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VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER | Metroviárias impulsionam grande plebiscito sobre assédio sexual no Metrô

Aprovado no Encontro de Mulheres Metroviárias de SP, trabalhadoras do Metrô impulsionam plebiscito que busca obter informações sobre número de casos de assédio sexual no Metrô de SP e também a opinião das usuárias em relação ao vagão exclusivo para mulheres nos horários de pico.

Fernanda PeluciDiretora do Sindicato dos Metroviários de SP e militante do Mov. Nossa Classe

sexta-feira 27 de novembro de 2015 | 19:01

"Depois de ter me encoxado, ele falou no meu ouvido: ’Fica quietinha, e qualquer coisa fala que sou seu namorado’, nossa, fico até arrepiada de te contar!", desabafa uma das usuárias que estava respondendo o plebiscito. Perante a triste e difícil realidade das usuárias do Metrô que os metroviários conhecem bem (e que a empresa segue negligenciando), metroviárias organizam plebiscito este mês para combater os casos de assédio nos transportes.

Milhares de mulheres usuárias estão participando desde a última terça-feira, dia 24, de um plebiscito organizado pela Secretaria de Mulheres do Sindicato dos Metroviários de SP aplicado nas estações do Metrô de São Paulo que busca, com 3 perguntas, levantar os dados sobre assédio sexual nos trilhos do Metrô, assim como saber a opinião das usuárias acerca do uso do vagão exclusivo para mulheres no horário de pico. Hoje, sexta-feira, os metroviários aplicarão a consulta na estação de Metrô Capão Redondo.

A iniciativa foi discutida a partir de proposta levada pelo grupo de mulheres Pão e Rosas no último Encontro de Mulheres Metroviárias de SP, em março de 2015. A partir de discussões sobre os muitos casos de assédio sexual sofridos pelas usuárias dos transportes coletivos no Metrô de SP, no Encontro foi aprovado a realização deste plebiscito para que as metroviárias aprofundassem a discussão do combate aos assédios sexuais junto às usuárias, em base aos dados levantados do número de assédios e atendimento. A pesquisa busca saber também a opinião das usuárias do sistema metroviário sobre a implementação do vagão exclusivo para mulheres.

Cotidianamente os usuários do Metrô de SP passam pela triste realidade da superlotação, que acaba facilitando a ação de assediadores que se aproveitarem da situação para abusar de mulheres cotidianamente. A empresa se nega a fornecer os dados estatísticos dos casos de assédio sexual nos vagões para a população, pois sabe que é a grande responsável por esta calamitosa situação, que a cada dia que passa, com o aumento da superlotação crescente, aumenta o número de casos de assédio.

O Metrô hoje realiza uma campanha contra os assédios "para inglês ver" , enquanto a realidade da imensa maioria das usuárias segue sendo com assédios cotidianos no transporte. Além disso, implementa "treinamentos" totalmente insuficientes (http://www.esquerdadiario.com.br/Metro-lanca-cartilha-de-orientacao-para-casos-de-abuso-sexual-nos-trens) aos seus funcionários para atendimento destes casos, como já viemos acompanhando pelo Esquerda Diário.

Marilia, operadora de trem da Linha 3 e demitida política do Metrô fala sobre a campanha:

"As mulheres do Pão e Rosas junto à Secretaria de Mulheres do Sindicato dos Metroviários vão seguir na próxima semana ouvindo as usuárias para fazer emergir uma grande campanha contra os assédios sexuais no Metrô, com exigência imediata de melhorias no transporte público como a expansão da malha metro-ferroviária, treinamento adequado aos funcionários do Metrô, aumento do quadro de funcionários para melhor atendimento (principalmente mulheres seguranças), entre outros que seguem sendo pauta de reivindicações dos metroviários para melhorias do serviço e por um transporte público e de qualidade sob controle dos trabalhadores e usuários do sistema. O governador do Estado de SP Geraldo Alckmin é o grande responsável pelo crescente número de assédios sexuais no transporte! Nós, trabalhadoras do transporte, lutaremos até o final junto às usuárias para dizer um BASTA à violência contra as mulheres!"

A diretora do Sindicato dos Metroviários, Marisa, também deu seu depoimento sobre o plebiscito para o Esquerda Diário:

"Hoje estivemos na estação Barra Funda realizando um plebiscito com trabalhadoras e estudantes que usam o Metrô para pesquisar sobre a questão do vagão exclusivo para mulheres nos horários de pico. Já a bastante tempo fazemos uma campanha contra o assedio sexual, que infelizmente é uma epidemia de violência contra as mulheres, e todos os dias as mulheres sofrem assedio sexual nos transportes. No Metrô já foram mais de 100 casos neste ano até agosto registrados na delegacia, inclusive estamos percebendo nesta pesquisa que a maioria das mulheres não denunciam os assédios que sofrem, porque se sentem humilhadas, porque acham que ’não vai resolver nada’, pelo constrangimento, e queremos que as mulheres tenham participação, queremos ouvir as mulheres e saber o que elas pensam. Sobre a questão do vagão exclusivo, fizemos esta discussão na categoria e foi discutido o plebiscito justamente pra isso, pra saber a opinião das usuárias, e para termos um posicionamento da categoria sobre a questão do vagão, se isso realmente pode evitar ou não com que seja praticado este tipo de abuso dentro do Metrô. A gente sabe que o vagão não vai resolver todos os problemas de assédio, mas achamos que são medidas importantes para dar alguma proteção às mulheres que infelizmente sofrem com este tipo de violência todos os dias".




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