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METROVIÁRIOS SP EM ESTADO DE GREVE | Metroviários de SP podem entrar em greve a partir de amanhã contra avanços da privatização

Avanço da privatização e aumento da precarização do serviço no Metrô de SP expõe cada vez mais passageiros ao risco. Desde ontem os metroviários estão trabalhando sem uniforme nas estações e trens do Metrô e podem entrar em greve amanhã, quarta-feira, contra a retirada de direitos e a privatização. As condições de trabalho no Metrô está cada vez pior com, principalmente, o aumento da terceirização, e com cada vez maior a retirada de direitos. E "a cereja do bolo" na última semana foi o calote dado pela empresa com o não pagamento da Participação de Rendimentos (PR) aos metroviários. Mas o "bolo" é enorme... visto que uma as condições de trabalho estão cada vez mais difíceis, com retirada da periculosidade, possibilidade de terceirização de bilheterias que ataca os funcionários efetivos que deixam de ter adicionais importantes ampliando brutal a precarização de trabalho dos trabalhadores terceirizados, entre outros.

Fernanda PeluciDiretora do Sindicato dos Metroviários de SP e militante do Mov. Nossa Classe

terça-feira 3 de março de 2020 | Edição do dia

Desde que foi eleito o governador Doria não esconde seus planos privatistas para as empresas públicas, "dançando a música" do projeto nacional de privatização de Paulo Guedes e Bolsonaro. São enormes os avanços da privatização de todos os serviços de educação, saúde e transportes, acompanhados pela precarização destes serviços prestados à população e, no caso do transporte, aumento abusivo das passagens e de risco de vida aos mais de 5 milhões de passageiros que são transportados por dia no Metrô. Querem sucatear para privatizar e enriquecer os bolsos dos grandes empresários e capitalistas, e enquanto mantém salários altíssimos para o alto escalão da empresa, querem terceirizar ainda mais setores pagando cada vez mais salários de miséria aos trabalhadores. 

O avanço dos ataques contra os metroviários...

De dezembro de 2019 pra cá a categoria vem enfrentando fortes ataques como a retirada de periculosidade do Centro de Controle Operacional (CCO) e manutenção (escadas rolantes e pintura), mudança compulsória de turnos na manutenção, não cumprindo o Acordo Coletivo de Trabalho (e as decisões do TRT, pela via de liminares em Brasília no TST), e agora o Metrô está se negando pagar a Participação de Rendimentos (PR) aos funcionários, afirmando simplesmente que "não ter dinheiro pra pagar", dando o calote nos metroviários no último dia 28, sexta-feira, e ontem após se deparar com grande força da categoria mobilizada publicou proposta que paga até R$ 40 mil de PR para os diretores da empresa (!) enquanto diminui a dos trabalhadores.

Enquanto isso, segue pagando altíssimos salários aos diretores da empresa sem apresentar nenhuma "dificuldade", com salários que chegam ao dobro do salário do próprio Doria. 

A ameça de terceirizar algumas bilheterias da Linha 1 - Azul e Linha 3 - Vermelha é cotidiana, o que pode servir como ponta de lança para a terceirização de todas as bilheterias, diminuindo o salário dos funcionários de estação em aproximadamente 1/4 do seu valor, e aumentando a exploração de trabalhadores com menos direitos e pagando uma miséria de salários. Se deferido este ataque, o Metrô piora ainda mais os serviços de bilheteria pra população, para aumentar os lucros dos grandes empresários donos destas empresas.

A falta de funcionários para atendimento nas estações está em níveis alarmantes. Em 30 anos o número de funcionários diminuiu de 10.500 para 8.500 no Metrô, enquanto o mesmo passou a transportar de 1.5 milhões para quase 5 milhões de passageiros por dia, com 21 novas estações a mais neste período, sobrecarregando os funcionários de estação e segurança, e precarizando o atendimento. Este sucateamento e avanço da terceirização com empregos precários poderia ser sanado imediatamente se o governo decidisse abrir mais concursos públicos com todos os direitos garantidos, prestando melhor atendimento do serviço, gerando empregos para população que amarga o desemprego no Estado de SP. 

O arrocho salarial que vêm se dando nos últimos anos impõe, além da precarização do trabalho, também uma maior divisão imposta pela empresa entre os "velhos" e "novos" funcionários (que muitos nem direito ao cargo de bilheteiro tiveram) onde a diferença salarial do mesmo cargo, no mesmo posto, chega ser metade de um pra outro. Ainda a empresa deu o calote também no pagamento anual do chamado "Step" no qual os funcionários de um ano de empresa ainda estão sem receber este direito.

Aumenta o desvio de funções na categoria, com setores da manutenção fazendo treinamento de manobra de trens e seguranças assumindo os serviços de linha de bloqueio/catraca, funções estas os quais não possuem treinamento adequado e nem sequer consta em suas atribuições. 

E dos últimos anos pra cá foram inúmeros os ataques que marcaram o avanço da privatização no Metrô: venda da Linha 5 - Lilás para empresa privada, privatização das bilheterias da Linha 2 - Verde e Linha 15 - Monotrilho, demissões em massa por "baixa produtividade" e grande perseguição política contra os metroviários também com demissões absurdas.

...e o risco de vida eminente que os passageiros correm aumenta. Além das caríssimas passagens pro bolso do trabalhador

Enquanto Doria e o Metrô avançam no sucateamento e na privatização, colocam em risco toda a população da cidade de São Paulo, aumentando os valores das passagens por um serviço cada vez mais precário e inseguro.

Tragédias são anunciadas no sistema metroviário em SP frente sua precarização, como por exemplo aconteceu nos últimos dias no Monotrilho (Linha 15 - Prata), onde os pneus do sistema de trens explodiram, o que poderia ter colocado em risco a vida de inúmeras pessoas se fosse em horários de pico com superlotação, e que interditaram toda a Linha 15 desde sábado causando enorme prejuízo para os passageiros do Metrô, ou mesmo a gravíssima colisão dos trens no Monotrilho em 2019. Querem ainda acabar com a função do operador de trem, expondo mais ainda ao risco milhões de pessoas por dia.

Enquanto isso a população paga tarifas altíssimas, impedindo o direito da população se transportar numa das cidades mais caras de se viver do Brasil que é São Paulo, no país onde 42% dos trabalhadores amargam não ter carteira assinada e enormes índices de desemprego. 

A batalha contra a privatização no Brasil: os petroleiros mostram o caminho!

A enorme determinação dos petroleiros em greve contra a privatização mostrou que os trabalhadores no Brasil podem lutar. A maior greve dos petroleiros desde 1995 foi exemplo disso, onde estiveram por 20 dias em greve contra a imposição de 1000 demissões na Petrobras, sendo estas de 700 terceirizados, e sendo um grande exemplo entre a unidade da classe trabalhadora entre efetivos e terceirizados. Enfrentaram a justiça que atacou a greve julgando-a ilegal, mostrando seu lado pró-patronal. Enfrentaram o corte de ponto e todo tipo de ameaças por parte da empresa e assim mantiveram sua luta contra a privatização, que somente não foi vitoriosa por completo devido às direções sindicais como CUT, CTB e demais, que além de não terem colocado todas suas forças para garantir sua vitória, isolaram essa luta separando-a das demais categorias que estão sob ataque e demonstram disposição para sair em luta também.

Assim como os petroleiros, os metroviários não devem acreditar que será pela via da justiça que será garantidos seus direitos, que por inúmeras vezes já provou não estar favorável aos trabalhadores, mas sim do lado dos patrões e das privatizações. É necessário que os metroviários, em aliança com a população, acreditem em suas próprias forças para barrar o avanço da privatização que retira direitos, precariza o serviço público e acaba com postos de trabalho. Em Brumadinho, a privatização retirou vidas, tudo para encher os cofres dos empresários e sustentar a corrupção do governo, e quem paga a conta são os trabalhadores e a população. 

Frente os ataques contra os metroviários e a população que usa o Metrô, o calote dado com o não pagamento da PR, a proposta absurda agora de uma PR proporcional ao salário que beneficia fundamentalmente todos os altos cargos de chefia da empresa e o avanço da privatização, os metroviários retiraram massivamente seus uniformes desde ontem, e realizarão uma nova assembleia hoje, terça-feira, para avaliar os próximos passos desta luta podendo sair em greve caso o Metrô e Doria mantenham sua intransigência e planos privatistas. 

O Metrô, ao apresentar uma proposta depois de meses em silencio, só entende um dialogo: a luta. É necessário que os metroviários estejam mobilizados, organizados e preparando cotidianamente a luta junto com a população. É necessário exigir que as centrais sindicais convoquem em suas categoria um amplo movimento nacional contra a privatização e a retirada de direitos. 

No próximo dia 18 de março, em que as centrais sindicais estão organizando um dia de paralisação nacional (principalmente na educação), os trabalhadores de todo país podem protagonizar um importante dia de luta contra Bolsonaro com fortes paralisações contra o avanço do autoritarismo de seu governo, o golpismo e as reformas neoliberais, podendo os metroviários cumprirem um papel importante neste dia. 

Não podemos esperar que sejam as instituições do Estado, como o Congresso e o STF, que façam algo para barrar o avanço autoritário de Bolsonaro, pois foram essas mesmas instituições que realizaram o golpe institucional, e que aplicaram e validaram os grandes ataques aos nossos direitos, como as reformas, e é a serviço disso que está também o autoritarismo de Bolsonaro, e que as grandes centrais sindicais conclamam a unidade com todas as forças sociais para a defesa destas instituições. Somente a mobilização dos trabalhadores, juventude, e setores oprimidos poderá barrar o autoritarismo e os avanços contra os direitos com seus próprios métodos de luta. A construção do dia 18 passa por construir também um forte dia das mulheres neste 8 de março, assim como a manifestação do 14 de março por justiça a Mariele.

É urgente barrar os avanços da privatização no Metrô de SP! E sair em defesa da estatização do Metrô sob controle dos trabalhadores e da população, pois os trabalhadores são os únicos que podem garantir um transporte seguro e de qualidade a toda a população, e não estes empresários gananciosos que só pensam em lucro.




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