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MULHERES NO CAPITALISMO | Metade das mulheres não conseguem emprego por serem mães: a falsidade da democracia capitalista

Recente pesquisa aponta que 47% das mulheres dizem terem sido prejudicadas em entrevistas de emprego por conta de serem mães, olhando para as mulheres é possível ver claramente a mentira da “igualdade de direitos” da democracia capitalista, o aborto é crime, a maternidade é inviabilizada enquanto as mulheres são ainda obrigadas a todos os trabalhos domésticos, ganham menos e são prejudicadas no mundo do trabalho.

Isabel Inês São Paulo

sexta-feira 27 de outubro de 2017 | Edição do dia

A entrada da mulher no mercado de trabalho não a isentou de ter que continuar garantindo todos os trabalhos domésticos e o cuidado com os filhos. O capitalismo assimilou o trabalho feminino junto a todo o machismo e opressão, usando dessas ideologias reacionárias para rebaixar os salários e explorar mais os trabalhadores, ao mesmo tempo em que todo o trabalho domestico, e de criação das crianças e cuidado com os idosos, seguiu sendo uma função feminina, isentando o Estado e os empresários de ter que garantir ou pagar por esse serviço.

O trabalho doméstico e os salários mais baixo ainda obriga as mulheres a dependerem dos maridos e as aprisiona no lar, ou na rotina "trabalho/casa", impossibilitando sua liberdade social, politica e afetiva. No mundo do trabalho além dos salários rebaixados, as mulheres ainda passam por assédios, chantagens e desvalorização, 47% das mulheres sentem que foram rejeitadas para algum emprego por serem mães ou quererem engravidar. Para as que já são mãe se soma o assédio quando as mulheres precisam de um tempo para resolver problemas relacionados aos filhos, como questões escolares e médicas, 46% relataram casos como esses, como aponta uma pesquisa feita com 1 mil profissionais pela empresa MindMiners.

O direito a maternidade é negado e condenado, num momento onde a mulher mais precisaria de estabilidade financeira e tempo para se dedicar ao seu filho, a patronal nega esse direito, assedia e demite as mulheres. Além da pressão para que elas não engravidem apontado por 38% das entrevistadas, uma contradição extrema com a moral conservadora que criminaliza o aborto e toda expressão de uma sexualidade livre.

A sexualidade feminina é controlada de diversas formas no capitalismo, a patronal assedia para que as mulheres não engravidem, pois isso prejudica os lucros empresariais ao terem que pagar licença maternidade. Os parlamentares e judiciário, aliados dos empresários, por sua vez são responsáveis pela criminalização do aborto, que não só assassina milhares de mulheres que fazem abortos clandestinos, como é uma pressão moral para reprimir a sexualidade feminina condenando as mulheres que engravidam a não poderem escolher se quer ou não ter o filho, e por consequência a não poderem escolher o próprio destino. A criminalização serve como uma punição e cerceamento da liberdade feminina.

Para as mulheres que escolhem ter filhos não há qualquer garantia para criar a criança, com a saúde e a educação precárias as mães trabalhadoras vivem o drama do assassinato policial que arranca o sonho das suas crianças, como o caso de Maria Eduarda, e tantas outras. Ainda com a reforma trabalhista esse direito a maternidade será mais atacado, chegando ao absurdo de obrigar as mulheres gravidas a trabalharem em locais insalubres.

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O estado deveria garantir creches para todos, lavanderias e restaurantes públicos para libertar as mulheres do trabalho domestico e permitir que sejam mães sem que elas tenham que deixar a vida pública, serem demitidas dos trabalhos, deixarem de sair e viver suas vidas.

A grande maioria das mulheres que trabalham precisam deixar seus filhos com familiares, também na maioria das vezes com as avós e irmãs, só 17% dizem que as crianças ficam com o pai ou companheiro enquanto a mãe trabalha. As que deixam com babá ou empregada doméstica são minoria. Para as mulheres trabalhadoras ter filhos é um sacrifício diário, acumulando duplas e triplas jornadas de trabalho para cuidar da família e da casa.

Nessa situação 64% das mulheres dizem que se sentem mal por não passarem mais tempo com os filhos em razão do trabalho. No fim, as mulheres ainda são impossibilitadas de viverem junto aos filhos, os verem crescer e se desenvolver. Toda essa situação mostra claramente como não há igualdade no capitalismo, enquanto as mulheres precisam garantir toda a reprodução da vida, ficam atrelada às casas, é impossível que tenham vida política e social e mesmo que criem e se desenvolvam com os filhos.

O revolucionário russo, Vladimir Lenin, elaborou como toda essa situação feminina desnuda a falência do discurso de igualdade na democracia capitalista, no texto O Poder Soviético e a Situação da Mulher: "A posição da mulher põe particularmente em evidência a diferença entre a democracia burguesa e a socialista e dá uma resposta particularmente clara ao problema que antes levantamos. Em nenhuma república burguesa (isto é, onde existe a propriedade privada da terra, das fábricas, das minas, das ações, etc.) mesmo na mais democrática, em nenhum lugar do mundo, mesmo no país mais avançado, a mulher goza de plena igualdade de direitos".

E segue, "Em palavras, a burguesia democrática promete a igualdade e a liberdade, mas, de fato, até mesmo a república burguesa mais avançada não deu à metade feminina do gênero humano, a plena igualdade jurídica com o homem, nem a libertou da tutela e da opressão deste último. A democracia burguesa é uma democracia feita de frases pomposas, de expressões altissonantes, de promessas grandiloqüentes, de belas palavras de ordem de liberdade e de igualdade, mas, na realidade, dissimula a falta de liberdade e de igualdade da mulher, a falta de liberdade e de igualdade dos trabalhadores e explorados".

Para libertar as mulheres é necessário que o Estado garanta todo o trabalho domestico, legalizar o aborto e garantir a real independência financeira feminina, fato impossível enquanto as mulheres ganham menos. Só é possível essas conquistas por via de uma dura luta contra o capitalismo e os patrões, porque essa luta se enfrenta diretamente com os lucros patronais baseado no não pagamento do trabalho domestico e na redução salarial da mulher baseada na opressão. Assim para libertar realmente a mulher é preciso acabar com o capitalismo e construir uma outra sociedade livre do lucro, da propriedade privada e da exploração.

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