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#8M | Milhares de mulheres foram as ruas apesar do boicote das centrais sindicais à paralisação

Maíra MachadoProfessora da rede estadual em Santo André, diretora da APEOESP pela oposição e militante do MRT

quarta-feira 8 de março de 2017 | Edição do dia

Hoje milhares de mulheres foram às ruas em todo país. Internacionalmente foi convocado um dia de greve pelas reivindicações das mulheres. Em nosso país foram poucos lugares onde pudemos cruzar os braços e junto a nossos companheiros de trabalho tomar as ruas com nossas pautas. Isso ocorreu na USP onde as trabalhadoras saíram de seus locais de trabalho e junto a estudantes realizaram uma manifestação fechando o portão de acesso à universidade, em professores de São Paulo e Porto Alegre que realizaram assembleias e votaram um indicativo de greve para o dia 15.

As direções dos maiores sindicatos do país, e das grandes centrais atuaram conscientemente para não permitir que hoje fosse um “dia de greve das mulheres”, houve intenso debate nas reuniões de preparação das manifestações de hoje onde setores ligados à CUT e ao PT se recusaram a se somar ao chamado internacional de paralisação. Diversas direções de sindicatos foram aos atos em todo país, mas não organizaram praticamente nenhuma paralisação, impedindo a confluência das reivindicações das mulheres e da classe trabalhadora. Mas mesmo assim, foram mais de 10 mil mulheres nas ruas de SP, milhares no Rio, Porto Alegre, Brasília e em diversas capitais do país.

Tomamos as ruas para lutar pelo direito a nossos corpos, por nem uma a menos, a vida das mulheres negras importam. Pelas imigrantes, contra o tráfico sexual de mulheres e pela efetivação de todas as terceirizadas já. Pelo direito ao aborto legal, seguro e gratuito. Por creches, restaurantes e lavanderias comunitárias, contra os assassinatos LGBT e pela livre identidade de gênero. Contra a reforma trabalhista e da previdência do governo golpista de Temer. Queremos todos os nossos direitos agora. Mas queremos muito mais que isso. Queremos nosso direito ao pão, mas também às rosas!

Batalhamos para unificar as manifestações em São Paulo, primeiro para que o ato das mulheres em São Paulo se somasse às assembleias de professores do Estado e do Município de São Paulo, não tendo conseguido isso batalhamos para que outro ato convocado próximo a essa assembleia e as assembleias de professores, categorias majoritariamente de mulheres, se somassem a manifestação das mulheres que já havia começado. A maioria dos professores e das mulheres buscaram unificar as reivindicações e foi possível fazer um grande ato.

Essa disposição mostra como hoje poderia ter sido um dia de manifestações e paralisações muitíssimo mais fortes de norte a sul do país. No entanto a CUT e CTB atuaram para separar as manifestações das mulheres das reivindicações dos trabalhadores. O 8 de março poderia ter sido um grito mais forte em defesa dos direitos das mulheres se pudesse ter sido mais fortemente defendido a partir dos sindicatos e paralisando os locais de trabalho. Deste modo também teria sido uma forte preparação ao dia 15 de março quando as centrais sindicais convocam um novo “dia de paralisações contra a reforma da previdência”. Para realmente derrotar a reforma da previdência e todos ataques de Temer e dos patrões precisamos romper essa separação das reivindicações e ter verdadeiros planos de luta que começassem por assembleias democráticas que permitam organizar pela base as categorias para a luta.

O grupo de mulheres Pão e Rosas, composto por militantes do Movimento Revolucionário de Trabalhadores e independentes, esteve presente em atos em diversas cidades do país, e junto a companheiros do MRT levamos às manifestações nossa perspectiva anticapitalista, um feminismo classista, revolucionário e socialista, pra lutar pelos nossos direitos mas também por uma sociedade onde sejamos livres de toda a exploração e opressão. E fazemos este chamado a partir da perspectiva das mulheres trabalhadoras, negras, terceirizadas, imigrantes porque aqueles que lutam com mais energia pelo novo, são os que mais sofreram com o velho. E não temos dúvida, como a história já mostrou muitas vezes, que as mulheres serão linha de frente das grandes transformações sociais da nossa época.

Com a força das mulheres que foram as ruas no dia de hoje redobramos nossa luta para construir uma grande greve da educação no dia 15 e para que todas outras categorias possam se somar, desafiemos os ataques de Temer e o machismo nos organizando em cada local de trabalho.




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