História
sexta-feira 21 de maio de 2021 | Edição do dia
Andreas e Thomas Struengmann, são proprietários da BioNtech e Mega Pharma e saltaram suas riquezas de 9,6 bilhões para 11 bilhões de dólares. Foto: Reprodução da internet
A crise sanitária mundial, além das 3,41 milhões de mortes que já causou por todo o mundo, vêm sendo uma oportunidade de negócios bilionários. O domínio do capital sob a produção de vacinas gerou novos 9 bilionários e enriqueceu outros 8.
Devido às patentes, propriedade intelectual e a privacidade dos meios de produção dos imunizantes, 20 pessoas se enriqueceram com o drama mundial que, nesta etapa da pandemia, vêm atingindo centralmente os países de desenvolvimento capitalista atrasado, que não possuem meios de produção para a produção de vacinas, ou, se possuem, são entregues nas mãos do imperialismo, como é o caso da Índia.
Segundo Tedros Adhanom, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, ocorre um apartheid das vacinas. “Os países de alta renda respondem por 15% da população mundial, mas têm 45% dos imunizantes” afirma o diretor, em entrevista coletiva. “Os de renda média e baixa somam quase metade da população, mas receberam apenas 17% das vacinas, então a lacuna é realmente enorme.”.
Se a OMS, instituição do consenso neoliberal mundial, teve de criticar os efeitos dessa concentração de renda, que se reflete na desigualdade da distribuição de vacinas entre os países, é por causa da crítica situação.
Segundo a People’s Vaccine Alliance - uma rede de organizações que defendem o fim do monopólio tecnológico das vacinas - os enormes lucros dos imunizantes produziram mais 9 bilionários, cujo capital, sozinho, seria capaz de vacinar todos os países pobres, explorados e oprimidos pelas potências imperialistas.
PEÃO 4.0 [PODCAST] - nº36: Vacinas e patentes: uma questão de classe
Quem são os bilionários?
Segundo o levantamento anual da Forbes, no topo da pirâmide, que tem em sua base as mais de 3 milhões de mortes por Covid, estão os CEOs da Moderna e da BioNtech, acumulando riquezas de 4 bilhões de dólares para cima. Outros membros da Moderna também estão na restrita lista, junto com co-fundadores da empresa chinesa de vacinas CanSino Biologics.
Colocando o capital de todos esses bilionários juntos, temos um patrimônio líquido de 19,3 bilhões de dólares. De acordo com a organização já citada, tal capital seria o suficiente para pagar a imunização de mais de 775 milhões de pessoas, pobres e trabalhadoras, dos “países de baixa renda”, que mesmo sendo 10% da população mundial, receberam 0,2% das vacinas disponíveis internacionalmente. O cálculo considerou o valor de 19 dólares por dose.
Leia mais: Mortes aumentam enquanto BioNTech, produtora de vacinas da Covid-19, lucra € 1,13 bi
Outros 8 bilionários, proprietários, acionistas e CEOs de empresas de vacinas contra a Covid-19, se enriqueceram ainda mais, e possuem juntos um capital de 32,2 bilhões de dólares. Uma quantia capaz de vacinar toda a população da Índia, (1,38 bilhões) que recentemente bateu o recorde de mortos em um mesmo dia, 4.529 vidas que se foram. O país é um dos principais produtores de vacinas do mundo, contudo, lá também elas estão à serviço do lucro e não da proteção da população.
A lista dos grandes bilionários, que deveriam ter sua riqueza e meios de produção expropriados para financiar internacionalmente a vacinação da população pobre e trabalhadora, assim como a quebra absoluta e permanente das patentes e propriedade intelectual, é esta:
1. Stéphane Bancel, CEO da Moderna (US$ 4,3 bilhões)
2. Ugur Sahin, CEO e co-fundador da BioNTech (US$ 4 bilhões)
3. Timothy Springer, investidor da Moderna (US$ 2,2 bilhões)
4. Noubar Afeyan, chairman da Moderna (US$ 1,9 bilhão)
5. Juan Lopez-Belmonte, chairman da empresa ROVI, ligada à vacina da Moderna (US$ 1,8 bilhão)
6. Robert Langer, investidor da Moderna (US$ 1,6 bilhão)
7. Zhu Tao, co-fundador da CanSino Biologics (US$ 1,3 bilhão)
8. Qiu Dongxu, co-fundador da CanSino Biologics (US$ 1,2 bilhão)
9. Mao Huihua, co-fundador da CanSino Biologics (US$ 1 bilhão)
Oito bilionários que enriqueceram (de 2020 para 2021)
1. Jiang Rensheng e família, da Zhifei Biological products (de US$ 7,6 bilhões para US$ 24,4 bilhões)
2. Cyrus Poonawalla, do Instituto Serum da Índia (de US$ 8,2 bilhões para US$12,7 bilhões)
3. Tse Ping, da Sinopharm (de US$ 7,30 bilhões para US$ 8,9 bilhões)
4. Wu Guanjiang, da Zhifei Biological products (US$ 1,8 bilhões para US$ 5,1 bilhões)
5. Thomas Struengmann e família, da BioNTech e da Mega Pharma (de US$ 9,6 bilhões para US$ 11 bilhões)
6. Andreas Struengmann e família, da BioNTech e da Mega Pharma (de US$ 9,6 bilhões para US$ 11 bilhões)
7. Pankaj Patel, da Cadila Healthcare (de US$ 2,9 bilhões para US$ 5 bilhões)
8. Patrick Soon-Shiong, da ImmunityBio (de US$ 6,4 bilhões para US$ 7,5 bilhões)