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DENÚNCIA DO MPF | Militares são acusados de torturar e assassinar dirigente do PCB durante a ditadura

Ministério Público Federal em São Paulo denunciou dois militares acusados de torturar e assassinar o dirigente do PCB, Elson Costa, durante a ditadura militar. Um dos militares comandava o DOI-Codi do II exército, enquanto o outro era responsável pela Boate Querosene, casa de tortura em Itapevi.

segunda-feira 26 de abril de 2021 | Edição do dia

Foto de Elson Costa, dirigente do PCB injusta e covardemente assassinado pelas forças de repressão

A denúncia mira os torturadores Audir Santos Maciel e Carlos Setembrino da Silveira. Maciel já havia sido denunciado pelo MPF pela morte do jornalista Vladmir Herzog, ocorrida no mesmo ano de 1975.

Segundo o MPF, Elson foi preso no bairro de Santo Amaro, no sul da capital paulista. Setembrini e Maciel foram responsáveis por 20 dias de tortura na chamada Casa de Itapevi, ou então Boate do Querosene, localizada na grande São Paulo. Após as sessões de tortura, Elson foi morto com uma injeção para cavalos, seu corpo foi esquartejado, incinerado, e jogado no rio Novo, em Avaré (SP).

A denúncia do MPF é de homicídio por motivo torpe, emprego de tortura ou meio cruel e também ocultação de cadáver. Os dois primeiros podem chegar até 30 anos de prisão, ao passo em que o segundo até três. A Boate Querosene era de propriedade do irmão de Setembrini e, segundo os procuradores do caso, tanto Maciel quanto Setembrini tiveram participação ativa na chamada Operação Radar, voltada a exterminar lideranças do PCB.

De acordo com reportagem d’O Globo: "Segundo um documento datado de 11 de abril de 1974, revelado pelo Departamento de Estado norte-americano, uma reunião no dia 30 de março de 1974 entre o então presidente Ernesto Geisel; o general João Figueiredo, que chefiava o Serviço Nacional de Informações (SNI) e sucedeu Geisel; e os generais Milton Tavares de Souza e Confúcio Avelino, autorizou a continuidade das execuções. O general Milton informou na reunião que 104 pessoas tinham sido executados no último ano e que os métodos "extralegais" deveriam continuar.

Em abril do mesmo ano, ainda segundo o que Geisel teria comunicado a Figueiredo, a continuidade das execuções estava autorizada, com o "cuidado" apenas que as mortes fossem autorizadas por Figueiredo."

Importante ressaltar que no caso Herzog, Maciel saiu impune em base à Lei da Anistia, que prevê impunidade aos torturadores e assassinos, bem como empresários e autoridades responsáveis pelas atrocidades cometidas então.




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