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ELEIÇÕES ARGENTINA | Mendoza: “Contra a casta política, defendamos o voto na Frente de Esquerda”

A grande campanha que a FIT impulsionou nas “PASO” (eleições primárias) de Mendoza, culminou esta quinta em um ato de fechamento de campanha. Junto a candidata a governadora Noelia Barbeito, estiveram presentes referências nacionais da FIT como Nicolás Del Caño, Christian Castillo e Pablo López, além de outros candidatos locais.

sábado 18 de abril de 2015 | 00:00

Acompanhada por cantos entusiasmados, que saudavam aos candidatos “operários e socialistas”, Noelia Barbeito (PTS), assinalou: “estamos culminando a primeira etapa de uma grande batalha”, se referindo as inumeráveis manobras que a esquerda da província de Mendoza precisou enfrentar durante um processo eleitoral de ataques e operações políticas para limitar o desenvolvimento da FIT (Frente de esquerda e dos trabalhadores).

“Faz 32 anos que governam os mesmos, El PJ (partido Justicialista) e a UCR (União Cívica Radical), e eles tem governado para favorecer seus próprios interesses e dos grandes empresários donos desta província. Cornejo está com Macri, Bermejo com Scioli e os dois são filhos do menemismo. ‘Muda mendoza’, que é o que propõe Cornejo, é a Mendoza do ajuste, a Mendoza De Macri e dos empresários. O PJ se apresenta como diferente, mas todos levam aos mesmos candidatos”, disse Barbeito ao fazer uso da palavra.

A candidata da FIT assinalou que “ temos percorrido toda a província e temos encontrado os mesmos problemas”, e denunciou o deplorável estado da saúde e educação da província, os salários de miséria com os quais os trabalhadores não chegam ao fim do mês, as condições em que vivem e trabalham os operários rurais “os mais explorados junto a nossos irmãos imigrantes, as mulheres que sofrem a violência de gênero e os jovens e estudantes que são perseguidos nos bairros e não podem terminar seus estudos”.

No entanto, na província conhecida pelo bom vinho, há algo que segundo Barbeito começa a mudar: “começou-se a romper o mito da Mendoza conservadora”, disse ao se referir à eleição histórica que, em 2013, levou Del Caño ao Congresso Nacional. E também é certo que foi conquistado “não só os votos para a frente de esquerda”. Mas um espaço “por baixo”, assinalou. Começaram a se expressar junto da FIT, milhares de trabalhadores, jovens e mulheres que se colocaram de pé para defender seus direitos como os trabalhadores municipais de Lavalle, os jovens que se levantam conta o ‘gatilho fácil da polícia’ ou as mulheres que começam a organizar-se contra a violência de gênero.

“A Mendoza conservadora é a Mendoza do PJ e da UCR, das classes dominantes que querem manter seus privilégios”, longe da realidade que vive qualquer trabalhador, afirmou Barbeito.

A candidata mendocina contrapôs, os projetos dos partidos tradicionais da província, o projeto que representa a força de esquerda e destacou que em só um ano os legisladores da FIT apresentaram mais de cem projetos “para impor uma agenda dos trabalhadores”, que vão desde a exigência para que todos os funcionários recebam o mesmo que uma professora e a denúncia do “salariaço” dos parlamentares, que recebeu amplo repúdio frente a denúncia da FIT, até a exigência de um salário mínimo igual a cesta familiar [o cálculo do valor necessário para sustentar uma nfamilia, similar ao salário mínimo d DIEESE no Brasil – Nota do Tradutor ], a proibição das demissões, o “passe livre gratuito” para os estudantes e o apoio as organizações socioambientais ou as diferentes iniciativas que buscam dar um fim à violência contra as mulheres.

“Sabemos que todas estas propostas não podem ser alcançadas sem afetar os interesses dos grandes capitalistas donos desta província e é por isto que temos apelado a organização de todos os trabalhadores, as mulheres e a juventude para poder impor nossas demandas. Por isto eles dizem que é difícil legislar com a esquerda, que colocamos sempre ‘paus em suas rodas”, denunciou.

Finalmente, a candidata da esquerda denunciou que tanto o PJ como a UCR-PRO “armaram esta eleição para beneficiarem-se e para prejudicar a Frente de Esquerda”, em alusão a modificação da lei eleitoral das “PASO”, com a qual estes partidos terminaram beneficiando-se, graças a publicidade eleitoral, retirando da FIT os espaços que a ela correspondia; ao uso dos fundos públicos para campanha eleitoral, ao financiamento dos grandes empresários mendocinos que receberam seus candidatos e suas coletoras e as “listas fantasmas” que ambas as forças utilizam para criar confusão e manipular a seu favor a vontade dos votantes.

Neste sentido, Barbeito voltou a denunciar, como fez recentemente frente a Junta eleitoral de Mendoza, que em departamentos como Guaymallén ou Luján de Cuyo há cerca de 50 cédulas, verdadeiras listas fantasmas, que tem seu vereador atrás de um mesmo prefeito para manipular a eleição. “Também advertimos sobre o roubo de cédulas, porque já nos aconteceu: em 2013 a eleição começou com 25% de mesas sem as cédulas da Frente de Esquerda”, quando finalmente a FIT conseguiu derrotar os aparatos eleitorais fazendo uma eleição histórica.
“Este ano fizemos história e conseguimos que a voz da Frente de Esquerda comece a ser escutada. Neste domingo necessitamos novamente que nos ajudem a fiscalizar para defender o voto na frente de esquerda e derrotar aos aparatos eleitorais. Já fizemos em 2013 e voltaremos a fazê-lo”, concluiu a candidata da FIT.

Após Barbeito, ovacionada por todos os presentes, que a acompanharam calorosamente ao som de “deputado dos trabalhadores e agora que a crise seja paga pelos patrões”, fez uso da palavra Nicolás Del Caño. O deputado mendocino disse que ”esta eleição de domingo, como a eleição que houve em Salta, vai marcar uma consolidação da Frente de esquerda e dos trabalhadores, como uma verdadeira
Alternativa. Já vimos isto na eleição de 22 de fevereiro”, na qual, Del Caño se candidatou para a prefeitura da cidade obtendo 14 por cento dos votos, na maior votação executiva que já obteve a esquerda mendocina desde o fim da ditadura militar.

“A frente de esquerda veio para ficar e segue avançando entre os trabalhadores nas fábricas”, disse Del Caño, que chamou os presentes a realizar “um último esforço nesta campanha, para derrotar as manobras deste regime que quer nos silenciar”.

Por sua vez, o dirigente nacional do PTS, Christian Castillo afirmou que “a eleição mendocina é parte de uma luta nacional, na qual as classes dominantes do país, as mesmas que orquestraram o golpe genocida, querem impor uma saída pela direita do Kirchnerismo, quer seja com Scioli ou Randazzo, ou com Massa ou Macri. A FIT desafia a política de ajuste que defendem estes candidatos e levanta um programa para que os capitalistas paguem pela crise, em Memdoza e em todo o país”.

Neste sentido, também assinalou o deputado do PO/FIT Pablo Lopéz, de que “é um grande desafio político” e agregou que “estão todos os trabalhadores do país atentos ao resultado que vai obter a Frente de Esquerda em Mendoza no domingo, como estiveram atentos aos resultados do Partido Obrero em Salta no domingo passado. E isto também coloca a mídia nacional”.
Por sua vez, Héctor Fresina, companheiro de chapa de Barbeito, assinalou que os candidatos do PJ e da UCR/PRO, Cornejo e Bermejo, propõem mais ajuste e destacou: “Contra esta perspectiva, a classe operária tem que seguir se organizando de maneira independente. A Frente de Esquerda tem que seguir expressando esta tendência da classe operária a luta e organização independente. Temos que avançar em consolidar uma alternativa que já está em marcha e que é a Frente de Esquerda.” Neste sentido, Fresina convocou a “romper esta polarização que pretendem”, para “impor a verdadeira polarização: entre os representantes do capital, por um lado, e os representantes da classe trabalhadora, por outro”.

No ato da esquerda, ficou claro que a Mendoza conservadora é a Mendoza dos que querem conservar seus privilégios. Como assinalou Barbeito, a Frente de Esquerda defende a Mendoza profunda, que começou a se “gestar” desde baixo. A eleição das PASO no próximo domingo será um cenário difícil para a FIT, mas só expressará o piso para que a voz dos mais oprimidos e explorados se converta na alternativa política contra o PJ e a UCR/PRO, nas eleições gerais de junho.




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