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USP | Ministério Público diz: USP precisa liberar trabalhadores do grupo de risco também no HU

Na tarde do dia 02 de abril o Ministério Público do Trabalho convocou a USP a prestar esclarecimentos a respeito da dispensa dos funcionários do Hospital Universitário da USP, o HU, que fazem parte do grupo de risco para a COVID-19, conforme recomendação da procuradoria do trabalho. O Sintusp, Sindicato dos Trabalhadores da USP, também participou da reunião em defesa dos trabalhadores.

sexta-feira 3 de abril de 2020 | Edição do dia

A partir de agora o Hospital Universitário da USP passará a receber pacientes de outras especialidades, especialmente pediatria e partos. O Hospital das Clínicas e o Hospital Sara serão a referência para o tratamento do coronavírus. Porém, diferente do que afirmou a superintendência do HU por meio de memorando interno onde afirma que o HU está livre de COVID-19, o hospital não está livre. Isso porque, numa pandemia, cada paciente pode carregar o vírus, ou seja, é suspeito. No próprio HU há pacientes internados que buscaram o hospital para outra especialidade e lá se constatou o coronavírus. Ou seja, se os protocolos de saúde forem afrouxados no auge da pandemia funcionários e pacientes podem se contaminar. Por isso é fundamental os testes para todos os funcionários e pacientes e toda a população.

A USP registrou oficialmente seu primeiro caso de corona vírus na primeira semana de março. De lá para cá a reitoria, sob o comando de Vahan Agopyan, tem patinado na forma como tratar a crise, demorando a liberar funcionários das atividades presenciais e mantendo o trabalho de trabalhadores terceirizados sem necessidade. A situação do Hospital Universitário é ainda mais dramática. Além da falta de testes e EPIs que já foram denunciados, a USP resiste em liberar os profissionais da saúde que fazem parte do grupo de risco, colocando as vidas desses trabalhadores em risco iminente.

Desde o início da crise do coronavírus os trabalhadores da USP têm exigido a abertura imediata de contratações emergenciais para tratar a pandemia. A falta de funcionários não é recente. Especialmente desde 2014, com dois PIDVs, que só no hospital fechou quase 300 postos de trabalho, e o congelamento de contratações, a situação do Hospital foi se deteriorando. Prontos-socorros fechados e referenciamento custaram à população e aos trabalhadores mais dificuldade em encontrar tratamento médico. Mais de 50 leitos foram fechados. O acesso a saúde foi ficando cada vez mais restrito enquanto a reitoria buscava a iniciativa privada para desvincular o hospital e abrir o atendimento para convênios médicos. No começo do ano essa tentativa ficou ainda mais explicita com uma portaria assinada pelo superintendente do HU, Paulo Ramos Margarido, que abria a possibilidade de financiamento privado (endowments) e abertura para convênios privados.

Veja aqui: Reitoria quer entregar o HU para planos de saúde e fundações privadas

O Coletivo Butantã na Luta tem atuado desde 2017 na luta em defesa do HU, por contratações para que os prontos-socorros sejam abertos e o hospital funcione em sua plena capacidade. Com muita luta foi conseguido 20 milhões de reais na Alesp para contratação das diversas áreas da saúde. No entanto, mesmo com essa verba extra para contratações, a reitoria não contrata funcionários efetivos. Com a pandemia de coronavírus a situação se tornou mais urgente e mais escandalosa.

São dezenas de trabalhadores do hospital que fazem parte do grupo de risco. Muitos acima de 60 anos, outros com alguma comorbidade que pode agravar o quadro da saúde caso se contaminem com o COVID-19. Além de funcionários que são mães e pais de menores que, com o cancelamento das aulas não tem com quem deixar seus filhos. A reitoria recusa liberar esses trabalhadores, mesmo com a recomendação do Ministério Público para a liberação imediata. E não abriu até o momento contratação emergencial para suprir as vagas para as diversas áreas do hospital, de médicos à limpeza. A recusa em contratar se soma a decisão de não liberar o grupo de risco. Uma política que arrisca a vida dos profissionais da saúde e da população.

“Cada decisão errada ou atrasada que a reitoria toma coloca as nossas vidas em risco”

Com o agravamento da crise, prevista para os próximos dias, mesmo a situação do HU pode mudar e passar a receber mais doentes do COVID-19. Por isso, testes, as liberações do grupo de risco e as contratações são urgentes.

Babi Della Torre, Trabalhadora do Hospital Universitário da USP e representante dos funcionários no Conselho Universitário, fala da situação dos trabalhadores da saúde que estão na linha de frente do combate à pandemia do coronavírus:

O Sintusp divulgou em boletim o resultado das tratativas com o Ministério Público do Trabalho e a reitoria a respeito da liberação dos funcionários do Hospital que fazem parte do grupo de risco:

O Esquerda Diário tem acompanhado as denúncias referentes a situação do Hospital Universitário e da saúde em meio a pandemia. Mande suas denúncias para o Esquerda Diário pelo email [email protected] ou mande mensagem de texto, áudio, vídeo pelo whatsapp 11 97750-9596.

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